FINAL DO JOGO, 0-1. Vitória justíssima do F.C.Porto, dominador durante toda a partida. O Benfica ainda esboçou uma reacção no início da segunda parte, jogando com um pouco mais de velocidade e conseguindo assim passar as marcações contrárias, mas depressa se apagou, mesmo antes de Ricardo Rocha ser bem expulso. A partir daí foi uma série de oportunidades perdidas pelos portistas e a luta dos encarnados, que a única honra que levam daqui é nunca terem baixado os braços. O Campeonato está entregue, o F.C.Porto tem 13 pontos de vantagem sobre o Benfica (na prática 14, porque tem vantagem no confronto directo) e há apenas 30 em disputa.

Livre de Deco, contra a barreira.

Três minutos de descontos.

Jankauskas muito perto de marcar. Centro da direita de Marco Ferreira, depois de infantilidade de Armando, o lituano ainda consegue o desvio à entrada da pequena área, ligeiramente ao lado.

Geovanni ganha um ressalto fora da área do Porto e experimenta o remate, ao lado da baliza de Baía.

O Benfica ataca com tudo, mas o perigo surge na sua baliza. Contra-ataque perigoso, Derlei foge pela esquerda, mas o cruzamento para Jankauskas, sozinho na área, sai demasiado alto.

Substituição no F.C.Porto. Sai Hélder Postiga, entra Jankauskas. O avançado português demora muito tempo a sair, ficando meio minuto parado, nas costas do árbitro, para fúria dos adeptos do Benfica.

Substituição no F.C.Porto. Sai Hélder Postiga, entra Jankauskas. O avançado português demora muito tempo a sair, ficando meio minuto parado, nas costas do árbitro, para fúria dos adeptos do Benfica.

O Benfica cria perigo, Sokota remata cruzado da esquerda, Nuno Gomes prepara-se para finalizar ao segundo poste, mas um defesa do Porto corta no momento certo.

Cartão amarelo para Maniche (F.C.Porto), por falta dura sobre Simão.

Tiro de Deco, contra Hélder.

Jankauskas chamado ao banco do Porto.

Substituição no F.C.Porto. Sai Capucho, entra Marco Ferreira.

Substituição no F.C.Porto. Sai Capucho, entra Marco Ferreira.

Postiga foi assistido depois de se ter magoado em lance com Miguel, mas já recuperou.

Fantástica jogada de Deco, a deixar meia equipa para trás. Só faltou precisão no passe - Capucho estava sozinho na direita, mas a bola saiu com pouca força e Armando ainda conseguiu cortar para canto.

Canto para os portistas, Moreira alivia com o pé, depois de corte de Armando, a bola sobra para Postiga, que remata à meia-volta, ao lado.

Contra-ataque do Porto, que agora tem muito espaço. A bola vai para o meio, para Derlei, que remata de fora da área com o pé esquerdo. Moreira lança-se e desvia para canto.

Nuno Gomes foge em contra-ataque mas está sozinho. O avançado aguenta a oposição e remata de fora da área com o pé esquerdo, à figura de Baía.

Cartão vermelho para Ricardo Rocha (Benfica). O defesa do Benfica deixou passar Postiga e depois, com este isolado, agarrou-se a ele, por trás.

Substituição no Benfica. Sai Petit, entra Andersson.

Substituição no Benfica. Sai Petit, entra Andersson.

Livre de Deco, descaído para a esquerda, a bola passa bastante por cima da baliza de Moreira.

Andersson chamado ao banco do Benfica. Camacho vai esgotar as substituições.

Cartão amarelo para Petit (Benfica).

Hélder outra vez a dormir, permite que Postiga ganhe na área. O avançado remata de pronto, um pouco ao lado.

Canto de Deco na direita, confusão na área do Benfica, a bola acaba por sobrar para Maniche, que atira ao lado.

Jogada individual de Sokota, que demora muito a entregar a bola. Quando o faz, para Geovanni, na direita, o árbitro auxiliar marca fora-de-jogo. Mal.

