A situação de Miguel Veloso continua a apresentar contornos pouco claros. A lesão de Rochemback abre espaço para o regresso do português ao onze. Vítor Hugo Alvarenga defende uma posição de força de Paulo Bento, Pedro Jorge da Cunha lembra que o activo não pode ser desvalorizado. O leitor decide:
1. Última lesão
Acusação (VHA): Este último episódio deve ser encarado como o final da novela. A 3 de Março, Miguel Veloso ultrapassou as dores musculares, refere o Sporting. Entretanto, falhou os embates com Benfica, Bayern de Munique e F.C. Porto. Ao longo deste período, os interessados nem chegaram a perceber de onde vêm as lesões musculares. Em que músculos? No corpo todo? Na perna direita, na coxa esquerda? Paulo Bento admite o desconforto perante o cenário, os médicos têm de aceitar as queixas do jogador mas Miguel Veloso acabou por falhar três compromissos vitais para os leões. No mínimo, desaconselhável.

Defesa (PJC): O único culpado no meio deste imbróglio não pode ser o jogador. É inadmissível que um treinador de um clube profissional saiba pelos jornais qual o quadro clínico de um atleta que trabalha às suas ordens. Dito isto, vamos ao óbvio: o principal prejudicado é Miguel Veloso. Aceito que o comportamento do atleta não esteja a ser o ideal, mas numa situação destas o clube só pode ter duas opções: ou protege Veloso de todo este desconforto ou assume a falta de profissionalismo do jogador. Subterfúgios, encobrimentos, jogos de camuflagem é que não.
2. Treino falhado sem justificação
Acusação (VHA): O plantel do Sporting continua a recordar a falta sem justificação de Miguel Veloso, na manhã seguinte ao encerramento do mercado de transferências. O jogador terá ficado abalado com o fracasso de negociações que perduraram até de madrugada, compreende-se, mas a exigência de representar um clube como o Sporting não permite, ou não deveria permitir, certo tipo de atitudes. Stojkovic e Vukcevic protagonizaram outros casos e pagaram por isso. Veloso tem de ter cuidado.
Defesa (PJC): Concedo: Miguel Veloso não tem razão alguma na falta ao treino. Insisto, porém, noutro ponto: Veloso vai acabar por sair no final da temporada. Se não for devidamente aproveitado nesta fase final da época, acredito que os 15/20 milhões pedidos pelo Sporting aos interessados se tornem numa mera utopia. O jogador tem responsabilidades, mas o clube também. Tantas ou mais do que o próprio jogador.
3. Atitude como lateral
Acusação (VHA): Com Rochemback de fora, Miguel Veloso seria a opção natural para o sector intermediário. Contudo, o último jogo em que participou, um Belenenses-Sporting, deixou duas ideias no ar: Adrien precisa de espaço para crescer e Veloso não pode render apenas quando joga onde quer. Como lateral esquerdo, no Restelo, o internacional português apresentou algumas dificuldades naturais por falta de adaptação e outras pouco naturais, compreensíveis face a queixas recentes pela colocação naquele lugar.
Defesa (PJC): Pessoalmente, nunca gostei de ver Miguel Veloso a actuar no lado esquerdo da defesa. Não tem velocidade, não tem espírito, não tem pulmão para vir a ser algum dia um grande lateral. Talvez Veloso sinta também que a actuar nesse lugar jamais passará da mediania. Compreendo-o, naturalmente, mas não concordo com o seu abatimento. Veloso é profissional, um privilegiado na nossa sociedade e só tem de aproveitar as oportunidades dadas por Paulo Bento. O facto de actuar num lugar em que não gosta apenas atenua a sua (ir)responsabilidade em tudo isto.
«Jogo de opostos» é um espaço de debate semanal sobre temas da actualidade desportiva, entre dois jornalistas do Maisfutebol, Pedro Jorge da Cunha e Vítor Hugo Alvarenga.