COMENTÁRIO - Um grande jogo de futebol - convém dizê-lo antes do resto - fica a marcar a provável despedida do Benfica da luta pelo título. A vitória do F.C. Porto assenta numa segunda parte revolucionada pela entrada de Alenitchev, que pôs fim à solidão criativa de Deco e libertou Capucho e Cândido Costa. A partir daí o Benfica não conseguiu ser tão compacto e eficaz como no primeiro tempo, mas sai das Antas com a sensação de ter feito, muito provavelmente, a sua melhor exibição em tempos recentes.

FINAL DO JOGO, 3-2

Armando salva bem uma hesitação de Júlio César e consegue ganhar a bola a Capucho, em velocidade, quando o extremo portista se aproximava, perigosamente, da grande área.

Desde a expulsão de José Mourinho, as indicações dadas aos jogadores do F.C. Porto têm partido de Aloísio.

O Benfica pressiona, mas sem resultados práticos. O F.C. Porto está a defender bem.

Substituição no F.C. Porto. Sai Cândido Costa, entra Costinha.

Substituição no F.C. Porto. Sai Cândido Costa, entra Costinha.

Substituição no Benfica. Sai Tiago, entra Ednilson.

Substituição no Benfica. Sai Tiago, entra Ednilson.

Cartão amarelo a Fernando Aguiar (Benfica), por derrube a Capucho.

Pena falha um golo escandaloso, porque colocou mal o pé na bola. Rematou a medo, depois de excelente jogada de Cândido Costa, no lado esquerdo, que assiste bem o brasileiro em posição frontal.

Sempre que Drulovic toca na bola ouve muitos assobios. Os portistas não gostaram da sua transferência para o Benfica.

Remate disparatado de Drulovic, depois de ter tirado um adversário pelo caminho, após boa iniciativa individual no flanco direito. No pontapé, a bola sai perto da bandeirola de canto.

De muito longe, Mantorras remata fortíssimo à baliza, mas a bola sai ao lado da baliza do F.C. Porto.

Cartão amarelo a Simão (Benfica), por protestar a decisão do árbitro. O avançado «encarnado» pedia a marcação de uma grande penalidade, pois, no seu entender, tinha sofrido falta, dentro da grande área, de Jorge Andrade.

Deco, na cobrança de um livre directo a escassos metros da linha limite da grande área, coloca a bola por cima da baliza à guarda de Enke.

O árbitro do jogo diz para José Mourinho, treinador do F.C. Porto, sair do banco do suplentes. Expulsão para o técnico portista por protestar uma decisão do árbitro, alegadamente contra o F.C. Porto.

Quase do meio-campo, Simão tenta um cruzamento, em jeito de chapéu, mas a bola sai muito por cima da baliza à guarda de Vítor Baía.

Substituição no Benfica. Sai Zahovic, entra Drulovic.

Substituição no Benfica. Sai Zahovic, entra Drulovic.

Substituição no Benfica. Sai Andersson, entra Fernando Aguiar.

Substituição no Benfica. Sai Andersson, entra Fernando Aguiar.

Substituição no F.C. Porto. Sai McCarthy, entra Pena.

Substituição no F.C. Porto. Sai McCarthy, entra Pena.

GOLO DO BENFICA (3-2, POR MANTORRAS). Iniciativa individual de Jankaukas, no flanco esquerdo, que coloca a bola nos pés de Mantorras. Um remate sem hipóteses de defesa para o guarda-redes do F.C. Porto.

GOLO DO F.C. PORTO (3-1, POR CAPUCHO). Chapéu do médio azul e branco, que vê bem o adiantamento do guarda-redes do Benfica e pica-lhe a bola no bico direito da grande área. Bom passe de McCarthy para Capucho.

Em posição frontal à baliza, a cerca de 20 metros, Deco marca um livre em força, mas a bola vai ao encontro do guarda-redes Enke.

GOLO DO F.C. PORTO (2-1, POR ALENITCHEV). Excelente remate do médio russo, à entrada da grande-área. Passe de Deco, que marca um canto à maneira curta, e coloca a bola no colega, que passa bem por Zahovic e ganha posição para se enquadrar com a baliza.

Recomeça o jogo. Sai o F.C. Porto.

Substituição no F.C. Porto. Sai Pavlin, entra Alenitchev.

