O Sporting resiste na Liga dos Campeões com um empate que lhe permite, pelo menos matematicamente, continuar a ver os «oitavos» no horizonte, mas na verdade o resultado acaba por ser uma desilusão para os leões, depois de uma primeira parte de luxo em que conseguiram atar a «vecchia signora», de pés e mãos, e em que se adiantaram no marcador. A equipa de Massimiliano Allegri só conseguiu reagir no segundo tempo e segurou o segundo lugar, a dez minutos do final, com um golo de Higuaín.

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Jorge Jesus fez das fraquezas do Sporting, uma força consistente, aproveitando o facto de ter de reconstruir praticamente toda a defesa – só sobrou Coates – para construir uma equipa solidária e muito bem instruída a nível tático para o que aí vinha, desenhada para anular por completo os habituais movimentos ofensivos da Juventus. Ristovski, André Pinto e Jonathan Silva recompuseram a dilacerada defesa, Battaglia rendeu William Carvalho à frente do quarteto defensivo, enquanto a dupla de Brunos, César e Fernandes, jogava mais à frente, entre Gelson e Acuña, no apoio a Bas Dost.

Uma equipa que funcionava em harmónio, esticando para atacar, encolhendo para defender. Foi este movimento defensivo que anulou, em boa parte do jogo, as movimentações de Pjanic e Dybala, os construtores da «vecchia signora» que, sempre que pegavam na bola, viam-se rodeados de jogadores, sem hipóteses de imprimir velocidade e de fazer a bola chegar à frente alargada de ataque da Juve. Massimiliano Allegri apostou num onze inclinado para a frente, mas ficou em minoria na zona do campo onde quase tudo se decidia.

Um verdadeiro colete-de-forças, com Battaglia em plano de destaque na marcação a Dybaka, que a Juventus não se conseguiu libertar ao longo de toda a primeira parte. Uma pressão constante que obrigava os italianos a cometer erros atrás de erros, abrindo caminho para saídas rápidas para o Sporting, com Gelson e Acuña a obrigarem a defesa italiana a esticar-se para cobrir as alas. Depois de implementado o plano com sucesso, os leões foram subindo linhas, como um rolo compressor, conseguindo pressionar e recuperar bolas cada vez mais perto da área de Buffon. Num desses lances, Gelson Martins, mais audaz do que nunca esta noite, abriu uma brecha à entrada da área italiana, com sucessivos dribles entre os centrais e rematou rasteiro, para defesa apertada de Buffon. O experiente guarda-redes, melhor do Mundo para a FIFA, defendeu para a frente e Bruno César não perdoou.

Perfeito. Além de controlar o campeão italiano, o Sporting, tal como em Turim, voltava a adiantar-se no marcador. Mais do que isso, continuava a controlar o jogo e, até ao intervalo, deixou mesmo a «vecchia signora» imoperacional, sem conseguir esboçar uma reação. Tirando uma cabeçada de Higuaín, a cruzamento de Cuadrado, a Juventus não conseguiu incomodar Rui Patrício nos primeiros 45 minutos.

A segunda parte começou com a Juventus, com as linhas em mais adiantadas, a procurar encostar o Sporting à sua área, mas uma fuga do supersónico Gelson deixou claro que a equipa de Alvalade não se ia entregar assim tão facilmente. Nos minutos seguintes, a Juve conseguiu, de facto, jogar mais perto da área de Patrício, com Cuadrado, bem ativo sobre a direita, a colocar muitos problemas a Jonathan Silva, mas os leões iam respondendo com contra-ataques vertiginosos, com Bas Dost a imitar Gelson.

Mas a verdade é que a Juventus estava agora bem mais solta, Dybala entrava finalmente em jogo e Jorge Jesus teve de voltar a apertar o colete, juntando Palhinha a Battaglia e prescindindo de Bruno César. Allegri, em sentido contrário, lançava Douglas Costa para a frente de ataque, abdicando de De Sciglio e fazendo recuar Cuadrado para a defesa do flanco. Vinham aí momentos de sofrimento para os leões e o empate esteve mesmo à vista, numa cabeçada de curta distância de Higuaín a que Rui Patrício correspondeu com a defesa da noite. Douglas Costa conseguiu reanimar o flanco esquerdo, mas a verdade é que a Juventus continuou coxa, com o recuo de Cuadrado e com Mandzukic em noite pouco inspirada.

Confira os destaques do jogo: Gelson incendiou Alvalade, mas Higuaín pôs água na fervura

Os leões iam dando conta do recado, com mais dificuldades do que na primeira parte, mas a verdade é que iam anulando, uma a uma, todas as iniciativas dos italianos. A pressão dos italianos foi crescendo com os minutos a correr e o empate chegou mesmo, a dez minutos do final, com Cuadrado [tinha de ser ele] e subir pelo flanco e a lançar Higuaín que atirou a contar perante a saída de Patrício. Balde de água fria em Alvalade. Já com Doumbia em campo, no lugar de Bas Dost, Bruno Fernandes ainda ameaçou recuperar a vantagem, com um remate fora da área, mas passou por cima.

O empate não deixa já o leão fora de combate, uma vez que continuam a três pontos da Juventus e ainda faltam dois jogos por disputar, mas um deles será no Camp Nou. Vida difícil para o Sporting, mas a verdade é que, ao fim de quatro jogos, ainda pode continuar a sonhar.