Outra vez um play-off de Liga dos Campeões e outra vez os adeptos apreensivos para a segunda mão. O Sporting tem um problema europeu. Ou pelo menos com a qualificação para a Champions. É um problema histórico.

Por muito que em Alvalade se tenham disputado apenas 90 minutos de uma eliminatória, aquele facto é indesmentível. Mesmo que tenha havido um milagre para ser cabeça de série e de ter qualidade individual superior aos romenos. Aliás, o encontro com o Steaua apenas reforçou aquela ideia. Tentar resolver esta espécie de mistério - umas vezes o adversário foi o Inter, noutras equipas italianas de valia, outras a arbitragem - é, porém, mais complicado do que perceber o jogo desta noite.

Uma partida em que o leão foi brando e podia ter acabado a lamber feridas. Um jogo que deixa tudo em aberto para Bucareste, é certo. E essa é a melhor notícia em Alvalade. Não se ganhou nada, mas também não se hipotecaram os milhões da Champions, apesar dos eventos deste jogo.

A jogada de Acuña e depois mais nada

A notícia de que Fábio Coentrão fora convocado vinha seguida de uma outra: ia ser titular. Ele e mais Piccini, Battaglia, Acuña e Podence. Quatro jogadores em estreia na Europa.

O leão até entrou a rondar a área adversária, Podence atirou uma primeira tentativa, de zona frontal, ao lado e Mathieu seguiu-lhe na pontaria, após cruzamento de Acuña.

E aqui ficam dois apontamentos: até aos minutos finais, em que esteve em superioridade, o Sporting raramente conseguiu ter jogo interior e superiorizar-se em zona frontal. Claro, é, possivelmente, a parte mais difícil. Mas é aí que se marcam as diferenças. Entre o remate de Podence e os cinco minutos finais, apenas uma ocasião criada naquele corredor: a que Acuña atirou ao poste.

Durante o primeiro tempo, essa foi a melhor oportunidade do Sporting. Porque o segundo apontamento remete para o número de cruzamentos que o leão fez para a área contrária. O número de cantos foi elevado, mas as vezes que colocou a bola na área, de longe, também. Demasiado fácil para a defesa contrária, demasiado difícil para Bas Dost.

Do lado oposto, a estratégia foi bastante simples. Sair rápido. E quando pressionado, jogar direto no ponta de lança. Alibec causou problemas, sobretudo no primeiro tempo, em que podia ter marcado. Patrício negou-lhe o golo mais do que uma vez e o que se regista é que o guardião leonino teve mais trabalho que Nita, do outro lado. Até, sublinhe-se, ao momento em que o Steaua passou a jogar com dez.

A segunda parte foi muito semelhante à primeira durante vários minutos. O Sporting era confuso a meio. Adrien até parecia um corpo estranho à equipa; Podence baixava e baixava para receber, mas sem efeitos. Gelson e Acuña tentavam no um para um, enquanto os laterais Coentrão e Piccini pouco acrescentaram ao jogo ofensivo do leão.

Pelo menos, o Steaua saiu menos vezes para o contragolpe do que antes. No entanto, quando o fez, o universo verde e branco ficou em suspenso. Alibec, claro, lançou Enache e o lateral atirou ao lado na cara de Patrício.

A partir daí houve outro jogo. Porque Pintilii foi expulso e o leão, já com Bruno Fernandes em campo, foi à procura de fazer valer essa superioridade. Jogou com o coração, esteve na área e em posição de marcar várias vezes, mas Nita foi o último herói da noite. Para mal do Sporting, claro, que pela primeira vez não venceu uma equipa romena em casa e, agora, vai ter de ir buscar os milhões da Champions a Bucareste, para ver se afasta de vez este problema europeu que tem.