Substituição no F.C.Porto. Sai Alenitchev, entra Tiago. Mourinho dá mais consistência defensiva ao meio-campo.

Substituição no F.C.Porto. Sai Alenitchev, entra Tiago. Mourinho dá mais consistência defensiva ao meio-campo.

Grande remate de Paulo Ferreira, com o pé esquerdo, um pouco por cima da baliza de Moreira. Muito perigo.

Substituição no Benfica. Sai Argel, entra Armando. Ricardo Rocha passa para central, Armando joga à esquerda. É a tentativa de Camacho de ter um lateral mais ofensivo.

Substituição no Benfica. Sai Argel, entra Armando. Ricardo Rocha passa para central, Armando joga à esquerda. É a tentativa de Camacho de ter um lateral mais ofensivo.

Simão bate o livre na esquerda, Argel consegue tocar de cabeça na área, mas a bola sai ao lado.

Cartão amarelo para Pedro Emanuel (F.C.Porto), por falta sobre Simão quando a bola já tinha passado.

Armando chamado ao banco para entrar na equipa do Benfica.

Equipa médica do Benfica no relvado para ser dada assistência a Ricardo Rocha. Tudo bem com o defesa encarnado.

Bom passe de Nuno Gomes para Simão, que cruza na linha, do lado esquerdo. Baía mergulha e segura bem.

Outra vez problemas para Deco marcar o canto. Chovem ainda mais objectos, entre os quais paus de bandeiras, quando o médio do Porto se aproxima da zona onde estão os Diabos Vermelhos para cruzar a bola.

Deco combina com Capucho, entra na área e ganha a linha, mas o centro rasteiro é defendido por Moreira, para canto.

Cartão amarelo para Deco (F.C.Porto), por entrada sobre Argel quando este já tinha cortado a bola.

Melhor ocasião de golo para o Benfica. Sokota solta Geovanni na direita, o brasileiro entra na área e atira cruzado, Vítor Baía faz uma grande defesa com o pé direito.

O primeiro lance da segunda parte é um bom exemplo das dificuldades do Benfica. Tiago recebe no meio-campo, não tem ninguém a quem dar a bola, vai recuando, cada vez mais pressionado, entrega à queima para Ricardo Rocha, que corta para fora.

Recomeço do encontro.

O F.C.Porto reentra, debaixo de assobios, depois da demora.

Substituição no Benfica. Sai Zahovic, entra Sokota.

Substituição no Benfica. Sai Zahovic, entra Sokota.

Reentra o Benfica, com Sokota em campo.

INTERVALO, 0-1. E podiam ser mais. O F.C.Porto foi absolutamente dominador, entrando de forma pressionante e criando boas oportunidades antes do primeiro golo, da autoria de Deco. Até aí o Benfica, com muitas dificuldades para construir jogo, tinha feito apenas um remate à baliza, um pouco antes, por Nuno Gomes. O golo, justo, abriu o jogo e os portistas massacraram até ao intervalo. O Benfica parece muito nervoso, as marcações e a pressão obrigam a equipa a jogar para trás e a despachar bolas, está muito complicada a tarefa de José António Camacho.

Livre de Petit na direita, Ricardo Rocha tenta disputar a bola com Pedro Emanuel e acaba no chão a pedir penalty.

Outra vez o Porto. Grande passe de Deco, correm Postiga e Derlei, sozinhos, Moreira sai da área, os jogadores embrulham-se, a bola perde-se pela linha final. O árbitro entende que o guarda-redes do Benfica chegou primeiro e defendeu contra Postiga, marca pontapé de baliza.

Quatro minutos de descontos.

«Campeões», cantam os adeptos do F.C.Porto.

Mais uma grande oportunidade para os portistas. Perda infantil de Tiago a meio-campo, deixando Postiga caminhar para a baliza. A bola vai para Derlei, que na área, do lado esquerdo, atira às malhas laterais.

