José Rachão, treinador do V. Setúbal, em declarações na sala de imprensa depois da vitória sobre o Boavista que apurou a sua equipa para a final da Taça de Portugal, falando muito emocionado:
«É um momento indescritível da minha vida. Primeiro quero agradecer ao Vitória, a este grande clube, a esta grande massa associativa e ao presidente que acreditou em mim e que me permitiu dar esta prenda que lhes conseguir oferecer com o esforço dos jogadores. Quando cheguei ao V. Setúbal propus-me conseguir a permanência e tentar chegar à final da Taça de Portugal. Sempre que aqui vim [sala de imprensa] nos momentos defendi os jogadores. Estive sempre ao lado deles. Hoje peço-lhes desculpa, mas deixem-me dar valor à minha pessoa. A melhor prenda que tive hoje foi o abraço do Jaime [Pacheco] que me disse que estava triste por não ir à final, mas feliz por mim, por eu ser um homem do futebol. Tenho uma carreira de trinta e tal anos que merece respeito. Quero agradecer à minha família que tem sofrido muito comigo. Sou humano, tenho 52 anos e dediquei a minha vida ao futebol.
O V. Setúbal é um vencedor incontestável. Arranjei forças na minha família para transmitir aos jogadores que entrassem em campo aos saltinhos e a dizerem Vitória, Vitória. Quero agradecer aos meus pais que já não estão cá, à minha esposa, às minhas filhas e sogros, foi a eles que me agarrei para levar o V. Setúbal à final depois de 32 anos. Vejam as voltas que o futebol dá, fui eliminado da Taça pelo Real Massamá ao serviço do Torreense, e, vejam bem a ironia do destino, agora vou estar na final com o V. Setúbal. É a vida. Se esta equipa é masoquista? Esta equipa quando teve que puxar dos galões, puxou. Os jogadores sabem controlar as emoções do jogo. Temos que ver que o V. Setúbal está na final e deixou pelo caminho adversários difíceis. Gostava que o José Couceiro estivesse na final para ver o V. Setúbal comigo. Não me esqueço das pessoas. Vamos estar todos a torcer pelo Vitória.
Porque fui festejar com os adeptos? Foi uma resposta que quis dar. Eu vinha da II Divisão e dá a sensação... Há bons treinadores na II e na III Divisão. É uma questão de oportunidade. Se o V. Setúbal não me tivesse dado esta oportunidade, não estaria na final. Joguei no Vitória e agora treino o Vitória. Tenho muita honra nisso. Como tenho muita honra de ter jogado e treinado a Académica. Quis festejar com os adeptos porque são eles quem sofre mais pelo clube. Esta vitória é para eles. Quem preferia na final, Benfica ou E. Amadora? Isso agora... A final vai ser uma festa, não vai? Quem tiver que ser, será. O grande desejo era este e como sempre será um jogo que vamos tentar ganhar. Vamos lá para discutir o resultado e tentar trazer a Taça. Agora vou festejar com os jogadores. Sou um homem do balneário».