Os Jogos Olímpicos de Inverno começam já no próximo sábado em PyeongChang, na Coreia do Sul e decorrerão até dia 25 de fevereiro. Portugal estará representado por dois atletas, depois de dez terem tentado lá chegar.

Será apenas a oitava vez que Portugal marcará presença nestes JO para as modalidades de inverno, depois das participações em Oslo, Calgary, Albertville, Lillehammer, Nagano, Turim e Sochi. Desta vez nas categorias de esqui alpino e de esqui de fundo.

A apresentação desta missão decorreu esta segunda-feira na sede do Comité Olímpico de Portugal, em Lisboa, um dia antes da partida para PyeongChang, com o apoio de várias figuras com destaque para o presidente do Comité Olímpico Português, José Manuel Constantino, e do Secretário de Estado do Desporto, João Paulo Rebelo.

Para já, a promessa em PyeongChang, para onde seis portugueses partem com o mapa dos descobrimentos portugueses gravados na indumentária, passa por dignificar as cores de Portugal por que para lutar por medalhas é preciso tempo e algo mais. Em 100 anos de desportos de inverno em Portugal e em 26 de Federação de Desportos de Inverno de Portugal (FDIP) só este ano é que os atletas receberam apoio para a preparação para os JO de Inverno.

«Isso é relevante, claro. Esse apoio chegou no verão passado, por isso o tempo de preparação foi pouco», disse Pedro Farromba, chefe da missão portuguesa nos JO de Inverno e presidente da (FDIP), admitindo que por isso «estes Jogos são vistos como mais uma etapa naquilo que é a afirmação dos desportos de inverno em Portugal».

Daí, a exclusão total da promessa de medalhas. «Nestes dificilmente, no futuro acredito que sim», afirmou Pedro Farromba, revelando que há novos atletas a surgir no panorama nacional e acrescentando que a partir de agora muita coisa mudará: «Com os apoios existentes, o objetivo é preparar os próximos Jogos logo que se chegue destes e isso ajudará a novos objetivos.»

Nacionalizados para elevar as cores de Portugal

Arthur Hanse (slalom gigante e slalom) e Kequyen Lam (cross country) não têm nome português, mas têm nacionalidade portuguesa e são eles que competirão com as cores nacionais em PyeongChang. O primeiro na segunda missão, depois dos JO de Inverno de Sochi em 2014, o segundo em estreia.

Arthur Hanse, tem 25 anos, é luso-francês e reside em França. Conseguiu a nacionalidade portuguesa através dos avós e nunca pensou vestir as cores gaulesas, ainda que se perceba pelo sotaque e pelas limitações linguísticas que é gaulês.

«Não hesitei. Sinto-me mais português do que francês, apesar de viver em França. Chego aqui e tenho sempre uma grande família à minha espera. Os portugueses são muito agradáveis e simpáticos comigo e sentem-se orgulhosos por ter um atleta neste desporto.»

«Sinto-me 100 por cento português», acrescentou, revelando o que pretende nestes JO de Inverno, depois da participação em Sochi onde foi também porta-estandarte: «O melhor possível. É muito importante representar Portugal nestes Jogos. O meu objetivo é o top-50, seria incrível consegui-lo. Chegar ao top-30, seria um sonho.»

Arthur Hanse e Kequyen Lam (Créditos: COP)

Já Kequyen Lam, tem 38 anos, nasceu em Macau e daí ter conseguido a nacionalidade portuguesa. Atualmente a viver no Canadá, para onde se mudou ainda em pequeno, não chegou a tempo de falar aos jornalistas esta segunda-feira.

Foi o mau tempo que atrasou os voos em que vinha desde o Canadá até Inglaterra e depois de Inglaterra até Portugal, mas, por sorte, o Maisfutebol conseguiu falar com o atleta umas horas antes e saber o que espera nesta primeira participação nos JO de Inverno.

«Quero esquiar bem com boa técnica e a um bom ritmo, fazendo o melhor que sei. Esta participação é apenas o começo. Acredito que quando sonhamos em grande estamos mais perto de conseguir alguma coisa», disse não pormenorizando os objetivos até por saber que é apenas a primeira participação numa competição como os Jogos Olímpicos.

Com um português mais limitado do que Arthur Hanse, Kequyen Lam disse também sentir-se português e «completamente orgulhoso e honrado por representar Portugal em PyeongChang»: «É um privilégio e agradeço a oportunidade. Espero conseguir atrair maior atenção para os desportos de inverno em Portugal e espero que possamos criar um legado para os mais jovens.»

Pedro Farromba também falou do que podemos esperar de ambos os atletas, revelando que as maiores expetativas estão em Arthur Hanse uma vez que «tem uma posição mais consolidada, porque não é a primeira vez que vai ao Jogos».

«As expetativas são altas, mas não passam por medalhas, esperemos que no futuro sim. Para já, esperamos apenas que melhore a participação [em 2014 não terminou as duas provas em que esteve]. Está fisicamente muito bem. Esperemos que consiga um lugar que possa orgulhar os portugueses», sentenciou.