Despedidas anunciadas, depressões profundas e, já agora, laivos de bom futebol em Matosinhos. Fim de linha para Leixões e Sporting na Liga 2009/10, duas equipas tão diferentes e, ao mesmo tempo, mergulhadas no mesmo mar de provações. Martirizados por trajectos corrompidos pelo falhanço, os conjuntos partilharam 90 minutos de ambiente soturno. O jogo acabou bem ganho pelo Sporting. Mas isso nem é o mais importante.

Belenenses vence em Setúbal (1-2) e deixa último lugar para o Leixões

Relevante é identificar a fonte dos problemas, a raiz dos medos e da incompetência destes dois projectos. O Leixões vai descer à Liga de Honra, numa época sublinhada pela falta de qualidade e pela perca de alguns bons elementos (Beto, Elvis, Roberto Sousa, Bruno China...) em relação ao brilhante ano anterior.

As caras novas não foram solução e a dispensa de José Mota, a 12 jogos do fim, assume contornos incompreensíveis. Com a vitória do Belenenses em Setúbal, os bebés do Mar acabam no último lugar. Não há casos de secretaria que lhes valha.

No Sporting, o enquadramento não é melhor: candidato ao título por obrigação histórica, foi um amontoado de dúvidas e equívocos. Os leões tinham obrigação de fazer muito, muito mais. No Mar venceram por 1-2 e venceram de forma inapelável, porém.

FICHA DE JOGO

A partida foi jogada a um ritmo baixo e teve Pedro Silva como o melhor em campo. A jogar na direita do meio-campo, o brasileiro fez a assistência para o golo de Miguel Veloso e marcou o segundo num belo pontapé de pé esquerdo.

Carvalhal e Castro Santos: despedidas macambúzias

Primeiro, as despedidas. Carlos Carvalhal disse adeus ao banco do Sporting e diz partir de consciência tranquila. Os números, contudo, não são brilhantes: 20 jogos e 34 pontos conquistados no campeonato. O treinador disse adeus, curiosamente, num palco que lhe é grato. Foi no Leixões que chegou à final da taça, estavam os bebés do Mar na II divisão, e perdeu precisamente diante do Sporting.

Fernando Castro Santos também picou o ponto de saída do Leixões. Sem meias-palavras, poucos terão percebido a aposta da direcção matosinhense nos seus préstimos. Sete pontos em 12 jogos é um pecúlio demasiado pobre e que dispensa mais comentários. As consequências são graves.

Instantes positivos numa noite triste

Agora, as depressões. Expressões tristes, conformadas, derrotadas pelo fio condutor do campeonato. Almas sem ponta por onde se lhes pegar, tamanha a desilusão evidenciada. Leixões e Sporting carpiram mágoas e atenuaram as dores com alguns capítulos de bom futebol.

Pedro Silva, o destaque do jogo

Os leões tiveram um Pedro Silva inspiradíssimo, já se disse, e uma maior segurança nas transições ofensivas. Além dos dois golos apontados, nota para um pontapé acrobático de Hélder Postiga, a obrigar Berger à melhor defesa da noite.

O Leixões até fez um jogo positivo, principalmente quando se viu a perder, e justificou plenamente o golo apontado por João Paulo. Os aplausos vindos das bancadas, nos últimos acenos da época, são enganadores, porém. Todos no clube têm razões de sobra para se sentirem frustrados e vencidos.

A tristeza não escolhe cara nem cor. Mais cedo ou mais tarde toca a todos. Desta vez, acertou em cheio nos corações de Leixões e Sporting.