São cada vez mais os treinadores (e jogadores também) que, sem espaço para desenvolver a sua actividade em Portugal, optam pelo estrangeiro. Seguem para campeonatos, porventura, menos competitivos e atractivos, mas onde podem desenvolver o seu trabalho e, até, ajudar os clubes locais a evoluir e a aprender novas metodologias.
É o caso de Joaquim Teixeira, que decidiu aceitar, no início deste mês, o desafio de treinar o penúltimo classificado do campeonato romeno. A experiência está a agradar ao antigo técnico do Dragões Sandinenses, que acredita ser capaz de trazer algo de novo ao Pandurii, mas, sobretudo, revela uma fé inabalável na capacidade da equipa em sair do fundo da classificação e atingir a almejada manutenção.
«Está tudo a correr muito bem, excepto o facto de terem surgido algumas lesões em jogadores importantes, sobretudo ao nível do meio-campo e do ataque. A comunicação entre todos nós [há várias nacionalidades no plantel] vai-se fazendo aos pouco e estamos todos a adaptar-nos a vários aspectos, mas estou extremamente satisfeito com o comportamento dos jogadores. Pelo que tenho visto e pelos vídeos que cheguei a ver, estou convencido que vamos conseguir atingir a permanência no escalão principal», vaticina o técnico.
O estrangeiro está na moda: descubra as razões
Em relação aos motivos que o levaram a emigrar, embora, em rigor, ainda não tenha sentido a realidade romena, pois o campeonato está na pausa de Inverno, Joaquim Teixeira falou numa questão de oportunidades: «Este é um ciclo. Também já fui jovem e sei que, quando surge uma possibilidade, há que agarrá-la. Como sabemos, o nosso futebol não está em grande forma em termos económicos, somos um país pequeno e há muita oferta, por isso há que aproveitar. A qualidade dos meus colegas, que têm feito bons trabalhos no estrangeiro também contribuiu para abrir portas. Hoje em dia, os treinadores portugueses não ficam a dever nada aos das grandes potências.»
O Campeonato da Roménia, pelo que já percebeu, está uns furos abaixo do português e o técnico acredita que a sua experiência pode ser útil, assim como a dos vários, oito, jogadores contratados no nosso país: «Na verdade, eu não gostaria de levar tantos, mas reconheço que podem trazer uma outra cultura ao clube. Se virem os jogos na Roménia, nota-se que os jogadores têm boa técnica, privilegiam a circulação de bola e entregam-se pelo prazer e criatividade. Já nos aspectos tácticos, há alguma relutância em termos de rotinas de trabalho, e nós queremos mudar um pouco isto para surpreender.»
É no ataque da equipa que Joaquim Teixeira detecta as maiores lacunas, já que o principal marcador, Mihai, tem uma rotura de ligamentos e Piturca, filho do seleccionador da Roménia, não dá para as encomendas. Por isso, o Pandurii continua no mercado à procura de dois avançados e mais um guarda-redes, segundo revelou o técnico português.