Finalmente, uma jogada com cabeça, tronco e membros do Benfica. Tiago serve Miguel na direita, este tenta o cruzamento rasteiro ao segundo poste, para a entrada de Nuno Gomes, mas a bola sai demasiado profunda, ao alcance de Vítor Baía.

Resposta pronta do F.C.Porto, com mais uma grande ocasião. Postiga trabalha bem na área e remata cruzado, a bola sai um pouco ao lado do poste mais distante.

Grande passe de Zahovic a lançar Geovanni na esquerda. O brasileiro sobe, muda de direcção, procura o pé direito e remata às malhas laterais.

GOLO DO F.C.PORTO (0-1, Deco). Grande passe de Maniche a encontrar Deco na área, o brasileiro remata rasteiro, à saída de Moreira, e inaugura o marcador.

Primeiro remate do Benfica do encontro, mas com muito perigo. Contra-ataque em superioridade numérica, Nuno Gomes progride e remata, a bola sai muito perto do poste esquerdo da baliza de Baía. Mas o avançado tinha colegas soltos na direita, o passe, se fosse bem feito, seria melhor opção.

O árbitro chama a atenção de Geovanni, acusando-o de simular uma falta junto à linha.

O claro domínio do F.C.Porto na partida tem reflexos, também, nos adeptos. Neste momento são os adeptos portistas que cantam, os benfiquistas estão em silêncio.

Cartão amarelo para Argel (Benfica), por falta dura sobre Deco, a meio-campo.

O meio-campo do Benfica a ver jogar, Derlei recebe no centro do terreno e tenta o remate, Argel lança-se e dá o corpo à bola, fazendo a intercepção.

Mais uma boa oportunidade para o F.C.Porto. Centro de Deco na direita, Postiga cabeceia na área, com força, mas ligeiramente ao lado.

Grande intercepção de Miguel, que parte de pronto para o contra-ataque. Tentativa de passe para Nuno Gomes, que apenas chega com a ponta da bota, deixando a bola fugir.

Agora sim. Para fora.

Deco recusa-se a marcar um canto, dado que continuam a chover objectos. Uma carcaça, entre eles.

Livre do lado esquerdo do ataque portista, Alenitchev toca para Deco, que tenta o remate em balão. Moreira defende junto à trave, para canto.

Mais um excelente trabalho de Paulo Ferreira na direita, Miguel, de cabeça, impede ao segundo poste que a bola chegue a Derlei.

Derlei reentra, mas vem a coxear um pouco.

O F.C.Porto começou melhor a partida, dominando territorialmente, instalando-se de armas e bagagens no meio-campo contrário, e dispondo já de uma clara oportunidade de golo. O Benfica sente muitos problemas para construir jogo, face à apertada teia de marcações e de pressão dos portistas.

Bola para fora para ser prestada assistência a Derlei, lesionado.

Cruzamento de Alenitchev da esquerda, bola ao segundo poste, Moreira agarra à segunda, mas sem adversários por perto.

O árbitro chama a atenção a Capucho por pontapear a bola com o jogo interrompido, mas deixa o cartão no bolso.

Hélder, muito lento a reagir, quase permitia que Postiga ganhasse a bola em boa posição. A sua sorte foi que o avançado escorregou.

Hélder faz falta sobre Postiga a meio-campo, o avançado do Porto pede cartão, mas nada. Nem para um, nem para outro...

Números oficiais: 54500 espectadores no Estádio da Luz.

Fora-de-jogo tirado a Simão, junto à linha. Muitos protestos dos adeptos do Benfica, ficam dúvidas.

O F.C.Porto quase marca. Postiga recebe um passe de Alenitchev de costas para a baliza do Benfica, a meio do seu meio-campo, vira-se deixando para trás Argel, progride e consegue o remate, já na área. Moreira toca e amortece a bola, Hélder faz o alívio.

Cartão amarelo para Ricardo Costa (F.C.Porto), por falta sobre Geovanni, impedindo o contra-ataque.

