É um regresso com meio ano de atraso, mas que poderá ainda chegar a tempo de empurrar Kaká para o Mundial-2014.

O craque brasileiro já não tinha espaço no Real Madrid e desejava voltar à casa «rossonera», onde foi muito feliz durante seis anos.

Fora das contas do onze do Real desde o consulado de Mourinho, Kaká não teve em Carlo Ancelotti uma última esperança e forçou a saída do clube «blanco».

Aos 31 anos, está longe de ser o melhor do Mundo, como foi em 2007, mas ainda acredita que poderá estar nas escolhas de Luiz Felipe Scolari para o Mundial (como esteve, em 2002, quando do último título do escrete).

Apesar de ter sido chamado nos primeiros compromissos da segunda era de Scolari na canarinha, perdeu o comboio das apostas de Felipão e não esteve no sucesso da Confederações.

Sem fazer parte da primeira linha de escolhas de Ancelotti, uma continuidade de Kaká na casa madridista significaria um estatuto de «suplente de luxo», mas cada vez menos utilizado, ainda que quase sempre útil.

A classe pura continua a estar lá. Mas os anos passam e a capacidade física já não é para 90 minutos em nível de excelência. E a contratação faraónica de Gareth Bale, que se desenhava há semanas, foi o último sinal de que, em Madrid, os planos eram outros.

Inteligente e racional, como sempre foi na sua carreira, Kaká sabia que tinha num regresso ao AC Milan.

Na sua fase final de conturbado reinado em Madrid, Mourinho assumira, ao seu estilo frontal, que o melhor para Kaká seria mesmo isso: voltar à casa onde fora mais feliz. Até Berlusconi assumir esse desejo, mas na janela de inverno o acordo não se fez, por divergências financeiras.

Meio ano depois, o óbvio concretizou: Kaká está de volta ao clube preto e vermelho e agora tem muito mais razões para fazer a diferença.

Para voltar a sonhar, aceitou reduzir para quase um terço o que ganhava em Madrid. No Bernabéu, ganhava perto de 11 milhões de euros por temporada. Em San Siro, o seu salário rondará, avança a «Gazzetta dello Sport», os quatro milhões.

O Real deixou-o sair sem prémio de transferência, mas o alívio salarial foi aliciante para os merengues. Por dois anos, Kaká voltará a vestir a camisola que mais lhe toca o coração.

Em entrevista ao site oficial do Milan, confessa: «Passaram quatro anos e agora estou de volta. Há 15 dias pensei que eu pudesse voltar atrás, falei com Carlo Ancelotti e percebi que era ideal para mim voltar aqui. Nos últimos dias, sonhei sentir novamente no San Siro o meu coro, não posso esperar».

Em 2009, custou 65 milhões ao Real Madrid. Quatro anos depois, faz percurso inverso, em transferência a custo zero.

Nem sempre o dinheiro é tudo no futebol. E este terá sido um regresso com meio ano de atraso. Ainda há tempo, Kaká?

KAKÁ

Nome: Ricardo Izecson dos Santos Leite

Data de nascimento: 22 de abril de 1982 (31 anos)

Naturalidade: Brasília

Posição: Médio-ofensivo

Altura: 1,86 metros

Peso: 78 quilos

Percurso: São Paulo (2001-2003), AC Milan (2003-2009 e 2013), Real Madrid (2009-2013)

Principais títulos: Bola de Ouro France Football (2007), Melhor do Mundo FIFA (2007), World Soccer (2007), Campeão do Mundo pelo Brasil (2002), Campeão do Mundo de Clubes pelo AC Milan (2007), duas Confederações (2005, 2009), uma Liga dos Campeões (2006/07), duas Supertaças Europeias (2003, 2007), uma Liga espanhola (2012), uma Taça do Reu (2011), uma Liga italiana (2004)