O Benfica caiu na Luz aos pés do poderoso Bayern na entrada em cena na fase de grupos da Liga dos Campeões. A atitude abnegada das águias não foi suficiente para travar uma das mais competentes equipas europeias, cuja superioridade foi indiscutível ao longo dos 90 minutos.

Rui Vitória tinha prometido um Benfica com «arrogância positiva» para esta quarta-feira e, reconheça-se, os encarnados entraram agressivos no jogo, sobretudo a tentar condicionar a saída do Bayern Munique.

De regresso à fórmula que valeu o apuramento para a fase de grupos da Liga dos Campeões, com Fejsa, Pizzi e Gedson no meio-campo e Seferovic (pouco) apoiado por Salvio e Cervi no ataque, as águias desempenharam essa missão com competência, mas ainda assim sem a acutilância necessária para provocar abalos numa defesa repleta de jogadores com bons pés e capazes de encontrar, sem grandes sobressaltos, saídas para aparentes estrangulamentos.

Os efeitos perversos da pressão alta

O golo do Bayern, apontado por Robert Lewandowski aos 10 minutos, atesta a competência e, mais do que isso, a matreirice do hexacampeão da Alemanha. Logo a seguir a uma má definição de Cervi no último terço, o conjunto bávaro lançou-se em velocidade para a frente: começou em Kimmich, passou por Renato Sanches – titular no regresso à Luz – até chegar a Lewandowski, que atirou com frieza para a baliza de Vlachodimos depois de tirar Grimaldo do caminho.

O 0-1 deixou a nu uma evidência que o Benfica tentara até aí disfarçar com uma atitude estoica: que a manta era curta. E era curta porque sempre que Gedson e Pizzi tentavam pressionar alto e os homens de Hummels conseguiam furar o bloco, chegaram não raras vezes ao último terço com o mesmo número de unidades. Aí, as individualidades fizeram o resto perante um setor defensivo encarnado demasiado macio

Até ao Benfica estabilizar, na segunda metade da primeira parte, a equipa alemã dispôs de mais duas boas ocasiões para chegar ao golo: primeiro por Robben na cara de Vlachodimos e depois por James Rodríguez.

OS DESTAQUES DO BENFICA-BAYERN

Em vantagem no marcador e sem necessidade de correr riscos desnecessários, o Bayern tirou ritmo ao jogo, o Benfica reorganizou-se e cresceu. Salvio esteve perto do empate aos 28 minutos, mas era preciso mais para bater Neuer.

Foram sensivelmente 15 minutos em que a equipa portuguesa conseguiu bater-se olhos nos olhos com o colosso alemão e nos quais a bola queimou menos do que nos 20 minutos iniciais.

O sonho desfeito por Renato

A magra vantagem do Bayern ao intervalo dava às águias margem para acreditar, mas a crença esfumou-se aos 54’. O envolvimento de Alaba no ataque desequilibrou uma defesa encarnada aos papéis, que deixou Renato Sanches aparecer sozinho no coração da área para fazer o 0-2 que sentenciaria a partida.

O médio ex-Benfica merece um parágrafo inteiramente dedicado a ele. Pelo futebol que praticou no regresso à Luz, pela energia inesgotável como há muito não se via nele e pela comunhão arrepiante com os cerca de 60 mil adeptos, que aplaudiram o internacional português após o golo apontado.

A perder por dois golos, a equipa de Rui Vitória procurou o tento de honra na última meia hora de jogo. Há que dizê-lo que talvez tenha produzido o suficiente para merecê-lo, sobretudo após as entradas de Rafa e Gabriel, que deixou boas indicações para o futuro. Em gestão, o Bayern também espreitou o terceiro, que Vlachodimos impediu nos instantes finais a Robben.

O Benfica arranca a Champions 2018/19 com uma derrota, a oitava seguida na fase a doer da competição. Foi combativo, solidário e pressionante, é certo, mas as diferenças que separam o vice-campeão nacional do crónico campeão alemão foram demasiado vincadas.

Talvez por aí se percebam os aplausos do público no cair da cortina.