A FIGURA: Mertens. Entrar para revolucionar

Mertens: Gabbiadini ou Mertens de início? Maurizio Sarri alimentou a dúvida na conferência de imprensa de antevisão ao jogo, mas garantiu que contava com o belga para agitar as águas quando assim o entendesse. Foi o primeiro homem a saltar do banco pouco depois do arranque da segunda parte e, a partir daí, a equipa italiana ganhou uma nova alma no ataque. Dois minutos em campo bastaram para isolar, com um toque subtil, Callejón, que não desperdiçou a cortesia e abriu o ativo. Fez o 2-0 aos 78 minutos em mais um lance onde ficou patente toda a sua qualidade técnica: foram três golos ao Benfica em dois jogos. Não era por falta de aviso…

O MOMENTO: golo de Callejón, 58’

Depois de uma primeira parte muito equilibrada, a segunda parte começou mais nervosa e com erros de parte a parte. O maior deles foi, no entanto, cometido pelo Benfica. Luisão saiu da defesa em linha para tentar intercetar um passe, mas chegou tarde e não só permitiu que Mertens isolasse Callejón, que aproveitou uma cratera para abrir a contagem para os italianos, que controlaram o jogo por completo a partir daí.

OUTROS DESTAQUES

Raúl Jiménez: relegou Kostas Mitroglou para o banco e voltou a demonstrar que tem apetência para ambientes de Champions. Incansável na procura de espaços na frente de ataque, puxou do gatilho várias vezes. Aos 24’ rematou com perigo para defesa atenta de Reina. Correu quilómetro mesmo na pior fase do Benfica e acabou o jogo muito desgastado. Ainda assim, nunca baixou a guarda e teve resiliência e perspicácia para aproveitar um deslize de Albiol e bater Reina para o golo de honra dos encarnados.

Gonçalo Guedes: à semelhança do parceiro do ataque, demonstrou sempre muita entrega e capacidade de luta. Enorme amplitude de movimentos, ajudou a compensar um pouco a desinspiração de Salvio na direita. Teve nos pés uma das melhores oportunidade do Benfica. Foi rendido por Rafa aos 57 minutos quando nada o fazia prever e, por isso mesmo, aqui vai a pergunta: problemas físicos?

Nélson Semedo: pulmão enorme do lateral direito dos encarnados, sempre pronto para apoiar o jogo ofensivo da equipa. Ainda tentou a sorte mais ou menos da zona onde há duas semanas marcou um golaço ao Besiktas na Turquia. Enorme corte a tirar o pão da boca a um homem do Nápoles já perto da meia hora de jogo, quase borrou a pintura aos 35 minutos quando perdeu a bola para Ghoulam junto à linha de fundo quando os homens de Rui Vitória já se começavam a mobilizar para a transição ofensiva. Ederson salvou-o. Muito discreto na segunda parte, pagou pela falta de acerto de toda a equipa.

Ederson: se o segundo golo na Madeira tivesse motivado uma certa dose de desconfiança nos adeptos do Benfica, o guarda-redes brasileiro tratou de mostrar que podem continuar a contar com eles. Duas defesas seguríssimas quase seguidas já dentro dos últimos dez minutos da primeira parte: primeiro esticou-se para a esquerda e evitou o golo a Callejón; depois brilhou no cara a cara com Gabbiadini. Sem hipóteses nos golos sofridos, ainda evitou o terceiro a Zielinski na reta final.

Callejón: muito rematador, foi o responsável por alguns do maiores calafrios causados a Ederson. Marcou um, mas podia regressar a Itália com mais um ou outro no currículo.

Hamsik: começou o jogo com pezinhos de lã mas, à semelhança dos companheiros, elevou o nível na etapa complementar. Notável o grau de exatidão que consegue em passes em profundidade. Torna o futebol tão simples.