No universo do futebol há geralmente três tipos de jogadores que entram no último ano de contrato sem renovação acertada.

Primeiro, há os que perderam valor de mercado desde que assinaram o contrato em vigor, e já perceberam que nos próximos seis meses terão, provavelmente, de optar por um clube menos ambicioso e/ou um contrato bem mais baixo.

Depois, os jogadores com estatuto que, tendo superado os 30 anos, entraram na fase da carreira em que a avaliação é feita anualmente, de parte a parte. Até perto do verão, esses têm todas as opções em aberto – da renovação à mudança de ares, passando pela retirada.

E, por fim, há as joias raras, aqueles que estão na fase triunfante da carreira e que, por calculismo próprio, ou imprudência do seu clube, se encontram com o destino nas mãos – livres para negociar com qualquer interessado – a partir do ano novo.

Olhando para os cinco principais campeonatos da Europa, e também para a Liga portuguesa, impressiona o número de jogadores que se encontram nessa situação: são mais de 500, e, mesmo aceitando que a grande maioria se enquadra no primeiro grupo, há entre eles muitos nomes capazes de fazer sonhar qualquer adepto, por mais distraído que tenha andado nos últimos tempos.

Xabi Alonso e Valdés: desfechos opostos?

Em Espanha, os dois nomes mais sonantes não oferecem dúvidas: no Real Madrid,
Xabi Alonso (32 anos) mantém o impasse negocial com o clube merengue, embora o treinador Carlo Ancelotti já tenha apelado à sua permanência. Se o destino do médio ainda é um foco de incerteza, já o guarda-redes Victor Valdés (31 anos), está um patamar à frente: já declarou no verão passado que não continua no Barcelona, e a partir de janeiro estará livre para anunciar o novo clube.

Abaixo dos 30 anos, talvez o nome mais apetecível seja o do médio
Raúl Garcia (27 anos), a recuperar influência na sensacional temporada do At. Madrid, embora as jovens promessas defensivas do Barcelona, Bartra e Montoya (ambos com 22 anos) estejam seguramente bem assinaladas em muitos radares, tal como o defesa Musacchio (24 anos, Villarreal).

Na categoria dos trintões, há nada menos de três internacionais portugueses de créditos firmados na lista de jogadores em fim de contrato: Eliseu (30 anos, Málaga), Tiago (32, At. Madrid) e Simão (34, Espanhol). Outros nomes bem conhecidos do futebol português são o avançado angolano Manucho (30 anos, Valladolid), o médio argelino Yebda (29, Granada) e o lateral campeão do mundo Capdevila (35 anos, Espanhol).

Chelsea e Man. United: momento de virar páginas

Na Premier League, o predomínio é, sem surpresa, para os trintões ilustres. No Manchester United, por exemplo, há quase uma defesa completa a caminho da secção dos saldos: Ferdinand, Vidic e Evra, a que se pode juntar o jovem lateral brasileiro Fábio (23 anos). E claro que não vale considerar Giggs como trintão: no caso do galês, os trintas já lá vão há algum tempo, tal como no do guarda-redes norte-americano Brad Friedel (Tottenham)...

No líder Arsenal, os trintões ilustres em fim de contrato são Rosicky (33 anos) e Sagna (30). Bem menos do que os pesos pesados do Chelsea, cujo futuro vai passar por José Mourinho: Terry, Lampard, Ashley Cole, além do recém-contratado Etoo

Mesmo acima dos 30, o inglês Lescott (Manchester City), o holandês Heitinga (Everton) e o búlgaro Berbatov (Fulham) ainda podem ambicionar clubes de razoável dimensão, algo mais difícil de estender a nomes como Duff (34 anos), Karagounis (36), ambos do Fulham, Anelka (34, WBA) ou Shola Ameobi (32, Newcastle).

