Um dos problemas crónicos nos plantéis dos clubes portugueses é a falta de soluções ofensivas. Mais concretamente, de goleadores .

Não deixa, por isso, de ser um pouco estranho ver o que aconteceu nos últimos meses com Joeano: melhor marcador da II Liga na temporada passada, com 24 golos, ajudou o Arouca a subir, pela primeira vez, à Liga principal.

Como «prémio», teve o
desemprego . Não chegou a acordo de renovação com o clube arouquense e passou estes meses todos sem clube. Dá para acreditar?

Propostas até houve, mas nada que o avançado brasileiro considerasse «satisfatório» para si e para a família.

Em julho, quando recebeu o prémio de melhor marcador da II Liga, desabafava: «Se calhar vou ter que voltar a emigrar».

A ideia mostra como o brasileiro está tão ligado já a Portugal. Joeano foi, na última década, um dos melhores marcadores dos campeonatos em Portugal. Foi
concretizador em todas as equipas que representou desde que, no já longínquo ano 2000, chegou ao futebol português.

Pelo meio, teve experiências em Israel (Beitar Jerusalem) e Chipre (Ermis Aradippou), mas sempre com o eixo de referência em Portugal. «Criei raízes por cá, gosto. Tenho família aqui e não me esqueço que foi em Portugal que me lancei na carreira», conta Joeano, em entrevista à
Maisfutebol Total.

A questão é que este generoso atacante brasileiro, já com 34 anos, natural de Fortaleza, teve um percurso atípico. Sempre a marcar, mas com uma ideia de fundo: nunca chegou a dar o salto na carreira que os golos que marcou fariam prever.

Porquê? «Não sei responder. Na verdade, nem sei bem explicar porque não continuei no Arouca. O que posso dizer é me sinto muito bem no futebol português, onde fiz a maior parte da minha carreira», conta Joeano.

O Rio Ave precisava de uma nova solução ofensiva e decidiu apostar. A regulamentação permite a inscrição de um jogador desempregado a qualquer momento e, ainda que essa hipótese não seja acionada de forma muito frequente, ela valeu a Joeano uma nova oportunidade.

Venha mais um

Joeano já passou, no futebol português, por Arrifanense, Esmoriz, Sanjoanense, Académica, V. Setúbal e Arouca. O Rio Ave é agora outro clube a somar ao currículo.

Depois de uma paragem de meio ano, e com os tais 34 a pesarem no BI, será que ainda vai dar para vermos muitos golos de Joeano com a camisola do Rio Ave? O brasileiro não garante que seja igual ao passado, mas promete tentar manter-se num bom nível: «Vamos ver... O tempo passa, mas sinto-me bem. Disse às pessoas do Rio Ave: vou dar o meu melhor».

Namoro antigo

A hipótese Rio Ave já vinha de trás. «Em Maio já tinha surgido essa possibilidade. Sabia que no clube havia quem apreciasse as minhas qualidades, mas na altura não se concretizou. Felizmente, deu para se concretizar agora e não quero desiludir».

Nos últimos meses, Joeano foi-se preparando para um eventual regresso: «Nunca parei de me preparar, claro, fui sempre trabalhando. Mas não é uma situação fácil. Gosto é de jogar».

A palavra de Nuno Espírito Santo terá sido decisiva neste ingresso de Joeano no plantel do Rio Ave, fora da janela de transferências: «Conheço-o há muitos anos, é uma pessoa que sabe muito de futebol. Tem feito um grande trabalho como treinador do Rio Ave e é para mim um prazer juntar-me a esta equipa».

É caso para perguntar, Joeano: quantas vidas terá um goleador?

Joeano e os golos: