Ponto forte: bolas paradas
O Schalke tem revelado algumas dificuldades para chegar ao golo quando a equipa adversária está organizada defensivamente, mas tem compensado isso algumas vezes com eficácia nos lances de bola parada. Foi dessa forma que conseguiu sete dos dezasseis golos apontados até ao momento, com destaque para a influência dos centrais neste aspeto (Matip, Höwedes e Neustädter, nomeadamente)

Ponto fraco: fragilidade defensiva, sobretudo em transição
O Schalke tem revelado fragilidade defensiva esta época, também pelas várias mexidas forçadas no setor mais recuado (analisadas adiante neste artigo). Os problemas sentem-se sobretudo na transição defensiva, com seis dos dezasseis golos sofridos a surgirem dessa forma.

A figura: Draxler
Ídolo dos adeptos, o médio ofensivo de 21 anos é, indiscutivelmente, o grande craque da equipa, mas esta época anda longe do verdadeiro nível. No último jogo esteve em destaque, com um golo e uma assistência. Tem agora dois golos e duas assistências, o que é pouco para o que vale. Tem jogado a partir do flanco esquerdo, mas procurando sempre a zona central parar criar desequilíbrios.

Onze base:



FÄHRMANN: formado no Schalke, saiu em 2009 para o Frankfurt mas voltou dois anos depois, quando Neuer saiu. Uma lesão grave sofrida em 2011 travou a sua afirmação, mas foi também um problema físico do ex-sportinguista Timo Hildebrand que lhe permitiu agarrar a titularidade na época passada, com exibições de bom nível. Não está na primeira linha da «fornada» de guarda-redes alemães, mas mostra-se fiel à escola deste país: frieza, bons reflexos, qualidade no 1x1 e pragmatismo nas frequentes solicitações para jogar com os pés.

UCHIDA: falhou o início de época devido a lesão, mas no final de setembro regressou à competição para recuperar o lugar com absoluta normalidade. É um lateral de elevada qualidade, que revela competência no processo defensivo, certeza no passe e acutilância nas subidas pelo corredor.

MATIP: internacional camaronês mas nascido na Alemanha e formado no Schalke, onde chegou com nove anos. Agora, aos 23, é um central bem promissor, não só pela elevada estatura (1,93m) mas também pela rapidez. Competente no passe, é muitas vezes o alvo preferencial para iniciar os ataques, para além de ser muito perigoso nos lances de bola parada (dois golos).

NEUSTÄDTER: filho de Peter Neustädter, antigo internacional pelo Cazaquistão, nasceu na Ucrânia, onde o pai estava a jogar em 1988 (no Dnipro). Médio defensivo de raiz, tem sido utilizado sobretudo como central, para colmatar a lesão do capitão Höwedes.

FUCHS: internacional austríaco de 28 anos com um pé esquerdo perigoso, sobretudo a cruzar, mas permeável defensivamente, sobretudo pela falta de velocidade. Pode jogar também como médio, sempre pelo flanco esquerdo.

AOGO: lateral esquerdo de raiz, parece fixar-se cada vez mais como médio-centro. Na posição de origem é um jogador muito ofensivo, mas que também desprotege muito a retaguarda. No meio-campo tem dado uma boa resposta, revelando sentido posicional e uma capacidade de passe assinalável. O seu pé esquerdo deve ser motivo de preocupação na cobrança de lances de bola parada.

BOATENG: no Milan jogava bem mais adiantado no terreno, uma vez que no Schalke tem atuado maioritariamente no «duplo pivot» de meio-campo, embora ocasionalmente apareça também como uma espécie de «número 10». É um jogador intenso, combativo, mas que não tem o perfil adequado para assumir a organização de jogo da equipa. Destaque para o elevado número de vezes em que remata de fora da área.

CHOUPO-MOTING: contratado esta época, após o final de contrato com o Mainz, o internacional camaronês apresenta-se como o extremo mais puro do plantel. É o jogador que mais largura dá ao ataque da formação alemã, que mais gosta de jogar junto à linha e encarar os adversários, sem que isto condicione a mobilidade. É o segundo melhor marcador da equipa, com três tentos, e está entre o grupo de jogadores com mais assistências (duas).

MEYER: formado no clube, é um médio ofensivo de enorme qualidade técnica, que aos 19 anos já se estreou pela seleção germânica. Neste início de época tem estado, contudo, bastante apagado. Aparecendo mais como segundo avançado do que propriamente como «10», passa muito tempo «escondido» do jogo, sem bola. Tem apenas um golo esta época, e nenhuma assistência.

HUNTELAAR: já vai na quinta temporada em Gelsenkirchen, e com direito a estatuto de sub-capitão. Não se conseguiu afirmar no Real Madrid e no Milan, mas é um finalizador de grande qualidade. Extremamente inteligente na forma como se movimenta na área e também na forma como define os remates, é uma figura muito importante deste Schalke.