Contra-ataque rápido do Porto, com Paulo Ferreira a subir muito bem na direita e a passar por Ricardo Rocha. O centro é interceptado.

Miguel conduz o ataque do Benfica pela direita e tenta servir Nuno Gomes, que chega um pouco atrasado.

Capucho reentra.

Primeira entrada em campo da equipa médica do F.C.Porto, para assistir Capucho, magoado numa disputa de bola de cabeça.

Começa a partida na Luz. Pontapé de saída para o Benfica, que ataca no sentido sul-norte.

As equipas entram em campo. O estádio, ou o que resta dele, está cheio. Vamos ao futebol.

Fehér vai ver a partida desta noite na bancada. À entrada para o Estádio da Luz, o avançado do Benfica reconheceu que «custa muito ficar de fora» e falou na necessidade de «torcer pelos colegas». O facto de o adversário dar pelo nome de Futebol Clube do Porto, o seu anterior clube, pouco lhe diz. «O mais importante é jogar perante as quarenta ou cinquenta mil pessoas e ganhar. Nunca pensamos o que vai acontecer se perdermos. Se perdermos não acontece nada, a equipa está a trabalhar bem.»

Roger, um dos ausentes por lesão no Benfica, hesita no prognóstico: «2-1 ou 3-1», diz. Quem marca? «Pode ser qualquer um. Talvez o Simão, para manter a liderança da lista dos artilheiros. Ou o Tiago, que também tem estado bem, ou o Nuno.»

Com tudo isto, o onze que o F.C.Porto apresenta é muito diferente do que na última jornada venceu o Beira Mar: Jorge Costa, Deco e Derlei regressam à equipa depois de castigo, ocupando as vagas deixadas em aberto por Ricardo Carvalho, Mário Silva e César Peixoto, todos relegados para o banco. No banco é também novidade a presença de Tiago, recuperado de lesão.

Surpresa no onze do F.C.Porto: Mário Silva vai para o banco, Ricardo Costa está no onze e deverá o ser lateral-esquerdo. Mourinho prefere apostar na segurança defensiva do central (que actuou a lateral-direito nas duas últimas partidas, com nota bem positiva) para ajudar a travar os alas encarnados. Destaque também para a ausência de Costinha do banco. O médio esteve lesionado, foi convocado mas acabou por ser preterido. Sem surpresa, o outro convocado que verá o jogo da bancada é Clayton.

Nenhuma surpresa na equipa do Benfica. José António Camacho repete o onze das últimas jornadas, como já tinha dado a entender, aliás. Em relação à partida da última jornada, em Setúbal, há apenas uma alteração, e no banco: Cristiano, lesionado, cede o seu lugar a Tiago Carvalhinho.

F.C.PORTO: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa «cap.», Pedro Emanuel, Ricardo Costa, Deco, Maniche, Alenitchev, Capucho, Hélder Postiga e Derlei. Suplentes: Nuno, Ricardo Carvalho, Mário Silva, Tiago, Marco Ferreira, Jankauskas e César Peixoto.

BENFICA: Moreira, Miguel, Argel, Hélder, Ricardo Rocha, Petit, Tiago, Geovanni, Zahovic, Simão «cap.» e Nuno Gomes. Suplentes: Bossio, Armando, João Manuel Pinto, Tiago Carvalhinho, Andersson, Drulovic e Sokota.

O F.C.Porto termina o aquecimento e recolhe aos balneários. Pouco depois é o Benfica a fazê-lo. O início da partida aproxima-se a passos largos.

Pinto da Costa está a ganhar nos cumprimentos, independentemente da cor partidária. Agora foi saudado pelo ministro Marques Mendes e por Paulo Teixeira, presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva. Fernando Seara, Fialho Gouveia e Cunha Leal també já estão na Luz.

Agora é a equipa do Benfica que entra em campo para o aquecimento. O ambiente explode, mas acalma pouco depois.

Entrada em campo da equipa portista. Faz-se sentir um pouco daquilo que ficou conhecido como «inferno da Luz». Costinha, regressado de lesão, não está entre os jogadores que efectuam o aquecimento e não vai iniciar a partida.

