Quatro de fevereiro de 2017. Tiquinho Soares ainda agora desfez as malas e já teve tempo para fazer a primeira vítima com a camisola do FC Porto: no jogo de estreia pelos azuis e brancos, o avançado brasileiro abate o Sporting com um bis na vitória por 2-1 no Dragão.

Soares cai rapidamente no agrado dos adeptos portistas. Há mais por detrás daquele jeito aparentemente desengonçado. Há golos: muitos golos. Tantos que Tiquinho rouba mesmo a André Silva o papel de principal referência ofensiva da equipa de Nuno Espírito Santo.

Nesta época, com lesões e o momento de Aboubakar e Marega à mistura, a chama do avançado brasileiro parecia ter-se apagado. Mais do que isso: Soares brincou mesmo com o fogo, quando reagiu de forma intempestiva quando Sérgio Conceição o tirou na segunda parte do jogo com o Sporting, referente à meia-final da Taça da Liga.

Chamado à atenção pelo treinador dos azuis e brancos, Soares penitenciou-se: logo na flash interview a seguir ao jogo e, mais tarde, através das redes sociais.

Soares tinha esticado a corda e Conceição, fiel ao seu discurso, não teve problemas em assumir o peso do episódio alguns dias depois com a poeira mais assente. «As coisas foram resolvidas internamente. Tenho um grupo de homens com caráter e personalidade. Tenho de falar nestes assuntos, obrigatoriamente. Não gostei, o Soares retratou-se publicamente, mas mais importante que publicamente, é dentro do balneário. Foi tudo tratado olhos nos olhos. A porta está entreaberta agora cabe ao Tiquinho saber se entra ou fica na parte de fora», disse aos jornalistas.

Na noite anterior, o regresso de Gonçalo Paciência ao FC Porto tinha sido confirmado. Soares estava mais na parte de fora e, com a chegada de mais uma opção para o ataque, choveram na imprensa informações de que o avançado brasileiro não faria parte do plantel azul e branco na segunda metade da época.

Certo é que Tiquinho ficou, entrou pela porta que Conceição lhe deixou entreaberta e, com Aboubakar de fora devido a problemas físicos, parece ter-se reencontrado com a sua melhor versão.

Foi decisivo frente ao Sporting na 1.ª mão das meias-finais da Taça de Portugal e desbravou caminho para a vitória sobre o Desp. Chaves em Trás-os-Montes com golos aos 15’ e aos 28 minutos, este último numa difícil execução de primeira.

Perdoado, Soares paga agora a penitência com golos. E isso vale mais do que um simples «tiquinho».