Os deuses da mitologia romana não quiseram nada com a Roma na visita a Camp Nou.

Não bastava terem pela frente a melhor equipa do Mundo – nas palavras de Eusebio Di Francesco – os italianos ainda foram acometidos por um azar de proporções épicas. Dois dos quatro golos que permitem ao Barcelona chegar à 2.ª mão dos quartos de final em posição privilegiadíssima (4-1) foram apontados por homens da equipa italiana.

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Até aos 38 minutos, quando o capitão Daniele de Rossi rematou na direção da própria baliza numa tentativa de evitar que um passe de Iniesta chegasse a Messi, a Roma até estava a conseguir controlar o ímpeto culé.

Com Nélson Semedo (exibição discreta) a titular e a cumprir a primeira aparição desde 24 de fevereiro, Messi e companhia sentiam demasiadas dificuldades para furar o bloco defensivo romano, um pouco à semelhança do que havia acontecido na primeira mão da eliminatória anterior com o Chelsea em Londres.

Apesar de ver negadas pelo Barça as constantes tentativas de defender com um bloco alto, a Roma mostrava-se coesa, tapando constantemente os caminhos da baliza de Alisson.

Convém dizer que o azar não andou sempre de costas voltadas para a equipa visitante. Aos 19 minutos, um remate em arco de Rakitic esbarrou em cheio no poste esquerdo e Alisson teve asas para evitar quase miraculosamente um golo a Suárez. Os italianos, que na última visita a Camp Nou (2015/16) tinham sido vergados a uma pesadíssima derrota por 6-1, olhavam para o céu e agradeciam a Júpiter.

Só que a ação omnipotente do deus da mitologia romana ficou-se por aí.

Daniele De Rossi falhou e pôs o motor do conjunto culé a trabalhar. Ainda que sem a rotação alta do costume, até porque faltava profundidade ao Barcelona, demasiado refém das ações individuais de Messi, quase sempre rodeado de muitos adversários.

No arranque da segunda parte, a Roma subiu em bloco e chegou a encostar a espaços o Barcelona ao seu meio-campo defensivo. Aos 50 minutos, Umtiti quase não encontrava saída para o cerco das tropas romanas dentro da área blaugrana.

Camp Nou respirava de alívio, agradeceu à sorte aí e voltaria a ter razões para isso uns minutos depois. Contado ninguém acredita: Rakitic cruzou para a área, Umtiti atirou ao poste, antes de a bola bater em Manolas e seguir a direção da baliza: 2-0 para o Barcelona, dois golos marcados por jogadores da equipa italiana.

Lei de Murphy, está a ver: «Qualquer coisa que possa correr mal…»

O triste fado transalpino é uma mala cheia de dinheiro para os catalães nesta Champions: são já cinco os golos apontados por jogadores adversários que os beneficiam.

O segundo golpe de autoflagelação levou a Roma a um estado de loucura que se arrastou por alguns minutos: aos 59’, Piqué inscreveu pela primeira vez o nome de um jogador do Barcelona na folha de golos da partida, numa recarga a um remate de Suárez defendido por Alisson.

As alterações introduzidas por Eusebio Di Francesco a partir da hora de jogo melhoraram os romanos e o Barcelona passou por um mau bocado sobretudo nos 15 minutos finais. Depois do recém-entrado Defrel e Perotti terem estado perto de marcar, o apagadíssimo Dzeko lembrou Camp Nou que, afinal, estava em campo há 80 minutos.

Mas o último ato pertenceria aos catalães. Já com André Gomes em campo (o português entrou aos 83’ para o lugar de Sergi Roberto), Suárez aproveitou um corte deficiente para se estrear, imagine-se (!), a marcar nesta edição da Liga dos Campeões e fixar o resultado final em 4-1.