Fernando Gomes, o «bibota» de ouro, espera «com toda a naturalidade uma vitória do F.C. Porto». O antigo «dragão» não vacila: «Uma vitória do Benfica animaria o campeonato, mas acabaremos por ser campeões.»

Os guarda-redes, como é habitual, são os primeiros a subir ao relvado para o aquecimento. Primeiro Moreira, muito aplaudido, depois Vítor Baía, muito assobiado, mas com alguns cânticos de incentivo vindos do topo norte a fazerem-se ouvir.

O ambiente do estádio está ao rubro. Benfiquistas e portistam cantam, saltam, entram em despique. A onda dá espectáculo, o estádio está praticamente cheio, começa finalmente a sentir-se o clássico.

Continuam a chegar à Luz os autocarros dos adeptos portistas, num processo lento, que tem decorrido sem incidentes de maior, se descontarmos as provocações verbais dos adeptos «encarnados».

José Augusto, velha glória benfiquista, já fala com saudade da Luz. Enquanto vai torcendo por um Benfica que considera «forte fisicamente e a subir de rendimento», deixa o desejo de «um excelente jogo, para além da saudade que já se sente».

Começam a chegar os ditos VIP. O ex-ministro Armando Vara foi cumprimentar Pinto da Costa, que continua junto ao balneário do visitante, e aliás já esteve muito perto do presidente da SAD benfiquista, Luís Filipe Vieira. De resto o caminho das «personalidades» passa ao largo dos jornalistas, do lado de lá das grades.

Os autocarros das claques portistas estão a chegar, os adeptos vão saindo, rodeados de um fortíssimo cordão policial.

O seleccionador nacional, Luiz Felipe Scolari, chega ao Estádio da Luz quando falta pouco mais de uma hora para o início do jogo.

A mais de uma hora do início da partida, o Estádio da Luz está quase cheio, havendo apenas clareiras na zona dos cativos do Benfica, nos topos e junto à claque do F.C.Porto - que já se envolveu em «trocas de galhardetes» com os adeptos do Benfica. A polícia colocou os portistas no primeiro e segundo aneis do topo norte, mas por cima estão benfiquistas, e já houve trocas de garrafas de água e outros objectos, embora não haja notícias de que houvesse gente com sede.

O adepto que foi ferido, aparentemente atingido por uma pedra, recebe assistencia junto a uma ambulância.

O adepto que estava rodeado pela polícia foi mesmo detido, tendo sido transportado para fora do estádio.

Houve algumas pessoas identificadas, entre as quais o adepto que a polícia afastou aquando da chegada do autocarro do F.C. Porto, que está rodeado por alguns agentes. Terão sido lançados objectos na altura da chegada do F.C. Porto, e os agentes à paisana, em grande número no meio dos adeptos, terão identificado os autores.

Junto àquela que é agora a única entrada do estádio há um adepto ferido. É um homem de meia-idade, com o cachecol do Benfica em torno da cabeça, que espera a chegada de uma ambulância há vários minutos.

O autocarro do F.C. Porto estacionou junto à entrada principal da Luz às 19h37, depois de algumas dificuldades para parar, porque o autocarro do Benfica estava a fazer manobras para estacionar. Mourinho foi o primeiro a sair, seguiu-se Silvino, dois homens com passado na Luz. O técnico e Pinto da Costa, o presidente do clube, foram os mais assobiados.

O autocarro do F.C. Porto entrou no estádio cinco minutos depois do veículo que transportava a equipa do Benfica. No meio dos insultos, houve um adepto puxado para trás pela polícia.

Os jogadores do Benfica sairam muito rapidamente do autocarro rumo ao balneário. Primeiro Shéu, depois Camacho, Nuno Gomes foi o primeiro jogador a descer, Tiago e Simão os mais aplaudidos, Argel fechou a comitiva.