Na classe, mais rara, de jogadores sub-30 com apreciável valor de mercado, o destaque vai para o defesa Kaboul (27 anos, Tottenham), para o avançado irlandês Shane Long (26 anos, WBA), para os internacionais suecos Sebastian Larsson (28 anos, Sunderland) e Kakaniklic (22, Fulham) e também para o português Ricardo Vaz Tê (27 anos, West Ham).

Na Bundesliga mora o nome mais cobiçado de entre os jogadores livres de contrato a partir de janeiro. Chama-se Robert Lewandowski, tem 25 anos, e é um dos melhores avançados da atualidade. Abundam os sinais de terá já condições acertadas com o Bayern Munique desde o último verão, embora só o possa assumir depois do Ano Novo. Além do polaco, também os brasileiros Diego (28 anos, Wolfsburgo) e Rafinha (28, Bayern) têm talento e idade para pôr grandes clubes no seu encalço, ao contrário de alguns nomes sonantes já do lado inclinado dos 30, como o peruano Claudio Pizarro (35) o croata Ivica Olic (34) e o norte-americano Jermaine Jones (32).

Em França, o protagonismo vai para o médio do PSG, Matuidi, que com 26 anos ainda não fechou a renovação com os parisienses, e o mesmo acontece com o extremo Menez, apesar de tudo uma peça menos influente na equipa de Laurent Blanc. Com nome sonante e num clube a atravessar crise profunda, o avançado Bafetimbi Gomis (28 anos, Lyon) é outro dos potenciais alvos de leilão já a partir de janeiro.

Em Itália, por fim, não surpreende que a Série A, o campeonato de elite onde a carreira dos jogadores dura mais tempo, seja rica em trintões de palmarés invejável, livres para chegar a acordo com qualquer interessado disposto a pagar um ordenado condizente com o estatuto: Pirlo, Cambiasso, Chivu, Diego Milito e Klose estão disponíveis. Por contraste, a categoria das pechinchas sub-30 está francamente limitada. Mas, ainda assim, há nomes interessantes como o do internacional holandês Emanuelson (27 anos), do lateral esquerdo do Génova e da seleção italiana, Luca Antonelli (26) ou mesmo do médio internacional sueco Albin Ekdal (24), do Cagliari.

Em Portugal: Fernando e os outros

Terminando com um olhar pelo panorama doméstico, um nome salta à vista, claramente acima dos 50 restantes: o de Fernando (FC Porto), um indiscutível com apenas 26 anos, seis temporadas na elite, e um estatuto comunitário recém-adquirido, com a hipótese de uma presença no Mundial em aberto.

Com boas hipóteses de estar no Mundial está também o nigeriano Elderson, em fim de contrato com o Sp. Braga e, a poucos dias de completar 26 anos, ainda com razoável margem de valorização.

Noutra perspetiva, vale a pena referir ainda dois nomes fortes do ataque do Marítimo, o caboverdiano Héldon (25 anos e oito golos nesta edição da Liga) e o guineense Sami (24 anos). Ainda como opções ofensivas a ter em conta, o animador do ataque do Belenenses, Fredy (23) e também o internacional sub-20 Caetano (22), cuja ligação ao Paços termina no Verão.

Ainda no Paços, o médio André Leão (28 anos, já com experiência no estrangeiro) será um dos valores seguros livre para negociar em janeiro com menos de 30 anos. Halliche, Makelele e Cleyton (Académica), também entram nesta categoria.

Já na categoria de veteranos com estatuto, volta a ser o FC Porto a fornecer os nomes mais sonantes: Lucho (32 anos) e Helton (35). Logo a seguir, num patamar de notoriedade, vem Alan (Sp. Braga), já com 34 anos. Entre outros nomes sólidos da nossa Liga, na órbita dos 30 anos e o passe na mão em janeiro, podemos incluir aínda os médios Leonel Olímpio (V. Guimarães), Bruno China (Académica) e Claudemir (Nacional), os avançados Miguel Pedro (V. Setúbal) e Marinho (Académica) e os guarda-redes Ricardo (Académica), Kieszek (V. Setúbal) e Adriano Facchini (Gil Vicente).