Seis jogos na Liga pelo Sporting, cinco deles a titular, e nada. Após 350 minutos do mais puro anonimato, a memória esforçava-se em vão por encontrar um momento em que Valdés tivesse acrescentado alguma coisa ao jogo da equipa. Em Leiria, tudo mudou num ápice: aos 7 minutos, um remate de fora da área passou perto do poste e serviu para avisar Gottardi do que estava para chegar.

Sete minutos depois, o médio, que pela primeira vez jogou no apoio ao avançado, colheu os benefícios da nova colocação no terreno, aparecendo como segundo ponta-de-lança para ocupar o espaço aberto pela deslocação de Postiga para a esquerda. O cruzamento foi bom, a recepção ainda melhor, e a conclusão, com classe, ilustrou a confiança recuperada de um jogador que parecia destinado a permanecer no limbo.

As dúvidas acabaram ainda antes do intervalo: recebendo um passe de Evaldo na esquerda, Valdés teve serenidade para rodar sobre si próprio e embalar para o meio. O remate, dirigido ao poste mais distante, não se limitou a dar a vitória ao Sporting: traçou uma linha divisória entre o antes e o depois de Leiria para um jogador que à nona jornada ganhou um novo espaço de afirmação.

Manda a prudência moderar expectativas, até porque ainda nada neste Sporting mostrou ser definitivo. Mas ficou provado, pelo menos, que num dia bom Valdés é capaz de resolver jogos. Uma conclusão que nem o mais acérrimo dos seus adeptos seria capaz de fundamentar com factos antes deste domingo.