O autocarro da equipa do Benfica entra agora no recinto do estádio, saudado à passagem pelos gritos de apoio dos adeptos «encarnados».

Desta vez, os operários que trabalham no estádio novo não poderão aproveitar para ir espreitando o que se passa no relvado. Foram dispensados à hora de almoço, informou Mário Dias.

Mário Dias, vice-presidente responsável pelo estádio, mostra-se tranquilo, antes da despedida dos jogos grandes na Luz. «A demolição do estádio está tratada há muito tempo. Foi uma determinação dos sócios», diz. «Vivi aqui muitos momentos de grande alegria e euforia, mas também momentos tristes», recorda, para deixar a esperança de «viver muitas alegrias» no novo estádio.

Não é fácil ser adepto do F.C. Porto na Luz. Já houve mais do que um cachecol azul-e-branco roubado no meio da confusão. A polícia intervém, afastando uns dos outros.

O clássico também tem menos ambiente do que noutros tempos, agora que as obras afastaram as barracas de comes e bebes para mais longe do estádio. O principal local de concentração é agora a estação de serviço junto ao estádio.

A entrada nas portas do estádio processa-se com normalidade, sem grandes engarrafamentos.

Muitos adeptos parecem ter seguido as recomendações da polícia para utilizar os transportes públicos. O trânsito na Segunda Circular está congestionado, mas circula-se com alguma regularidade.

Junto ao local onde devem chegar os autocarros dos adeptos portistas começam a juntar-se muitos agentes da polícia.

O árbitro António Costa chegouà Luz às 19h05, com batedores da polícia a abrir caminho. À entrada disse algumas palavras, para pedir um bom espectáculo. «Estou tranquilo. Espero acima de tudo que seja um bom espectáculo», disse, convicto de que não se vão repetir incidentes como os que envolveram jogadores portistas e Simão no clássico das Antas. «Os jogadores já reflectiram. Espero que não volte a acontecer», afirmou, reafirmando a tranquilidade antes daquele que, lembra, será o seu quinto jogo grande.

Já há vários adeptos do F.C. Porto dentro do estádio, que vão sendo «mimados» com palavras pouco simpáticas pela maioria de benfiquistas. A chegada dos 30 autocarros que transportam a maioria dos elementos das claques portistas só está prevista para mais tarde.

O Carnaval está de facto a passar praticamente ao lado da Luz, depois das recomendações policiais contra o uso de máscaras. Ainda assim, já se viu passar na Luz um Diabo no feminino e um jovem Ninja, ambos vestidos a rigor, mas com a cara reconhecível. Além de muitos rostos pintados com as cores do clube favorito, como habitual.

Além dos clubes estrangeiros, também há representantes da imprensa internacional na Luz. As agências Associated Press e Reuters marcam presença, para levar a informação do clássico a todo o Mundo. Há ainda a televisão grega Super3, o angolano Jornal dos Desportos e o polaco Pitka Nozna.

Apesar da hora prevista de abertura de portas no Estádio da Luz ser às 18.30, já há gente a entrar no interior do recinto, por algumas entradas que, face à aglomeração de pessoas, anteciparam essa abertura.

A última vitória do F.C.Porto na Luz foi em 1996/97, por 2-1. Jardel e Jorge Costa marcaram os golos, que precipitaram a saída de Paulo Autuori, à altura treinador do Benfica. Desde aí, três vitórias para os encarnados e dois empates, o último dos quais a zero, na <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=270&mf_id=3855&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">época passada<a/>.

Já não há bilhetes para o Benfica-F.C.Porto desta noite, confirmando-se a lotação esgotada prevista há muito. Os últimos 500 ingressos para sócios encarnados já voaram, confirmou João Salgado, director do Benfica, pelo que quem não tiver bilhete escusa de se deslocar ao Estádio da Luz.