Substituição no F.C. Porto. Sai Pavlin, entra Alenitchev.

Segundo os números oficiais do F.C. Porto estão 46.265 espectadores nas Antas. A capacidade actual do estádio é de 48 mil.

INTERVALO. Começou muito bem o clássico das Antas, com o F.C. Porto a encontrar oposição à altura num Benfica que surgiu com rosto ofensivo e descomplexado. O golo de Simão perturbou os portistas, que a partir dos 20 minutos perderam lucidez na movimentação ofensiva. O limitado aproveitamento dos flancos - especialmente do esquerdo, onde há mais espaços - fez com que o golo do empate chegasse numa iniciativa individual de Deco, conduzida pelo centro. Não por acaso: o brasileiro tem sido o mais inspirado no meio-campo portista, diante de um Benfica que teve nesse lance a primeira falha no «pressing» defensivo.

O F.C. Porto ganha outro ânimo. Um cruzamento de Paredes é concluído com uma cabeçada de Jorge Andrade por cima da trave.

GOLO DO F.C. PORTO (1-1, POR DECO). Grande arrancada do número 10 do F.C. Porto, que recupera uma bola no grande círculo, avança cerca de 25 metros e bem de fora da área, quando se esperava o passe para McCarthy, que arrastou os centrais, desferiu um remate fortíssimo e rasteiro, que entra pelo lado esquerdo de Enke.

Falta eficácia nos flancos ao F.C. Porto. Cândido Costa tem sido anulado por Caneira e Capucho não mostra muito à vontade na esquerda, apesar de alguma insegurança revelada por Armando.

Depois de 20 minutos iniciais de excelente nível, o jogo tornou-se agora mais confuso, em grande parte devido a alguma perturbação dos portistas, que já não conseguem ter a mesma objectividade nos passes.

Cartão amarelo a Pavlin (F.C. Porto) por protestar uma decisão do árbitro.

Livre para o F.C. Porto na meia-direita. Pavlin faz um cruzamento em arco, Ricardo Silva não chega a tempo do desvio e acaba por chocar com Enke, que já tinha a bola nas mãos.

Armando é para já o jogador do Benfica menos inspirado. Já por duas vezes teve espaço para cruzar, mas a bola saiu sempre sem direcção. Do lado portista, Pavlin alterna bons pormenores com lances confusos.

Cartão amarelo a Secretário (F.C. Porto), por derrube a Simão.

O F.C. Porto tenta reagir ao golo, mas o Benfica está a conseguir ocupar bem os espaços a meio-campo. Capucho ganha um canto após cruzar contra as pernas de Jankauskas, que recuou para ajudar a defesa.

GOLO DO BENFICA (0-1, POR SIMÃO). Mantorras lança Andersson na direita, o sueco cruza rasteiro, Zahovic falha o remate, mas a bola vem para o lado esquerdo, onde Simão remata de primeira, rasteiro, com o pé direito, batendo Baía.

Bom início de jogo, com as duas equipas a cumprirem a promessa de apresentar esquemas ofensivos. Começou melhor o Benfica, mas o F.C. Porto, ao fim de cinco minutos, conseguiu encontrar fragilidades na defesa encarnada e já criou os lances mais perigosos.

Primeira grande oportunidade do jogo: um canto na esquerda é desviado por Pavlin ao primeiro poste, Paredes, mais atrás, cabeceia à trave. Enke estava batido.

Primeiro canto a favor do F.C. Porto, após corte de João Manuel Pinto a cruzamento de Soderstrom. Deco tenta marcar directo, a bola sobrevoa a baliza e sai sem perigo.

Definidos os primeiros duelos no que se refere a marcações: Tiago/Deco, Andersson/Pavlin, Zahovic/Paredes. Ricardo Silva é quem vigia Jankauskas, enquanto McCarthy tem João Manuel Pinto como principal polícia.

Um pontapé longo de Baía quase isola McCarthy, após hesitação de Júlio César. Enke sai da área para resolver.

Secretário, com um excelente corte, interrompe uma escapada perigosa de Simão.

O primeiro livre e o primeiro remate do jogo pertencem ao F.C. Porto. Sem perigo.

Começou o jogo. Saiu o Benfica.

