LC: Benfica-Olympiakos, 1-1 (destaques)

A figura: Enzo Pérez

O melhor, o mais lúcido, o mais combatente, aquele que mostrou as veias nos braços contra as dificuldades e perante as injustiças que ele achava que estavam a ser feitas. No primeiro tempo, foi aquele que fez a equipa correr. Encontrou espaços, ganhou terreno com a bola colada ao pé. E quando não foi possível fazê-lo, Enzo Pérez percebeu-o de imediato. Saiu para o intervalo com as meias em baixo, os calções puxados para cima e sujos. Correu, passou, driblou. Foi ao chão discutir lances, meteu o pé quando foi preciso. E fez faltas, sim. Com uma outra entrada um pouco mais dura, uma a valer um cartão amarelo. Mas o Benfica precisava disso. Os gregos não estavam para brincadeiras. Na verdade, o que o Benfica precisava era de mais dez como ele. Com aquelas ganas. Onze Enzo Pérez. É difícil de dizer, é difícil de escrever. É impossível de fazer. Mas é possível entender que o argentino é, por agora, o jogador-mais no meio-campo desta equipa, até porque Matic continua sem voltar a 2012/13. Foi substituído? Claro, como foi outro dos protagonistas, Chori Dominguez. Num só lance, acorreu à esquerda, perdeu o ressalto e veio fechar ao meio. A placa estava praticamente pronta. Saiu esgotado e o Benfica até empatou quando ele não estava em campo. Mas um jogo é mais do que um momento. E Enzo Pérez teve vários para sair como aquele que mais lutou pelo Benfica. 

O momento: minuto 83

A Luz estava impaciente. Primeiro, com a equipa à saída para o intervalo. Depois, com o fiscal de linha do lado da bancada e, por fim, com o árbitro espanhol. Até com Roberto, o guarda-redes que voltou a um estádio no qual não foi feliz. Mas as várias noite de amargura que o Benfica passou com o espanhol tornaram-se na alegria de um golo marcado por Cardozo. Bola ao segundo poste, Roberto sai mal, Luisão toca e o Tacuara empata. Uma «Robertada». Prevísivel...

Outros destaques

Alejandro Domínguez

El Chori já não corre como antes, mas a técnica e a habilidade do argentino continuam intocáveis. Aguentou o jogo quase todo, o que não deixa de ser notável nas circunstâncias em que se jogou se segunda parte. Antes do encontro, todo o foco esteve em Saviola. Mas foi o compatriota que saltou para o onze para baralhar as contas. Alejandro Domínguez pegou na bola muitas vezes no próprio meio-campo. Recuou para organizar e lançar ataques. Na perda de bola de Matic, correu para a frente. Recebeu de Mitroglou, sentou Garay com a classe dos melhores 10 argentinos e bateu Artur. Discutiu com o corpo e com palavras e lutou até ao limite das forças, num relvado que ficou mau para toda a gente, ainda mais para quem faz da técnica a principal arma.

André Almeida

Excelente jogo do lateral-direito e mais recente internacional português do clube. Weiss costuma ser um perigo, mas André Almeida não lhe deu um mílimetro. Bom a defender, apareceu a cruzar nalgumas ocasiões. Quem passou pelo flanco esquerdo dos gregos deve ter decorado o nome.

Cardozo

Em poucas palavras: estar no sítio certo, na altura certa é um hábito. Cardozo marcou mais um. E salvou o Benfica de uma derrota que complicava ainda mais as contas.

Roberto

Uma grande defesa a remate do Tacuara e assobios da bancada, a pressionar, cada vez que chutava uma bola atrasada por um colega. Os encarnados cruzaram várias vezes. Roberto saiu duas vezes mal da baliza. E à terceira, um filme visto. Bola a sobrevoar a pequena área, o espanhol a vê-la passar e golo do adversário. Nada novo.

Mitroglou

Força, bom posicionamento, boas aberturas de pé esquerdo. Falou-se muito de que era como Cardozo. Mas mais móvel, mais rápido. Características vistas nesta noite na Luz, da qual saiu com um excelente passe na jogada do 1-0. Antes disso, duas tentativas de golo. Uma a fugir dos centrais, com velocidade, outra já na área em antecipação à defesa encarnada. Um problema aquele físico. O Benfica vai avisado para Grécia.

Fuster

O espanhol começou na direita, derivou algumas vezes para o miolo, a confundir Siqueira, e mostrou-se um elemento perigoso no Olympiakos. Sobretudo no passe. Foi ele que descobriu duas vezeas Mitroglou no primeiro tempo para as duas jogadas perigosas que antecederam o 1-0. jogou como extremo, mas tem visão de número 10. Na segunda parte, teve uma enorme oportunidade para fazer o 0-2, mas o relvado encharcado fez a bola parar a meio da área do Benfica. A mesma causa fez com que saísse.