A figura: Salvio

«Lo del fuego», sem dúvida. O argentino é quem transporta a chama do Benfica, lá pela direita. Impossível não espreitar pela persiana, americana como canta a banda argentina de cumbia, e ficar seduzido pelo futebol de Salvio, seja pela entrega, ou pela habilidade, até mesmo pela visão que o argentino tem, ainda com 22 anos. Foi o arquiteto do 1-0 de Ola John, com uma arrancada pelo flanco, sempre com o peito disponível ao que vinha. Esteve em quase todas as jogadas de perigo encarnadas, a desequilibrar por aquele lado e muitas vezes no interior. Encantou outra vez com aqueles dribles de sola na bola, como no futsal, de toques de calcanhar por trás da perna contrária, e de um remate espetacular à trave de Forster. Não marcou, mas merecia. Um jogador de Champions.

O momento: minuto 72

O Celtic tem um poder aéreo fora do comum, uma artilharia que lhe permite estar na disputa de um lugar nos oitavos de final. Marcou pela primeira vez na Luz, em toda a história, num canto e de cabeça, mas foi pelo ar que saiu derrotado de Lisboa, mais uma vez. Bola na área, Luisão ganha de cabeça a Ambrose e Garay concluiu o trabalho do capitão com um pontapé fulminante e de primeira, a engrandecer a noite de uma dupla de centrais decisiva nas duas áreas.

Outros destaques

Luisão

Deve ser frustrante para Jardel, mas percebe-se a opção de Jesus. O capitão está de volta mesmo e se no relvado da Luz ele é Lei, no ar também. Impressionante capacidade de salto no 2-1, oferecido ao colega Garay, o xerife-adjunto que teve de pôr a ordem na ausência disciplinar de Luisão. O 4 do Benfica bateu-se com Hooper, que lhe tentou meter o corpo e os pés em tudo o que era disputa de bola. Mas a experiência do central brasileiro deu um encosto no avançado contrário e tudo o que era Celtic acabava ali. Só por uma vez foi batido, num lance em que «andou à procura dos rins», mas nem isso o deixou abater.

Ola John

Cresceu tanto desde que chegou que até já marca. Mais uma vez aposta de Jesus à frente de Nolito e Gaitán, fez o primeiro golo com a camisola do Benfica, logo num jogo em que isso podia valer muito dinheiro. Apareceu bem a concluir a jogada que Salvio começou na direita, ou seja, fez o movimento correto para aproveitar o lance e atirou bem para o 1-0. Teve muita bola, combinou quase sempre bem com os colegas e só não foi maior porque lhe faltou arrancar de forma assertiva no um para um, como faz Salvio do lado contrário. Só que o argentino é um jogador feito, apesar da idade (22), e o holandês ainda está em desenvolvimento.

Samaras

O Celtic nunca tinha marcado um golo na Luz. Foi preciso vir por cá um grego para fazê-lo, pois claro. Tecnicamente, Samaras é o melhor de uma equipa feita apenas de vontade e músculo, muita defesa e fé nas bolas paradas. Aproveitou a obstrução de Hooper a Artur para cabecear para o 1-0. Método grego já visto neste estádio, aplicado nesta noite pela formação escocesa.

Forster

Quem viu o guarda-redes do Celtic nos dois jogos frente ao Barcelona sabia que o Benfica tinha ali uma parede para derrubar. Certo, os encarnados marcaram dois golos a Forster, mas o gigante da baliza evitou outros. Que o diga Cardozo, por exemplo, que nunca conseguiu bater Forster. Duas defesas fantásticas a remate do Tacuara. Se ninguém descansou na Luz, foi por causa de Fraser Forster.