Jürgen Klopp abriu o coração e explicou os motivos que o levaram a decidir a deixar o Liverpool no final da corrente temporada. O treinador alemão explica que já não tem a mesma energia com que chegou ao clube e também sente que já não está no auge das suas capacidades para ajudar a equipa. Em termos pessoais, o carismático treinador também lembra que já está a trabalhar, como treinador, há 24 anos consecutivos e já não se lembra do que é «uma vida normal».

«Com todas as responsabilidades que tens nesta profissão, tens de estar sempre no topo das tuas capacidades. Eu estou, mas tenho estado a fazer isto desde há 24 anos. Quando tens uma carreira como à que eu tive, ou ainda tenho, é quase impossível voltar ao ponto em que estava quando cheguei ao Liverpool. Eu dei sempre tudo o que tinha. Apercebi-me que os meus recursos não são infinitos e prefiro dar tudo nesta época e depois fazer uma paragem, uma pausa, seja o que for. Já não somos jovens coelhos e já não saltamos como antes saltávamos», começou por enunciar.

Una decisão que o treinador diz ser irrevogável. «Esta equipa que nós temos, como tudo o que temos neste clube, merece um treinador de alto nível e no máximo das suas capacidades. Eu já não consigo estar lá. A alternativa seria ir para a próxima época e fazer um esforço, mas isso não está certo. Já informei o clube e o staff, a partir de hoje toda a gente já sabe. Ainda considero que seja decisão correta. Não levo estas coisas ligeiramente. Estou totalmente convencido», acrescentou.

Apesar de tudo, Klopp não quer já fazer um balanço da sua passagem por Anfield, lembrando que está ainda uma época a decorrer. «Não estou ainda na disposição para pensar nessas coisas. Não me ocorre nada neste momento. As melhores memórias ainda estão para vir. O dia de hoje não é sobre isso. Não tenho nada a lamentar, mas tenho muitas memórias especiais», referiu.

Quanto à falta de energia. «As razões para isso foram que tive um verão difícil. Não tive tempo para pôr as pernas em cima da mesa e relaxar, tivemos de trabalhar duro para trazer jogadores. Mas não é só isso, é o momento, é cada minuto, é tudo o que tens de fazer a seguir, é muito planeamento», destacou.

Uma falta de energia que impede Klopp de estar ao seu melhor nível. «Não posso trabalhar sobre três rodas, não quero ser um passageiro. As minhas capacidades como treinador estão baseadas na minha energia e nas relações. Eu sou quem sou pela forma como sou. Já não posso ser o mesmo. Estava cem por cento convencido que este momento só ia chegar em 2026. A minha energia era inesgotável, mas agora já não é. Temos de mudar», acrescentou.

«Quero ganhar tudo esta temporada»

O treinador dirigiu-se ainda aos adeptos, com quem manteve sempre uma relação especial. «Espero que possam aceitar a minha decisão, mas ainda não estou com a disposição de dizer obrigado. Essas coisas chegarão a seu tempo, agora é o momento de prosseguir com a época. Não tenho qualquer desentendimento com os adeptos ou eles comigo. Vamos espremer tudo o que temos nesta temporada, essa é a mensagem», referiu.

Quanto ao futuro, longe dos bancos e dos relvados, Klopp deixou tudo em aberto. «Não faço ideia do que é uma vida normal, vou ter de descobrir», comentou.

Ainda faltam pouco mais de quatro meses até ao final da época, mas Klopp garante que não irá mudar de ideias, mesmo que o Liverpool termina a época sem troféus. «A minha consciência está sempre limpa devido à boa relação com o clube. Era uma decisão que eu tinha de tomar a certa altura, ninguém a podia tomar por mim. Quero ganhar tudo esta temporada e mesmo que não ganhe nada, não vou mudar de ideias. É uma decisão que é independente dos resultados. O mais importante é o desenvolvimento da equipa. Temos uma boa base de trabalho e isso é que é importante, é por isso que este também é um bom momento para passar a equipa a outra pessoa», destacou ainda.