José Romão voltou a lamentar o facto de ter de efectuar uma escolha demasiado limitada para a selecção portuguesa que vai estar nos Jogos Olímpicos: «Não é tarefa fácil escolher 18 jogadores. Parece-me que é contranatura face à dimensão, exigências e responsabilidades de um torneio olímpico que uma convocatória tenha 18 jogadores. O número ideal seria sempre 22 ou 23 atletas, como nos Mundiais e Europeus. Assim é muito limitativo», afirmou o responsável técnico pela equipa olímpica.
Romão justificou as chamadas dos três jogadores acima do limite de idade (Boa Morte, Meira e Frechaut) com argumentos objectivos. Disse que são elementos de «polivalência» e «categoria indiscutível» e que se enquadram no espírito da equipa. «A composição do grupo atendeu às características relativamente à táctica que a selecção nacional habitualmente utiliza, o seu sistema de jogo, a sua organização defensiva e ofensiva e ainda o conhecimento que temos dos adversários. Introduzimos também relativamente à selecção nacional um espaço técnico-táctico de maturidade, com os três elementos que o regulamento permite», referiu.
José Romão esclareceu ainda o que determinou as ausências de Ricardo Quaresma e Makukula, dois nomes habituais nesta equipa, mas que sofreram lesões recentes: «No caso do Ricardo Quaresma, fomos informados pelo departamento clínico do F.C. Porto de que apresenta algumas limitações com base nos exames realizados e não era claro que no início da prova o atleta estivesse nas suas plenas capacidades. A partir desses elementos, legitimámos a nossa opção, que é também igual no caso de Makukula».
O treinador teve ainda tempo para dizer que Vítor Baía fez parte de uma escolha inicial. «Tivemos uma estratégia que foi definida. Em Abril, tivemos de fazer uma lista alargada de atletas que podiam estar nos Jogos Olímpicos. Então seguiu-se um critério de acordo com o qual, após o início deste período que deu origem ao Euro e ao Europeu de sub-21, todos os atletas que tivessem participado nesse espaço temporal seriam incluídos numa pré-acreditação. Dentro desse critério, Vítor Baía estava dentro desse lote porque os critérios foram definidos e eram rigorosos», esclareceu.
Relativamente aos quatro atletas que foram «trazidos» da selecção nacional que esteve no Euro 2004 (Moreira, Tiago, Cristiano Ronaldo e Hélder Postiga), Romão quis contar com a qualidade desses jogadores. «Tivemos sucesso no Euro 2004 e também no Europeu da Alemanha (sub-21). Foram atletas nucleares na nossa equipa durante a fase de qualificação, estão identificados com a selecção e estão muito mais ricos. A imagem que transportam é de altíssimo nível. Por isso, também fomos ao espaço da selecção nacional que esteve no Europeu buscar atletas que, uns mais do que outros, tão boas provas deram no Europeu», explicou.
O treinador garantiu ainda que não teme que os atletas e nomeadamente Cristiano Ronaldo, que foi o mais utilizado no Euro 2004, se apresentem saturados para mais esta competição com a camisola das quinas. «Estamos a falar de um atleta com um nível de rendimento altíssimo, que vai estar com todo o prazer nos Jogos Olímpicos. Diria que é um atleta com uma capacidade única, um atleta de excelência. Os níveis de motivação são altíssimos e nenhum destes atletas se vai apresentar limitado», assegurou.