Outras opções:
O Schalke tem registado muitas alterações no «onze», ao longo da época, sobretudo no setor defensivo, por força de uma onda de lesões. Habitualmente titular, o capitão Höwedes fez apenas quatro jogos até ao momento, por esse motivo, enquanto que o brasileiro Felipe Santana também está afastado da competição desde o final de agosto. Jan Kirchhoff, central/médio defensivo emprestado pelo Bayern de Munique, só regressou à competição esta semana, após um mês e meio de ausência, e o lateral esquerdo bósnio Kolasinac só volta em 2015, por força de uma lesão grave no joelho direito.
Perante este cenário o jovem Kaan Ayhan, de apenas 19 anos, tem sido a principal alternativa para o setor mais recuado, jogando a lateral direito ou central, sobretudo, mas também como médio defensivo. Höger apareceu três vezes como lateral direito, na ausência de Uchida, mas teve cinco oportunidades como titular no meio-campo, assumindo-se como alternativa a Aogo e Boateng. É que a onda de lesões afetou sobretudo a defesa, mas não ficou por aí. O jovem Leon Goretzka só deve regressar à competição no final do mês, por causa da lesão sofrida na pré-época, e o irreverente médio ofensivo Jefferson Farfán só é esperado no início do próximo ano.
A principal alternativa ofensiva é, por isso, Sidney Sam, que foi titular em sete ocasiões mas a um nível muito discreto, e o ex-Leverkusen também está agora a voltar aos treinos depois de lesão. O Schalke tem ainda Tranquillo Barnetta (também ex-Leverkusen) para o setor intermediário, mas até agora foi titular apenas uma vez, tal como Clemens, que pode funcionar como extremo ou avançado. O nigeriano Obasi ainda espreita a oportunidade para jogar de início pela primeira vez, embora tenha sido suplente utilizado em cinco ocasiões.

Análise detalhada:
Com apenas duas vitórias alcançadas nos dez primeiros jogos oficiais da época, a direção do Schalke decidiu prescindir dos serviços do técnico Jens Keller, que tinha assumido o cargo há pouco menos de dois anos, depois de ter sido promovido da equipa de sub-17. O escolhido para a sucessão foi Roberto di Matteo, que em 2012 também teve uma promoção, de adjunto de Villas-Boas a seu sucessor, e que acabou por vencer a Taça de Inglaterra e a Liga dos Campeões.

Agora contratado pelo Schalke, o técnico italiano acaba por ser uma má notícia para o Sporting. Não só pelo habitual efeito imediato de uma «chicotada», visível no triunfo sobre o Hertha (2-0), mas também pela circunstância de esse ter sido o único jogo que Roberto di Matteo orientou antes da receção ao Sporting.
A equipa técnica liderada por Marco Silva terá de lidar com demasiados pontos de interrogação, nesta altura, mas em todo o caso não pode rasgar as notas anteriores. Por mais que as ideias do novo técnico do Schalke sejam diferentes, o tempo para as introduzir foi curto, pelo que é preciso levar em conta a realidade que encontrou.

Habitualmente apresentado em 4x2x3x1, o Schalke é uma equipa algo limitada na primeira fase de construção de jogo. O «duplo pivot» de meio-campo é formado normalmente por Aogo e Boateng, dois jogadores com qualidade mas que foram adaptados a esta posição. Não fogem à responsabilidade de pegar no jogo, de ir buscar a bola aos centrais, mas impõem uma circulação de bola demasiado pausada, pouco agressiva.
O Schalke sai preferencialmente pelas laterais (sobretudo quando tem Uchida), até porque a outra opção utilizada é corresponder ao movimento dos extremos, que deixam o flanco para a subida dos laterais e fazem a diagonal para uma zona interior. Só que estes passes, que partem normalmente dos centrais ou dos médios defensivos, são executados tendencialmente a uma distância elevada, e com o recetor de costas. Uma situação que acarreta muitas perdas de bola e que está diretamente ligada aos tais seis golos sofridos de contra-ataque, de um total de dezasseis [imagens A e B da galeria acima apresentada].

Alerte-se, contudo, para a ameaça que representa as incursões de Draxler para zonas interiores, pela capacidade para rodar sob pressão e depois embalar em direção à baliza com uma «pedalada» difícil de travar. Embora jogue normalmente a partir da esquerda, Draxler aparece muito na «posição 10», trocando com Meyer, o outro jovem craque saído da formação do clube. Em contrapartida a estrela do Schalke acaba por deixar, muitas vezes, caminho aberto para a subida do lateral direito adversário. Não só pela tal tendência para procurar a zona central, mas também devido a momentos de mera desconcentração [imagem C]. Uma situação que Aogo tenta remediar, até por ser um lateral esquerdo adaptado ao meio-campo, mas que provoca alguns momentos de desequilíbrio.

O Schalke defende normalmente em 4x4x2, com o «10» a formar uma primeira linha de pressão com o ponta de lança. Depois costuma formar-se um fosso para o resto da equipa, mas as duas linhas mais recuadas, de quatro elementos cada, mostram-se bem coesas entre si, evitando que os adversários explorem o espaço entre linhas.

No que diz respeito às bolas paradas revelam-se, como já referido, uma «arma» importante deste Schalke, através da qual conseguiu sete dos dezasseis golos apontados (três de canto, dois na sequência de livres laterais cobrados para a área e dois de grande penalidade). Na vertente defensiva os lances de bola parada estão associados apenas a três dos dezasseis golos sofridos (um de canto, um de livre indireto e um de penálti) [imagem D].