Jorge Jesus partiu este sábado para a Arábia Saudita, país onde vai treinar o Al-Hilal. O treinador português assinou pelo clube saudita no dia 5 de junho.

«A complexidade da vida faz-nos mudar de ideias. É curioso, a partir de hoje vou ser um emigrante. Gostava de ver programas de televisão sobre esse assunto, nunca pensei que me pudesse acontecer a mim. Teve de ser. Vou abraçar este projeto com paixão e determinação. Sei que vou para um país com uma cultura e uma religião diferentes. Os jogadores não estão habituados ao rigor europeu, terei de me adaptar a eles. Tenho esperança em conseguir fazer um bom trabalho e, ao mesmo tempo, projetar a imagem do treinador português. Vou com a minha equipa técnica, somos nove», referiu, em declarações aos jornalistas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

O técnico de 63 anos emocionou-se quando foi convidado a explicar o que lhe custava deixar em Portugal.

«Custa-me deixar a minha família, os meus amigos, mas é assim. Tenho de ir mentalizado. O trabalho, a pressão, a responsabilidade de ter de ganhar tudo, não me assusta. Estou um bocadinho emocionado. Custa-me deixar os meus amigos, a minha família e o futebol português. Vocês [jornalistas] também fazem parte dos meus amigos. Foram nove anos em duas grandes equipas de Lisboa, sempre na ponta da navalha como eu gosto. Ajudei muito o desenvolvimento do futebol português. Também sei que não é um projeto para muitos anos. Penso que vou voltar rapidamente para Portugal», confessou, com a voz embargada.

Este sábado realiza-se uma Assembleia Geral destituitiva que decorre na Altice Arena. Questionado acerca dessa tema, Jesus não se alongou muito.

«Não posso falar do Sporting. Neste momento, o Sporting está a passar por um processo muito importante para todos os sportinguistas. Espero que esteja a correr tudo bem. A adesão, pelo que vi, está a ser enorme. O Sporting é um grande clube eu dei-lhe esperança e orgulho durante os três anos que lá estive. O Sporting vai ter futuro, é um grande clube em Portugal. O Sporting e o Benfica são dois clubes que o futebol português precisa, tenho muito orgulho de ter trabalhado nos dois», disse.

Esta será a primeira vez que Jorge Jesus vai abraçar um projeto desportivo fora de Portugal. O treinador justificou a mudança para Arábia Saudita e frisou que parte de Lisboa «com a mesma vontade de vencer».

«Vou com a mesma vontade de vencer. Desportivamente não tenho a certeza se vou vencer. Só não vencerei no que os adeptos e presidente do Al-Hilal têm como objetivo se entrar dentro de minha a saudade. Mais nada. O presidente do Al-Hilal veio duas vezes a Lisboa, também foi emigrante. Jogou em Inglaterra, no Wolverhampton. Portanto, convenceu-me. Na primeira vez que veio a Portugal aceitei falar com ele, por uma questão de educação. Achei que nunca me iria convencer. A vontade que senti da parte dele, levou-me a aceitar», atirou.

Jorge Jesus é um profundo conhecedor do futebol português. Portanto, seria encarado com naturalidade se o técnico convidasse um antigo jogador a embarcar nesta aventura para o Médio Oriente. Algo que já aconteceu, como confidenciou o próprio.

«Na Arábia há um número de estrangeiros que se podem inscrever, oito. Na Liga dos Campeões asiática só podem jogar três estrangeiros e um asiático. O Al-Hilal já tem três e só tenho abertura para um. Quero levar três novos mas de Portugal não penso levar, porque não é fácil levar jogadores da Europa para a Arábia Saudita. Têm de ter alguns requisitos. Falei com o Slimani ele disse-me logo "mister, és maluco"», concluiu.