O Marítimo levou 41 minutos a perceber que era infinitamente superior ao Dila Gori. Ao fazê-lo, através de um inestimável golo de Heldon, os insulares sossegaram e partiram para um jogo autoritário e convincente. Com isso fizeram história: estão pela primeira vez na Fase de Grupos da Liga Europa.

O caminho não foi fácil, porém. Muito por culpa de uma ação impensada de Rodrigo António. Caiu, ficou sobre a bola e o árbitro considerou ter havido jogo perigoso passivo. Mostrou-lhe o segundo amarelo e o Marítimo teve de saber sofrer. Jogou 35 minutos reduzido a dez.

Nesse período, naturalmente, o Dila Gori arriscou tudo. Choveram bolas atabalhoadas para a área de Romain Salin, o guarda-redes francês esteve sempre concentrado e o contra-ataque passou a ser o plano de jogo concebido por Pedro Martins.

Numa dessas fugas para o ataque, Roberge entusiasmou-se de bola no pé, adiantou-a em demasia e comprometeu um lance de quatro avançados para quatro defesas. A eliminatória podia ter ficado logo ali sentenciada. Não ficou, mas daí não veio mal ao mundo maritimista.

No derradeiro instante, o endiabrado Danilo Dias foi lançado por Briguel, ganhou espaço, ultrapassou um defesa e fechou as contas. Inteligência, verticalidade, superioridade total dos portugueses: seis equipas nacionais na fases regulares das provas europeias.



FICHA DE JOGO E AO MINUTO

O Dila Gori teve desta vez o goleador Mate Vatsadze, um bom avançado, mas jamais pareceu capaz de amedrontar e colocar em causa a superioridade do oponente.

É verdade que ainda antes do golo de Heldon, o tal Vatsadze mandou uma bola à trave, mas mesmo essa jogada nasce de um erro crasso de Romain Salin. O guarda-redes francês largou uma bola fácil e podia ter complicado uma noite que nasceu simples e simples acabaria por se manter.

Do lado do Marítimo é justo sublinhar o grande trabalho de Rafael Miranda no meio-campo e a qualidade de passe de David Simão, até ser substituído. O golo de Heldon nasce, de resto, de um passe fabuloso do esquerdino cedido pelo Benfica.

Pedro Martins aproveitou ainda para fazer estrear o defesa Márcio Rosário, recentemente recrutado ao Náutico. Em inferioridade numérica, o treinador reforçou o bloco defensivo (Igor Rossi também entrou) e preferiu entregar a responsabilidade de ter a bola ao Dila Gori.

Uma responsabilidade excessivamente pesada para uma equipa limitada da cabeça aos pés. Só o Marítimo merecia seguir em frente, só o Marítimo teve capacidade de ser predominante. O momento dos madeirenses é uma página dourada no seu longo historial.