Quando oiço Maxi Pereira, o mais recente (bom) reforço do FC Porto afirmar que o seu novo clube não pode estar mais um ano sem ser campeão, ele que conquistou 11 títulos no Benfica, três na principal competição, que reação deve ter? A única possível: por muito isso que isso custe à nação benfiquista, Maxi é o exemplo acabado do profissional ganhador, cultura alimentada durante a sua passagem pela Luz e à qual estou convencido dará continuidade nos dragões nas quatro épocas em que os representará.

E depois há outra coisa: ninguém lhe deve levar a mal ter procurado um melhor futuro financeiro. O Benfica não conseguiu dar-lhe o que queria, o uruguaio encontrou quem lhe desse mais e confirmou absolutamente uma realidade que já vem do século passado: o amor à camisola, como o «fair play», está morto e enterrado.

Não tendo grandes dúvidas quanto à integração de Maxi numa nova ordem futebolística – porque os tempos são outros, pois todos aqueles que viajaram da Luz para o Dragão, exceção para Rui Águas e Dito, nem sempre renderam a Norte como a Sul, mas o mesmo se pode dizer de quem fez a viagem inversa -, estou convencido de que o mesmo sucederá em relação à mais sonante contratação de sempre do futebol português, por muito respeito que merecem nomes como os de Cubillas, Preud’homme, Schmeichel ou Aimar: Iker Casillas é um símbolo mundial, com um lastro conquistador difícil de alcançar nestes tempos.

Casillas pode recuperar no FC Porto dos três anos de maré baixa (no que diz respeito às suas exibições…), porque muda de ares, encontra um clube que sabe receber, uma massa adepta exigente mas fiel, uma cidade que adora quem os adora e, tão importante quanto estas realidades, integra uma equipa que, pelo que vejo, não se contentará apenas em impedir os encarnados de chegarem ao tri.

Dizia-me ontem um amigo de milhões de quilómetros na profissão, um bom e grande amigo, que aos portistas só falta um grande ponta de lança e um treinador. Sobre este assunto tenho de esperar para ver, pois Lopetegui tem obrigação de ter aprendido o suficiente para não voltar a enganar-se a ser enganado, mas quanto à questão do substituto de Jackson Martinez (até ver ainda não é dado como transferido, pois aos cofres portistas ainda não chegou o fundamental…) quando ouço falar em nomes como os de Fernando Llorente, Van Wolfswinkel e agora mesmo em Teo Gutierrez (que grande pontapé no leão se o roubo se confirmar!) não tenho dúvidas de que o FC Porto olha para a Champions como objetivo.

E só lhe fica bem, pois tem um plantel excelente apesar das saídas que se conhecem – incluindo Ricardo Quaresma, que perdeu nitidamente a guerra com o treinador -, mas a exemplo do Benfica do passado tem agora mais soluções e maior capacidade para olhar para todas as provas de igual maneira. Portanto, sem receio dos «tubarões», a Europa que não se admire.
 
PS: Tem acontecido de tudo um pouco a Jorge Jesus nestes primeiros tempos de Sporting. Habituado a ter tudo no Benfica convive no presente com realidade bem diferente, mas para quem gosta de correr riscos até é capaz de nem ser nada… Porém, esta história da lesão de William Carvalho necessita ser muito bem contada. E por todas as partes, embora o único grande prejudicado, se me permitem, seja o jogador, que já se via longe de Alvalade a ganhar à medida da sua imensa qualidade.