Vítor Baía e Enke trocam os cumprimentos da praxe. Dois guarda-redes a capitanear as equipas, num conjunto de coincidências que regista também um sueco (Soderstrom e Andersson), um esloveno (Pavlin e Zahovic) e um brasileiro (Deco e Júlio César) para cada lado.

Entrada em campo das três equipas, ainda com muito fumo no relvado. João Ferreira, de Setúbal, é o árbitro do encontro. É a primeira vez que este militar de profissão vai dirigir um clássico do futebol português.

Um fogo de artifício entretém os espectadores nos últimos instantes que antecedem a entrada das equipas.

O «speaker» de serviço anuncia a constituição das equipas. Quando chega a vez do F.C. Porto limita-se a dizer o número da camisola, e o público grita os nomes em coro. Está mesmo um ambiente digno dos grandes jogos.

Do lado do Benfica, tudo também estava mais ou menos no programa. Andersson ocupa o lugar que até aqui tinha pertencido a Fernando Aguiar, e há um triângulo ofensivo no apoio a Jankauskas formado por Simão, Mantorras e Zahovic. Drulovic fica no «banco», mas será seguramente chamado a intervir no encontro neste seu regresso às Antas.

Não há propriamente grandes surpresas nos «onzes». Do lado do F.C. Porto, Mourinho mantém a aposta em Pavlin no meio-campo, e vai tentar resolver a falta de eficácia no flanco esquerdo deslocando Capucho para esse lado. Cândido Costa será, em princípio, o extremo-direito. McCarthy é, como já se previa, o homem mais avançado.

BENFICA: Enke; Armando, João Manuel Pinto, Júlio César e Caneira; Tiago e Anderson; Mantorras, Zahovic e Simão; Jankauskas. Suplentes: Moreira, Drulovic, Ednilson, Porfírio, Andrade, Fernando Aguiar e Pepa.

F.C. PORTO: Vítor Baía, Secretário, Ricardo Silva, Jorge Andrade e Soderstrom; Paredes, Deco e Pavlin; Cândido Costa, McCarthy e Capucho. Suplentes: Paulo Santos, Costinha, Alenitchev, Paulinho Santos, Pena, Hélder Postiga e Ricardo Costa.

18.14: Tremenda assobiadela para Robert Enke que entra no relvado principal para iniciar o aquecimento juntamente com Moreira. O guarda-redes vai saudar a claque encarnada, que tem um sector reservado na Superior Norte.

18.20: É a vez de Vítor Baía entrar para o aquecimento, por entre muitos aplausos. O estádio das Antas tem nesta altura cerca de 2/3 da lotação preenchida.

A uma hora do pontapé de saída as bancadas das Antas estão já bem compostas, a caminho da meia casa. A promessa de lotação esgotada deve mesmo cumprir-se, atendendo ao movimento que se regista nos acessos.

A metereologia ameaçava nevoeiro ao cair da noite, mas para já essa parece uma ameaça distante, uma vez que o céu está gloriosamente limpo.

17.40: Os últimos jogadores do Benfica que ainda estavam no relvado regressam ao balneário. Há assobios fortes por parte dos adeptos portistas, gritos de apoio da claque encarnada. Jorge Andrade cumprimenta os seus adversários um por um, Cândido Costa detém-se à conversa com Tiago, seu companheiro da selecção de sub-21. É saudável e bonito de ver.

Primeira grande ovação nas bancadas: Cândido Costa, McCarthy e Jorge Andrade são os primeiros jogadores do F.C. Porto a pisar o palco do encontro esta tarde, ainda em fato de treino. Descontrair é neste momento a palavra de ordem para os jogadores dos dois lados.

Desaparecem os últimos raios de sol atrás da Superior Sul. Dentro de poucos minutos será preciso ligar a iluminação artificial.

Com Jesualdo Ferreira à cabeça, a maior parte da equipa «encarnada» abandona o relvado em direcção aos balneários. Só meia dúzia de resistentes opta por mais uns minutos de conversa aparentemenre descontraída no banco de suplentes.

Os bombeiros entraram em acção há poucos minutos, transportando para o hospital um jovem adepto do F.C. Porto que ainda fora do estádio foi vítima de uma indisposição que o levou a perder os sentidos.

O autocarro do F.C. Porto chegou dois minutos antes das 17.30, provocando a primeira grande onda de entusiasmo no exterior do estádio.

