Parecia tão improvável antes do início, mas aconteceu. O Sporting venceu o poderoso Manchester City por 1-0 e parte para o segundo jogo em vantagem. Chegará para os quartos de final? Ficam muitas dúvidas, mas os leões garantem o direito de continuar a sonhar e com inteira justiça.

O City apresentou-se em Alvalade disposto a plantar armadilhas no meio-campo do Sporting, sempre em posse da bola, num ritmo pausado e apenas com acelerações pontuais. Os leões desvalorizaram o facto de jogarem em casa, talvez temendo que os ingleses os tramassem como tramaram o FC Porto no Dragão na eliminatória anterior. Abdicaram da bola e de metade do campo, ficando à espera de um passe com força a mais ou de um erro para soltarem os sprints de Capel e Matías. O encontro parecia um Real-Barça no Bernabéu, mas sem a emoção e tanto talento por metro quadrado.

Nos primeiros 45 minutos, aos portugueses pareceu sempre faltar um pouco mais de velocidade e inteligência nos contra-ataques, aos «Citizens» notou-se um jogo mastigado pelo miolo, também porque Milner não é extremo e o único que havia em campo, Silva, era chamado ao meio para organizar. Sem alas, Dzeko era inútil e Agüero obrigado a ter de ultrapassar muitas pernas até chegar à baliza.

Ingleses perigosos a espaços

A primeira parte não teve muitas oportunidades, embora a equipa de Sá Pinto possa ter ficado a lamentar-se, com alguns «ses» pelo meio. O primeiro chegou logo aos quatro minutos, quando Schaars falhou o chapéu perante um Hart adiantado. Pouco depois da lesão de Kompany - saiu aos nove, Lescott ainda aqueceu antes de entrar aos 11 (o que demonstra o grande controlo emocional dos britânicos) - João Pereira, servido por Izmailov, obrigou Hart a uma defesa apertada.

O City igualou rapidamente o número de oportunidades, sempre na sequência de bolas paradas. Kolo Touré obrigou Patrício a defender junto ao solo (12) após passe de Milner, que também serviu (24) Barry para um remate a passar bem perto do poste direito.

O intervalo não chegaria sem mais um punhado de tentativas leoninas, que pouco mais conseguiram do que uns «ahh» e aplausos das bancadas, e mais uma jogada perigosa do City, com Dzeko finalmente a aparecer em jogo (45) e a servir Agüero, que também de cabeça acertou na figura de Patrício.

No banco, saltava à vista o poder de fogo que Mancini ainda tinha: Pizarro, Adam Johnson, mas sobretudo Nasri e Balotelli. Um luxo que Sá Pinto não possuia. O melhor «joker» que o treinador do Sporting tinha era Carrillo. Mas o primeiro a entrar seria Pereirinha, para o lugar de Izmailov ainda antes da hora de jogo. E não entrou mal. Renato Neto e o peruano seriam as outras apostas, mais tarde.

A segunda metade começou com a mesma estratégia, com uma diferença: Milner na esquerda e Silva na direita. Foi daí que o espanhol partiu para criar a primeira oportunidade, rematando por cima, depois de um cruzamento de Kolarov ter passado toda a defesa e os dois avançados do City (48).

Xandão, e de calcanhar!

O golo dos leões surgiu logo depois (51). Matías acertou bem no livre, Hart defendeu para o lado e o improvável Xandão, à segunda e de calcanhar, fez explodir a festa.

Estava no entanto longe de estar acabado e Agüero provou-o logo na jogada seguinte. Valeu Patrício. E aos 60, Kolarov falhou por muito pouco, de longe.

Com Nasri primeiro e Balotelli depois, o City aumentou a pressão sobre os leões, que foram obrigados a recuar linhas. Mas antes do assédio final, o Sporting falhou o 2-0. Inteligente Insúa no cruzamento atrasado, faltou um pouco mais de colocação e força a Wolfswinkel, com Hart a defender.

Foi depois preciso sofrer. E o leão tem o mérito de se ter preparado para isso. Kolarov (69) ainda cruzou para a trave, Silva falhou o alvo após letra de Balotelli (69), e Xandão ainda salvou o empate (90). Mas o leão conquistou o prémio desejado. Com coragem!