José Garrido estava longe de imaginar o cenário actual, quando aceitou rumar ao Kuwait para orientar o Kazma. O técnico português abriu um caminho que seria trilhado por vários companheiros, ao longo dos últimos meses. «No início, vim só eu e o Kikas, que trabalha comigo. Agora, somos 12 treinadores portugueses no Kuwait. De vez em quando, juntamo-nos todos para jantar, para além de ser interessante ter duelos lusos no banco», sintetiza Garrido, em conversa com o Maisfutebol.
«As coisas têm-me corrido muito bem aqui no Kuwait. No ano passado estava no Kazma, acabámos o campeonato empatados com outra equipa, fez-se o desempate e perdemos ao terceiro jogo. Agora, estou a treinar o Al Qadisiya, vencemos a Taça da Federação no fim-de-semana, tal como já tinha conseguido no ano passado, e estamos a um ponto do primeiro classificado», afirma o treinador português.
José Garrido prepara-se para mais um duelo luso, frente ao Al Salmiyah de Neca, nos os quartos-de-final da Crown Prince Cup. Em jeito de balanço, vai fazendo o retrato de um país que recupera dos traumas de guerra, crescendo a um ritmo considerável: «A vida não é fácil, devido às diferenças sociais, mas o país está a crescer e vai tornar-se num novo Dubai dentro de poucos anos. Tenho contacto com o apoio do Kikas, porque estamos aqui sem as nossas esposas, torna-se complicado.»
Entre a selecção do Kuwait e o regresso a Portugal
O treinador português recolheu os louros de uma boa campanha na época passada, tendo sido contactado pela Federação local, quando surgiu uma vaga na selecção do Kuwait. «Houve contactos com a Federação, mas o projecto passaria por treinar o meu clube e a selecção em simultâneo, como está a acontecer com o técnico que acabou por ocupar o cargo. Não era uma situação do meu agrado, porque iria perturbar o trabalho no Al Qadisiya. Aliás, o primeiro jogo do novo treinador na selecção correu mal, já houve contestação», explica.
Garrido abraçou a nova experiência, adaptou-se a uma realidade distinta, mas não perdeu o desejo de regressar a Portugal, pedindo uma oportunidade condigna: «O futenol no Kuwait tem evoluiu, não só pela qualidade dos jogadores, mas também pelo trabalho dos treinadores portugueses. Isso dá-me satisfação. Quanto a objectivos pessoais, continuo a querer voltar para Portugal e treinar um clube da 1ª divisão, algo que nunca aconteceu. Sinto que é difícil, não consigo perceber porquê, mas gostaria imenso.»