Pelas 17.20, os jogadores do Benfica assomaram à boca do túnel - ornamentada com um dragão de grandes dimensões - para um primeiro contacto com a relva e o ambiente. Em fato de treino, os jogadores dirigiram-se lentamente ao banco destinado aos visitantes, enquanto Jesualdo Ferreira e Chalana ficaram a trocar impressões no grande círculo.

Sensivelmente à mesma hora começaram a instalar-se na Superior Norte os primeiros elementos da claque de apoio ao Benfica, obviamente recebidos com apupos. Foi o primeiro momento em que as claques - ainda em número reduzido, apesar do grande movimento no exterior do estádio - ensaiaram os primeiros cânticos de apoio.

Por volta das 17.15 chegou ao estádio o autocarro que transportava a equipa do Benfica. A recepção foi a habitual nestes jogos: muitos apupos, mas nada de mais significativo do que uma ou outra garrafa de plástico arremessadaem direcção aos vidros.

Depois do jogo, Pavlin e Zahovic viajam juntos para Hong-Kong, onde irão defender as cores da selecção eslovena diante das Honduras.

Ausências no Benfica: Argel, Carlitos, Cabral, Rui Baião e Sokota (lesionados).

Ausências no F.C. Porto: Mário Silva, Paulo Costa e Ricardo Carvalho (todos por lesão); Rubens Júnior, Ibarra, Rafael e Pedro Espinha (opção técnica).

Este será o clássico dos regressos: João Manuel Pinto, Drulovic e Zahovic voltam a pisar o relvado de um estádio que já foi deles. Os três já defenderam as cores do F.C. Porto, mas o destino levou-os para o rival Benfica. Serão assobiados? Só mais tarde se saberá a resposta.

Por falar em pontas-de-lança, o grande trunfo do Benfica será Jankauskas, poderoso avançado lituano emprestado ao clube da Luz pela Real Sociedad. Depressa fez esquecer Pedro Mantorras, sacrificado jornadas a fio numa posição que nunca foi sua, dando a entender ser bastante poderoso na hora de rematar à baliza. Os centrais do F.C. Porto que se cuidem...

No F.C. Porto, Benny McCarthy deve ser titular no eixo do ataque. Num curto espaço de tempo, conquistou o coração dos adeptos e é visto como um ponta-de-lança letal na hora de rematar à baliza. Espera-se dele aquilo que Pena raramente tem sido: uma máquina de golos.

Nos últimos 25 anos, o Benfica apenas conseguiu duas vitórias no Estádio das Antas: na temporada, 76/77 venceu por 1-0 e em 90/91 carimbou a conquista do título com um triunfo de 2-0. De resto, a história tem sido escrita em tons azuis e brancos, à excepção de cinco empates.

O Benfica assentou arraiais num hotel de Espinho, aliás como costuma ser habitual quando joga no Norte do país. A comitiva «encarnada» deve rumar ao Estádio das Antas pouco antes das 17 horas para chegar ao recinto minutos depois do F.C. Porto.

A equipa do F.C. Porto encontra-se numa unidade hoteleira da cidade, mais concretamente na zona da Boavista. Por volta das 17 horas, deve chegar ao Estádio das Antas, onde se espera casa cheia, ou seja, cerca de 47 mil espectadores. Apesar deste clássico não ter a importância de outros tempos, porque nenhum dos dois rivais está na liderança do campeonato, continua a alimentar a paixão dos adeptos.

A cerca de três horas e meia do clássico, a agitação junto do Estádio das Antas é considerável. Desde manhã, que os vendedores ambulantes montaram as suas barracas e a venda de bandeiras e cachecóis avança em bom ritmo. As artérias de acesso ao recinto já estão entupidas de automóveis. Aos poucos, instala-se o caos, apesar da polícia de trânsito tentar encontrar as melhores soluções para o escoamento dos carros.

Faltam poucas horas para o clássico. Um clássico diferente, sem a chama de outras épocas, sem a espectacularidade de outros tempos em que o F.C. Porto e o Benfica dependiam do resultado deste desafio para conquistar o título. Agora, a questão do ceptro parece distante, numa guerra apenas com dois protagonistas: Sporting e Boavista. A equipa das Antas está em terceiro lugar, com 39 pontos, na mesma posição do o eterno rival Benfica, por isso, quem perder fica a uma longa distância do duo da frente.