A carreira de Jorge Costa foi quase sempre recheada de títulos, mas ponteada por momentos de menor felicidade, como aquele jogo da época 91/92 em que marcou um auto-golo ao serviço do Marítimo precisamente contra o F.C. Porto, clube que o tinha cedido por empréstimo.
Rui Vieira, actual técnico-adjunto da União de Leiria e ex-colega do defesa na formação madeirense, recorda esses momentos com um sorriso no canto da boca, mas com a certeza de se ter tratado de algo totalmente indesejado. «Recordo-me que foi um golo de cabeça após um cruzamento, quando procurava tentar desviar a bola para canto. É claro que foi sem querer, mas infelizmente marcou e acabámos por perder por 3-1», frisa, lembrando que nesse jogo o Marítimo esteve a vencer por 1-0, com um golo marcado precisamente por Vieira («foi um golão, com o pé esquerdo»).
Na ressaca do encontro, Jorge Costa «reagiu mal, ficou realmente incomodado com a situação, mas como grande jogador que era e é, recuperou totalmente e fez uma excelente época». Recém sagrado campeão mundial sub-20, o defesa «assumiu logo a titularidade», jogando ao lado de Carlos Jorge, mas não se livrou de algumas brincadeiras: «Nos jogos que se seguiram ainda nos rimos com aquilo e eu dizia que era eu que ficava com o Jorge, a marcá-lo (risos)».
Com o passar das épocas e a necessária afirmação no F.C. Porto, o «armário» ou «tanque», como lhe chamavam no Marítimo, «ganhou uma enorme responsabilidade e, com todo o mérito e justiça, chegou ao topo e ganhou muitos títulos». E será que, já em 91, Rui Vieira lhe adivinhava capacidades para brilhar? «Sim, sim, sem dúvida. Dizia-lhe, aliás, que no futuro a grande dupla seria Jorge Costa-Fernando Couto. Perspectivava-lhe um grande futuro, como veio a suceder de forma natural».