Uma das curiosidade para o encontro desta noite é o <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=445&mf_id=73231&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">regresso de Maniche e Jankauskas <a/>à Luz. Os dois jogadores trocaram no início da época o Benfica pelo F.C.Porto e será a primeira vez que regressam ao recinto encarnado. José Mourinho também orienta uma equipa na Luz pela primeira vez depois de ter abandonado o Benfica. O jogo, aliás, permite o reencontro de vários jogadores com as suas antigas equipas: Tiago, médio do F.C.Porto, jogou no Benfica onde chegou pela mão de Manuel José; Argel, Zahovic, Drulovic e João Manuel Pinto vestiram vários anos de azul e branco e equipam agora de vermelho.

Os cachecóis vão tendo bastante saída, mas só os do Benfica. Entre 7 euros e 50 e dez euros, são os produtos mais procurados junto dos vendedores ambulantes, mas o facto de estar ainda pouca gente do F.C.Porto no estádio faz com que a procura de produtos azuis e brancos seja muito reduzida. O contingente policial na Luz já foi reforçado, mas ainda há viaturas da polícia presas no trânsito, cada vez mais complicado, junto às bombas de gasolina.

O Panathinaikos, adversário do F.C.Porto nos quartos-de-final da Taça UEFA, vai estar representado no Estádio da Luz, em missão de espionagem dos azuis e branco. Também solicitaram convites para o Benfica-F.C.Porto os espanhóis do Deportivo da Corunha e do Celta e os italianos do Parma.

Muitos dos olhares desta tarde irão para o banco do Benfica, mais concretamente para o número 53. É esse o número de Tiago Carvalhinho, lateral-esquerdo dos juniores chamado com surpresa para o clássico. Luís Roquette, treinador dos juniores (e que curiosamente ajudou a lançar Paulo Ferreira, lateral-direito do F.C.Porto, no Estoril), <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=327&mf_id=73208&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">traça o perfil</a> do jovem russo que dá uns ares (físicos, pelo menos) a Stefan Schwarz.

O jogo desta noite assinala momentos históricos para os dois pontas-de-lança titulares: Nuno Gomes faz 200 jogos no Campeonato, Hélder Postiga chega aos 50. O Maisfutebol recorda-lhe os momentos especiais <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=327&mf_id=73201&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">da carreira</a> dos dois internacionais portugueses no primeiro escalão do nosso futebol.

O trânsito nas imediações do Estádio da Luz está já muito complicado, mais complicado ainda está estacionar os veículos. As filas de carros na berma vão já junto às Torres de Lisboa, onde ficaram os autocarros que trouxeram adeptos benfiquistas de São João da Madeira, Landim e Tondela. No interior do recinto um carro a ser rebocado, por estar estacionado de forma que impedia o autocarro da Casa do Benfica de Murtosa de passar, entreteve muita gente. A polícia ainda não está em grande número, dado que ainda não chegaram as viaturas do corpo de intervenção; o contigente deverá ser reforçado antes da chegada dos 30 autocarros que trazem as claques do F.C.Porto.

A quatro horas do início da partida, as imediações do Estádio da Luz são já um mar vermelho. Há muita gente a concentrar-se junto às entradas do recinto, muito embora a abertura das portas vá acontecer apenas daqui a pouco menos de uma hora. As lojas do Benfica estão também cheias, com filas de pessoas para poder ver e comprar os produtos do clube, que vão sendo controladas por seguranças.

As duas equipas encontram-se em estágio em hotéis de Lisboa, de onde sairão ao início da noite para a Luz. A manhã foi calma, os «encarnados» fizeram um treino ligeiro de descompressão nas traseiras do hotel, os «dragões» deram um passeio pelo parque Eduardo VII.

O tempo promete colaborar. As previsões apontam para céu pouco nublado, vento fraco, temperatura máxima de 15 graus. Para o fim do dia admite-se aumento da nebulosidade, mas nada de alarmante.

Do lado do F.C. Porto, o principal destaque vai para a chamada de Costinha, de regresso aos convocados após quase um mês de baixa. Nuno Valente e Secretário ainda ficam de fora por lesão, Paulinho Santos e Buzsaky por opção, Jorge Costa e Deco regressam ao campeonato depois de cumprirem castigo. Mourinho viajou para Lisboa com <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=1826&mf_id=73209&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">20 jogadores</a>.

