O FC Porto despediu-se da Liga dos Campeões com um dos piores registos pontuais da sua história. Cinco pontos apenas. A derrota no Vicente Calderón acentua a falta de capacidade desta equipa de Paulo Fonseca para competir com os melhores da Europa, nesta altura (2-0).

Os dragões criaram o problema em casa. Aí sim, o FC Porto falhou como nunca falhara na sua história de participações na prova milionária. Na última jornada, lutava contra o seu fado, um destino fatalmente irreversível.

Lamentar a óbvia falta de sorte (quatro bolas no ferro e um penalty falhado) nesta visita ao Atlético de Madrid é argumento curto para justificar o fraco desempenho do campeão nacional ao longo da competição.

700 adeptos do FC Porto nas bancadas do Estádio Vicente Calderón a assistir a desfecho improvável: não este resultado, mas sim a vitória do Áustria de Viena frente ao Zenit. Os austríacos fizeram a sua parte, os portugueses não.

Não há defesa para este réu. Aquela rotação de Raul Garcia sobre Maicon, aliada a um remate de ângulo apertada, sem oposição à altura de Helton, demonstrou a tendência do último reduto portista para o disparate. Mau demais perante um adversário com tamanha qualidade.

Curiosamente, tinha sido Raul Garcia a garantir que não haveria relaxamento do Atlético de Madrid na última jornada. A formação orientada por Diego Simeone tinha o primeiro lugar assegurado e, mesmo com várias alterações no onze, fechou a qualificação com mais uma vitória.

FC Porto e Áustria de Viena com cinco pontos

Fizeram as contas? O Áustria de Viena terminou o grupo com cinco pontos, empatado com o FC Porto. Valeu a vantagem no confronto direto.

Os dragões podem queixar-se da má fortuna neste jogo, sobretudo na primeira metade. Jackson Martínez falhou uma oportunidade soberana ao oitavo minuto de jogo. Cruzamento de Danilo na direita, com o colombiano a antecipar-se a Miranda e a desviar para a trave.

O Atlético marca pouco depois. Tudo aparentemente fácil. Um simples lançamento lateral, bola na área e a frieza de Raul Garcia a assegurar a vantagem.

Paulo Fonseca nem queria acreditar. O FC Porto responde com mais uma bola na trave, desta vez num cabeceamento de Silvestre Varela.

Já perto da meia-hora, Jackson Martínez conquista uma grande penalidade e prova que a defensiva do Atlético tinha falhas por explorar. Porém, quando algo nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Josué, que convertera todos os castigos máximos até este momento, falhou na pior altura.

Os dragões atacavam com alguma qualidade em Madrid mas não chegava. Pagavam por todos os pecados cometidos ao longo da qualificação.

Uma descompensação incrível

Ainda antes do intervalo surgiu mais um exemplo claro. Jackson, após trabalho de Varela, acerta no poste. Pouco depois, um canto para o FC Porto. A formação portista complica, Alex Sandro tenta insistir fora da sua zona e perde a bola.

Repete-se: não há defesa para este réu. Diego Costa responde a um passe longo e isola-se. Danilo, que caíra sobre a esquerda, coloca-o no limite do fora-de-jogo. Sobram mais dois elementos: Maicon e Defour. Descompensação incrível.

Não havia milagre à medida para este FC Porto. O infortúnio continuaria a persegui-lo ao longo do encontro. Paulo Fonseca trocou Josué por Licá mas a toada manteve-se. O extremo, aliás, viria a atirar ao poste após passe de Fernando. Os dragões foram alargando a frente de ataque, Ghilas substituiu Lucho para os últimos 25 minutos. Demasiado tarde.

O Atlético de Madrid, entregando a iniciativa de jogo ao adversário, nunca perdeu de vista a baliza portuguesa. Hélton negou um golo a Diego Costa na etapa inicial e outro a Raul Garcia na segunda metade. Adeus do FC Porto à Liga dos Campeões.