Jorge Sousa está pela primeira vez numa final da Taça de Portugal e, tal como os jogadores e treinadores, destaca o orgulho e o privilégio de poder participar na grande festa do futebol, embora, garanta, não mudou os seus hábitos, na preparação para o jogo.

«A primeira recordação que tenho da Taça de Portugal é um dia que São Pedro abençoa sempre com muito sol e dos adeptos que tornam a Taça muito especial. É mais um convívio entre famílias e amigos. Nunca tive a oportunidade de cá estar, foi sempre pela televisão. É evidente que ao longo de tantos anos de carreira, quase vinte anos, era um dos meus sonhos de carreira estar cá. Vou estar cá amanhã, estou muito feliz. Vamos tentar corresponder às expetativas que puseram em nós», começou por destacar.

Um jogo especial, mas a mesma preparação de sempre. «Como nunca fui treinador, não imagino o trabalho que terão. Imagino que seja muito, porque hoje em dia ser treinador é muito mais do que dar as táticas. Nós temos um papel diferente. Para uma final, a preparação é igual para um jogo de campeonato, mas sentimos que temos de ter a obrigação de por em prática toda a atenção, empenho e profissionalismo, além de aproveitar o dia. Temos de ter prazer em tudo o que fazemos, além de chegar ao final do dia com a consciência tranquila», referiu.

Um jogo com apenas um dos «grandes», à partida sem a tensão dos clássicos com dois rivais. «A experiência que tenho é que num passado recente isso já não tem muito influência. Antigamente os derbies eram vividos e jogados de maneira diferente. Os jogos são vividos muito intensamente, mas no terreno do jogo é apenas mais um jogo. Entre o jogo mais mediático ou menos mediático, é igual. Os jogadores estão tão concentrados no seu trabalho que a arbitragem passa para segundo plano. É aquilo que esperamos para amanhã. 22 jogadores motivados,a darem tudo pela sua instituição e nós com a mesma motivação», comentou.

O juiz do Porto congratulou-se ainda por a final realizar-se no Jamor, depois de um ano em que se discutiu uma possível mudança de palco devido às atuais condições do Estádio Nacional. «Só cá estive a treinar, a arbitrar será a primeira vez. Sendo uma questão política, posso apenas congratular-me de que pelo menos este ano que esta seja aqui. Fico feliz que amanhã a final seja jogada aqui. Quando associamos uma final da Taça associamos a este palco», referiu.

Um exemplo raro, um árbitro juntar-se aos treinadores em conferência de imprensa. «Acima de tudo tentamos que a abordagem ao jogo seja exatamente a mesma. As conferência quando cá estou é em finais, o que é um bom sinal. É algo que me dá particularmente prazer por representar os árbitros, mas não vejo grandes vantagens em ter os árbitros muitas vezes deste lado porque dizemos as coisas aqui com um sentido, depois cada um dá o sentido que quer. Já aconteceu no passado. Tento primar o meu comportamento pela descrição. O melhor elogio no final de um jogo é não falarem de nós. Estar aqui depois de um jogo é estar a dar a cara, portanto ao contrário do que defendo para a arbitragem», comentou ainda Jorge Sousa.