A FIGURA: Fernando
Impressionante! Omnipresente, irresistível na recuperação, concentrado na entrega. Nota máxima numa exibição sem mácula, mesmo na fase em que o Atlético Madrid reagiu e passou a estar mais tempo no meio-campo azul e branco. Mais do que um farol, Fernando é uma estrutura magnética, agarra a equipa ao jogo, torna-a mais ou menos intensa. Não é exagero voltar a sublinhar o adjetivo inicial: impressionante, sim

NEGATIVO: Helton
Deixou mal a equipa ao sair como um amador da baliza no golo «colchonero». Já na primeira parte, de resto, fechara os olhos num canto adversário. A bola acabou por bater na barra do FC Porto. Dois lances confrangedores de um atleta fantástico, um símbolo do clube, mas que já noutras ocasiões soçobrou nas provas da UEFA. Só não leva nota mais negra porque aos 75 minutos evitou o segundo dos espanhóis.

MOMENTO DO JOGO: adormecimento inaceitável, minuto 85
A cinco minutos do fim, numa fase de intensidade máxima, uma grande equipa não pode falhar como o FC Porto falhou. Primeiro, Mangala faz uma falta absurda, horrível, à entrada da área; depois, toda a gente fica parada, a ver Gabi a tocar e a isolar Arda Turan. Este dragão ainda tem fundações frágeis e personalidade imatura. Iludiu-se com a boa qualidade do primeiro tempo e afundou-se na manha «colchonera».

OUTROS DESTAQUES:

Jackson
Nove jogos, sete golos. Mau início de época? É difícil acreditar nisso, perante um registo destes. No golo antecipou-se ao marcador direto e cabeceou com a categoria dos eleitos. Esteve fantástico a segurar e a assistir o médio em apoio. Num desses pormenores matou no peito e tocou para o pontapé perigoso de Lucho. É um avançado extraordinário, mesmo que por vezes aparente uma descontração irritante na hora de definir. É assim o Cha Cha Cha.

Josué
Assistente cirúrgico no golo de Jackson. Pé esquerdo na bola, precisão milimétrica. Esse pormenor entregou-o de corpo e ainda mais alma ao jogo. Até aí estivera receoso, desconfortável até. Passou a ser influente, fortíssimo nos passes longos, e contagiante nos duelos individuais. Foi, aliás, sacrificado aos 60 minutos por andar no limbo disciplinar, perto da expulsão.

Otamendi
Fantástico a jogar em antecipação, inconsciente em determinadas fases de posse de bola. Exibição com muitos altos e alguns baixos, comprometedores. Ainda assim, talvez tenha sido o dragão menos oscilante na defesa. No segundo golo do Atlético a distração é coletiva, total. Seria injusto atribuir a culpa a este ou aquele. O argentino é um dos envolvidos.

Juan Quintero
23 minutos agitados, a querer jogar e fazer jogar. Tão, mas tão perto do golo na marcação de um livre direto. Promessas, mais algumas, de um talento puro e irresistível, ainda a ganhar tempos e espaço no bloco de notas de Paulo Fonseca. Custa vê-lo de fora, no banco, quando a equipa precisa obviamente do seu pé esquerdo.

Arda Turan
Além de apontar o golo decisivo, o turco de barbas longas foi sempre o mais perigoso do Atlético Madrid. Rápido, agressivo, uma seta a partir da esquerda e a estilhaçar uma e outra vez o coração da defesa azul e branca. Um senhor jogador.

Tiago
Sem ter a agressividade de Fernando, por exemplo, é capaz de comandar a equipa a partir da posição-seis. Joga simples, lê bem o jogo, preenche com consciência o espaço, sem ter de entrar em correrias desnecessárias. Ao vê-lo jogar, ainda mais difícil se torna aceitar a renúncia que fez à Seleção Nacional. Um pecado que só ele poderá justificar.