O jornal Algemeen Dagblad («AD») publica esta terça-feira uma notícia que pretende reconstituir os passos que terão sido dados até se chegar ao contrato assinado para a transferência dos jogadores Salomon Kalou e Dirk Kuyt. O mesmo contrato que é agora contestado pelo Feyenoord e que serviu de base para queixa na polícia por falsificação.
A notícia é assinada pelo mesmo jornalista que tem lançado ao longo dos últimos dias pormenores sobre as transferências e dá conta de todo o processo, incluindo mensagens escritas trocadas entre os intervenientes. José Veiga, director do Benfica, é incluído nestas revelações.
O jornal começa por contar que o contrato de Kuyt e Kalou foi assinado no Ambassadors Club, em Londres. Neste local, conhecido por ser palco de outras transferências, terá acontecido uma reunião entre Mark Wotte, director desportivo do Feyenoord, Nélio Lucas, do Soccer Investment and Representation («SIR»), e Willem Scholten, responsável da direcção administrativa do Feyenoord. Neste local, Scholten teria sido autorizado a assinar os contratos que são agora contestados.
O homem alto e careca
Esta informação de que os contratos estariam então assinados pelo Feyenoord seria transmitida por Nélio Lucas aos empresários de Kalou, Roger Linse e De Visser. No entanto, os agentes não teriam acreditado na palavra do empresário português e terão pedido uma prova. Lucas terá então puxado do contrato assinado no casino. Nesta altura, os empresários terão perguntado quem assinou da parte do Feyenoord, a que se seguiu a resposta de Nélio Lucas: «Foi um homem alto, careca.»
No entanto, estas palavras não foram convincentes para os empresários. «Então Nélio chamou um advogado», conta Linse no jornal. «Esse advogado (ou jurista) associou a assinatura a William Scholten. A partir daí sabíamos o suficiente e confiávamos no Lucas», continua Linse.
Depois de várias trocas de mensagens escritas por telemóvel entre Wotte, Lucas e os empresários, o nome do Benfica e de José Veiga terá surgido. Foi na terça-feira, 2 de Agosto, que Wotte terá dado permissão a Lucas para falar com o Benfica e com os empresários de Kalou. Lucas ter-se-á encontrado com José Veiga em Inglaterra e a conversa terá sido sobre a transferência do jogador.
Veiga tenta convencer Kalou
No dia seguinte Veiga terá então encontrado os empresários de Kalou no aeroporto na Holanda, encontro que tinha já sido também referido por outro jornal holandês. O objectivo seria convencer os agentes de Kalou de que a transferência do jogador para a Luz seria um bom passo. Segundo o jornal Algemeen Dagblad, Veiga terá prometido aos empresários que Koeman colocaria o futebolista a jogar, que o Estádio da Luz era maravilhoso, que Kalou seria a estrela da equipa, e que Lisboa era uma excelente cidade para se viver.
Os empresários de Kalou, Linse e De Visser, terão recebido então na sexta-feira uma mensagem de Wotte alertando para o facto de a transferência não poder ser divulgada antes de segunda-feira. A situação precipita-se no sábado, quando o Algemeen Dagblad avança com a história. Seguem-se os desmentidos do Feyenoord e, quando surge a informação de que o jornal vai publicar o contrato, o clube anuncia mesmo que vai fazer participação à polícia por falsificação da assinatura do seu presidente. A reportagem do jornal termina dizendo que, sem a assinatura dos jogadores, o contrato nunca poderá ser válido.