Pela primeira vez esta época, o FC Porto foi curto. Na defesa, no ataque, na imaginação, na finalização. Ficou a dever um pouco em todos esses capítulos e, tudo somado, reprovou no exame da Champions. A derrota a abrir com o Besiktas (1-3), a primeira de sempre frente a um rival turco, obriga a ganhar pontos fora de casa para atingir o objetivo de chegar aos oitavos de final. O empate do Mónaco em Leipzig comprova o que já se achava sobre este grupo: tudo pode acontecer. Depois de hoje, não é mau para o FC Porto.

Se este jogo era o algodão, a prova dos nove para perceber o que valiam as ideias de Sérgio Conceição frente a um rival de nível alto, depois da boa resposta em Braga, a conclusão a tirar é que o meio campo a dois pode ser curto quando a exigência aumenta. Era uma ideia que já vinha a pairar sobre a equipa e que se confirmou. Até porque quando mudou o esquema, no início do segundo tempo, o FC Porto cresceu, empurrou o rival e foi melhor como nunca na primeira metade.

Conceição apostou no onze previsível, mantendo a ideia de sempre e juntando Soares e Marega na frente, face à ausência do castigado Aboubakar. Mas o Besiktas respondeu com um miolo mais povoado, com Hutchinson e Ozyakup a segurarem bem Danilo e Óliver, e Talisca a aparecer para as sobras. Fossem atrás ou à frente. Aliás, foi assim que o ex-benfiquista, assobiado desde a primeira vez que o seu nome soou na instalação sonora, abriu o marcador, logo ao minuto 13. O brasileiro antecipou-se a Marcano, vindo detrás, e cabeceou para o fundo da baliza um centro teleguiado de Quaresma.

No regresso ao Dragão, tal como Pepe, Quaresma foi uma das figuras da noite. Recebeu aplausos nos pontapés de canto e uma ovação monumental quando foi substituído. O Dragão não esqueceu o seu ídolo e, por segundos, o resultado foi posto de parte em detrimento da homenagem.

Voltando ao jogo, o FC Porto só começou a joga-lo, verdadeiramente, depois de já estar a perder. Despertou num pontapé de Óliver Torres ao poste e renasceu com o golo do empate, aos 21 minutos. Um autogolo do central Tosic, após canto.

Era a melhor fase do FC Porto, até então, que, dois minutos depois, ficou perto de voltar a marcar, num lance a meias entre Marega e Corona. Fabri defendeu para canto. Carregava o FC Porto, mas...o Besiktas marcava. Cruel. O 2-1 foi o momento chave do jogo, por vir numa altura em que o FC Porto era claramente melhor. O remate de Tosun, um belo jogador, saiu forte, mas era muito longe e parecia defensável para Casillas. Não foi. Deveria ter feito mais o espanhol, que em meia hora sofria dois golos depois de cinco jogos seguidos a zeros.

Ao segundo golo, o FC Porto já não conseguiu responder como ao primeiro. Pelo menos até ao descanso. Ainda viu Soares ameaçar num remate a rasar o poste, mas pertenceram ao Besiktas as melhores ocasiões desde aí. Ozyakup, na mais flagrante, atirou ao lado já dentro da área.

Ao intervalo, Sérgio Conceição mudou muito. Tirou Óliver, que estava a ser dos melhores, e Corona. A substituição do mexicano começa a ser um clássico. Entraram André André e Otávio, ambos para o miolo: à frente de Danilo e atrás de Soares. Mudava o esquema e o FC Porto carregou.

Mas carregou com pólvora seca. Jogou muito mais tempo no meio campo adversário do que na primeira parte, mas a imaginação não abundou. Brahimi, como quase sempre, foi o que mais tentou fazer diferente. Marega, não estando mal, não chegou para incomodar verdadeiramente.

Poderia ter sido diferente se Soares, aos 61 minutos, tem acertado a finalização na cara de Fabri, ou se Ozyakup, não estivesse em cima da linha para tirar o cabeceamento de Marcano, três minutos mais tarde. Mas são duas hipóteses que não tiveram eco no jogo. Não passaram disso: «ses».

A verdade é que a vontade do FC Porto esbarrou na linha defensiva turca, que nem foi especialmente organizada mas chegou para as encomendas. E, para um castigo ainda mais cruel, Ryan Babel fez o 3-1 na reta final acabando mais cedo com as remotas esperanças portistas.

O resultado é pesado para o Dragão, mas os sinais são evidentes: Sérgio Conceição tem feito um excelente trabalho dadas as limitações que tem pela frente. Mas a Liga dos Campeões é a piscina dos adultos. E ali, ou se sabe nadar ou é preciso bóias. Esta noite, nem uma coisa nem outra.