Houve remontada, mas não romantada. Muito menos aconteceu um milagre. Houve golos e erros crassos quase em igual número. 

Os deuses não se intrometeram no duelo dos homens e acabou por seguir para a final quem menos errou, entenda-se, o Liverpool. Ainda assim, o triunfo da Roma acaba por ser um prémio justo para os seus gladiadores.

Porém, é seguro afirmar que o apuramento do Liverpool para a final da Liga dos Campeões – após um interregno de onze anos – nunca esteve em causa.

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A Roma precisava de marcar três golos antes do início do encontro para seguir em frente. Uma tarefa hercúlea e que se tornou-se quase utópica, logo aos nove minutos. Sadio Mané inaugurou o marcador e adensou a almofada de conforto inglesa na eliminatória. Erro grosseiro de Nainggolan que falhou o passe e deixou a bola nos pés de Firmino. O brasileiro aproveitou, de imediato, para lançar o contra-ataque dos ingleses e deixou o extremo senegalês na cara de Alisson para fazer o primeiro da noite.

Ao longa desta campanha, a equipa de Di Francesco ensinou-nos que nunca se dá por vencida. Faz das fraquezas força, transcende-se e luta muito. Contudo, esta noite também beneficiou do factor sorte, sobretudo no lance que deu origem ao empate. Milner viu (e sentiu) a bola pontapeada por Lovren embater no seu rosto e entrar na baliza de Karius (15'). 

Apesar do ligeiro ascendente da Roma na partida, as oportunidades junto da baliza de Karius escasseavam. Os inúmeros cruzamentos tirados pelos incansáveis Florenzi e Kolarov esbarravam nas torres vestidas de branco. Do outro lado, a vertigem do Liverpool colocava tremendas dificuldades à defesa contrária.

Pouco depois da meia hora, Mané viu Alisson negar-lhe o bis, depois de um lance sensacional criado por Robertson. Um minuto depois, o canarinho nada pôde fazer para travar o cabeceamento de Wijnaldum. Novo erro da defesa da Roma – impressionante a forma como não conseguiram aliviar a bola – associado a um infortúnio de Dzeko que colocou a bola na cabeça do holandês.

O Liverpool sentiu a quebra romana e baixou o ritmo de jogo. Optou por gerir a vantagem na eliminatória e viu os transalpinos agigantarem-se. El Shaarawy – um dos melhores em campo – atirou ao poste no final da primeira metade e deu o mote para o que viria a seguir.

Logo a abrir a etapa complementar, ao minuto 52, Dzeko aproveitou a defesa incompleta de Karius para empatar o jogo. O Olímpico de Roma acreditava e empurrava a sua equipa, na esperança de assistir a nova reviravolta épica.

Di Francesco aproveitou o ímpeto inerente ao golo e lançou o Under para o lugar de Pellegrini. Estendida em 4x4x2, a Roma criou várias oportunidades para manter o sonho de estar presente em Kiev vivo. O turco, Dzeko e El Shaarawy não conseguiram selar a cambalhota no marcador.

A espaços o Liverpool procurou chegar perto da baliza de Alisson e aliviar a pressão contrária. Ainda assim, o melhor que conseguiu foi um pontapé cruzado de Firmino para defesa apertada do internacional brasileiro.

Os últimos cinco minutos foram eletrizantes. Houve tempo para Nainggolan redimir-se do erro no golo inicial, mas não para atirar a discussão da eliminatória para o prolongamento. O internacional belga assinou o golo da noite com um pontapé forte e colocado de fora da área e, para lá da hora, chegou ao «bis», na cobrança de uma grande penalidade.

Trinta segundos após o quarto golo da Roma, o jogo terminou. Os romanos colocaram um ponto final na invencibilidade do Liverpool na Liga dos Campeões e saíram da prova de pé. Não ganharam um bilhete para Kiev, ganharam sim, o coração dos amantes de futebol.

Klopp atinge a segunda final europeia em três anos pelo Liverpool. À espera está o Real Madrid, uma das «vítimas» do técnico alemão na caminhada para a primeira final da Liga dos Campeões da sua carreira.