Já não havia muito por onde esconder, mas o Manchester United usava o continente para refugiar-se da crise que vive na ilha. Agora, ficou tudo à mostra: o Olympiakos venceu [2-0] e pôs a nu todas as carências de uma equipa sem ideias, sem velocidade e sem liderança e que já não impõe respeito a ninguém.

No Pireu, o Olympiakos enganou por completo o treinador escocês: deixou-o ter a bola, para depois pressionar e procurar a saída rápida para o ataque. A iniciativa aparente dos ingleses era só mesmo isso: uma ilusão. Porque na realidade quem estava em controlo era o Olympiakos, que aproveitava uma defesa velha nas pernas pelo meio e má em habilidade na direita para causar sustos.

O primeiro deles foi quando Smalling perdeu a bola e deixou-a em
Chori Dominguez. O argentino partiu direitinho para a baliza de De Gea. Dessa vez surgiu Vidic a salvar a equipa, com um corte tremendo já na área.

Isso aconteceu aos 9 minutos e durante muito tempo o jogo não deu mais nada, porque o Olympiakos foi paciente e porque o United achava que ter aquela intensidade era ótimo para um jogo fora de casa.

A dinâmica com que os gregos saíam para o ataque era bem diferente daquela que os
red devils tinham em processo ofensivo. Sem ninguém com qualidade para fazer a transição, era necessário que os ingleses tocassem bola de forma mais rápida, num exercício de «passe e dar linha de passe», o que nunca aconteceu.

Por isso, Van Persie andava sozinho na frente, com a bola a pingar lá em más condições e com Rooney a começar a cair para o próprio meio-campo para ter bola.

Enquanto isso, os gregos tentavam. Uma vez, duas vezes. Se a bola aparecesse a jeito, a ordem era só uma: rematar. Num jogo sem grandes ocasiões de golo ao intervalo, a estatística dizia que, ainda assim, eram os gregos quem mais tentava o golo.

Ora, foi isso mesmo que conseguiram ao minuto 38. Mesmo com Carrick e Cleverley a jogar pelo meio, o United deu espaço à entrada da área, Maniatis rematou e Alejandro Chori Dominguez desviou para o golo.

Vinha a segunda parte, que deixava para trás uma das duas ocasiões do United em todo o jogo: livre de Rooney e Manolas quase a fazer autogolo.

O Olympiakos percebeu a tremideira da defesa do Manchester United, pressionou um pouco mais acima e deixou Ferdinand, Vidic e Carrick em apuros. Quando surgiu novo espaço na zona central, Olaitan tocou para Campbell. O jogador emprestado pelo Arsenal meteu a bola no meio das pernas de Carrick e atirou de pé esquerdo. Num arco perfeito, a bola passou por De Gea e aconchegou-se nas redes.

Moyes começou a mexer e Michel também, com o espanhol a lançar Paulo Machado na partida. Com todas as trocas, um desanimado Rooney que já andava por terrenos recuados recuou ainda mais com a chegada de Kagawa à equipa. Ainda assim, só por uma vez o United chegou com perigo real à área de Roberto. Smalling deixou Van Persie na área, o holandês, para não estragar a má exibição da equipa, atirou por cima.

O Olympiakos é a primeira equipa a vencer em casa nestes oitavos de final. Ou, se preferir, o Manchester United é a primeira a perder fora. Só admira para quem não viu ou para quem não quer ver que este United não tem soluções. Ou se as tem, o responsável não as encontra. Porque para vencer o Manchester United já não é preciso ser-se épico: basta ser-se certinho e aproveitar um dos muitos erros contrários.