O F.C. Porto caiu na roleta russa. Despediu-se na Liga dos Campeões, onde não falhava desde 2005/06, recebendo a Liga Europa como prémio de consolação. O Dragão não saiu do nulo mas encheu-se para aplaudir a equipa de Vítor Pereira, após o apito final. Esforço reconhecido pelos adeptos.

A equipa de Vítor Pereira jogou a vida em noventa minutos. Deu tudo, é certo, mas não basta. Teve o destino nas mãos e tombou com estrondo. A derrota do Apoel colocava o primeiro lugar do grupo à distância de um mísero golo. E o F.C. Porto, que tantos marcara até então, ficou em branco.

Na fase de grupos, os dragões venceram apenas uma equipa. Dois triunfos frente ao Shakthar não chegam para uma equipa com pretensões europeias. Malafeev foi um gigante na noite fria da Invicta e Danny saiu por cima. Respondeu às provocações após o apito final, em tronco nu, de braços abertos para as bancadas, triunfantes. Bruno Alves, suplente utilizado, nem festejou.

Djalma traído pela ansiedade

O F.C. Porto entrou como devia e desperdiçou uma vantagem precoce. Djalma, a frio, não escondeu o nervosismo de um jogador de Liga convertido a aposta na Champions. Após soberbo passe de João Moutinho, o angolano perdeu tempo e acabou por rematar para espantosa defesa de Malafeev.

A formação russa apresentou-se em Portugal com um ponto de vantagem e assentou o seu jogo nessa premissa. Fez apenas um remate em toda a primeira parte, recuando linhas para suster a ofensiva azul e branca.

Danny, como esperado, foi presenteado com vaias a cada toque de bola. O português, colocado no flanco esquerdo do ataque, pareceu acusar a pressão e errou quase tudo o que fez na etapa inicial. A excepção surgiu perto do intervalo, com Danny a romper pelo centro e lançar Lazovic na direita. Rolando afastou o perigo.

James renascido ao centro

Vítor Pereira tinha de arriscar. Ao regressar das cabines, recuperou um homem de área, trocando Defour com Kléber. Para além disso, ganhou um factor de desequilíbrio. O Zenit, surpreendido, tardava em acertar na marcação a James, agora convertido a médio ofensivo.

O colombiano aproveitou esse factor-surpresa para criar vários lances de perigo após o recomeço do encontro. Hulk desperdiçou a primeira oportunidade, procurando marcar de ângulo apertado quando tinha dois companheiros isolados ao segundo poste. Logo depois, foi James a concluir o lance, pelo centro, atirando a centímetros do ferro.

O F.C. Porto mudou de rosto. Impulsionado por um detalhe, James recuperou a alegria e empurrou a equipa para o seu melhor período. Ao minuto 62, o Dragão recebeu uma boa notícia do Chipre. Shakhtar em vantagem no reduto do APOEL. Com um golo, o campeões português podia chegar ao primeiro lugar do grupo!

A equipa de Vítor Pereira tinha o futuro nas mãos. Dependia de si mesma para abandonar o último lugar do pódio, rejeitar o prémio de consolação e conquistar a liderança no acesso à próxima fase da Champions. Seria uma recta final de nervos, percebeu-se.

Maldito Malafeev

Malafeev era o principal problema para o F.C. Porto. Pelo menos, assumiu esse papel durante uma vintena de minutos, na etapa complementar. João Moutinho viu o guardião russo voar para mais uma defesa de grande nível.

Seguir-se-ia um período de tiros nos pés. Os jogadores portistas centraram a raiva no árbitro e discutiam cada decisão do espanhol. A razão de nada valia e redundava apenas na perda de tempo que jogava a favor dos visitantes.

James Rodriguez teve ainda uma oportunidade de ouro para entregar os milhões ao F.C. Porto mas Malafeev voltou a agigantar-se. O relógio sufocava. Varela e Belluschi em campo, Rolando transformado em ponta-de-lança, Bruno Alves já como adversário, tudo ao monte na confusão. Nervos à flor da pele, Danny picado com o banco portista, tanto e tão pouco para escrever. Acabou-se a Champions. Próximo destino: Liga Europa.