Voltando aos protagonistas. O júnior Tiago Carvalhinho é estreia absoluta e a óbvia novidade na <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=327&mf_id=73196&mf_club=0&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">convocatória</a> do Benfica. Com a garantia de se sentar no banco, visto que integra uma lista de 18 jogadores. Fehér, Roger e Mantorras, a recuperar de intervenções cirúrgicas, são baixas por lesão, num boletim clínico que integra ainda Cabral, Cristiano e Carlitos.

A propósito, nunca é de mais lembrar: a polícia apela a que os adeptos usem preferencialmente os transportes públicos. O conselho é sempre avisado, mas ainda mais quando as imediações do estádio estão condicionadas pelas obras de construção do novo recinto.

Jogo grande é também jogo de risco. O clássico mobilizará mais de 500 agentes e terá segurança reforçada. Com um dado novo, em plena terça-feira de Carnaval: não são permitidas máscaras que impeçam o reconhecimento visual. Nem objectos contundentes.

O peso efectivo e simbólico do encontro teve correspondência na corrida às bilheteiras. Os ingressos para o público em geral esgotaram cedo, os bilhetes reservados a adeptos portistas também já acabaram, restam apenas alguns para sócios do Benfica. Cerca de 500, contas actualizadas esta manhã. Esperam-se portanto mais de quarenta mil pessoas na Luz.

O Benfica tem 15 vitórias, cinco empates e três derrotas, a última das quais a 16 de Novembro, frente ao Varzim. Desde então os «encarnados» levam 12 jogos sem perder, o primeiro com Chalana no banco, os seguintes já com Camacho no comando da equipa. A equipa da Luz «aqueceu» para o clássico com um jogo de loucos em Setúbal, onde venceu por 6-2, depois de ter estado a perder por 2-0.

Do passado para o presente, o F.C. Porto chega à Luz, já se sabe, em excelente posição, numa época em que apenas perdeu um jogo, empatou três e soma 19 vitórias, 13 das quais consecutivas. Antes do clássico, os portistas apuraram-se em estilo para os quartos-de-final da Taça UEFA. Na última partida para o campeonato venceram o Beira Mar por 3-0.

A história dos confrontos entre as duas equipas em casa do Benfica sorri aos «encarnados». Em 68 confrontos, o Benfica venceu 39, o F.C. Porto ganhou nove. Números que pode recordar <a href="http://www.maisfutebol.iol.pt/futb/mf_editoria?mf_edi=327&mf_id=73151&mf_club=3&num_jog=0&p_sondagem=0&p_voto=0">aqui</a>.

Será o adeus do cenário que foi durante quase 50 anos palco privilegiado dos confrontos e da rivalidade crescente entre os dois grandes. Desde o primeiro dia, a 1 de Dezembro de 1954, quando o F.C. Porto foi convidado de honra para a inauguração do recinto dos «encarnados».

Não era preciso mais para rodear este clássico da maior expectativa, mas o significado do momento não fica por aqui. Este será o último encontro entre os antigos rivais no velho Estádio da Luz. Será, aliás, o penúltimo encontro de sempre no actual recinto, que entra na fase final de demolição daqui por três semanas, depois do Benfica-Santa Clara.

Os dados são conhecidos. O F.C. Porto lidera a Superliga com 10 pontos de vantagem. Se o Benfica vencer reduz a distância para sete pontos, quando ficam a faltar dez jornadas para o final, e pode voltar a sonhar com o assalto ao comando. Um empate mantém a diferença, uma vitória portista estende-a para longos 13 pontos.

É hoje. Benfica e F.C. Porto discutem aquele que deve ser o último tira-teimas na decisão do título de campeão nacional 2002/2003. O pontapé de saída está marcado para as 21h15, mas pode desde já acompanhar todas as emoções do clássico do Maisfutebol. Fique ligado.