Figura

Sérgio Ramos

Incrível a forma como o central se tornou protagonista desta epopeia merengue. Depois dos dois golos em Munique que abriram caminho à goleada sobre o Bayern na meia-final, saiu da cabeça dele o golo que virou tudo na Luz, já o relógio se aproximava da contagem decrescente do último minuto de descontos. Se lhe juntarmos os dois que marcou na Liga espanhola neste mês de maio e o facto de, antes desta série, ter estado 41 jogos sem marcar qualquer golo, temos a medida da improbabilidade estatística que conjugou os números para fazer do Real feliz. Que tudo isto tenha começado na cabeça de Sérgio Ramos, que é muitas vezes irregular no seu lugar e voltou a sê-lo esta noite, que antes da meia hora já tinha um amarelo por uma peitada descabida a Raul Garcia, que é também um peso-pesado merengue, simboliza na perfeição aquela qualquer coisa que fez a balança pender para o lado do Real esta noite.

Positivo

Mágico momento de Di María. Levou naquela corrida pela asa esquerda o que faltava ao jogo. Um rasgo, um desequilíbrio. Foi todo ele de Di María, até ao momento em que chegou à cabeça de Gareth Bale. Aos 110 minutos, 2-1 e o jogo resolvido a favor do Real. Tentou outras vezes isto, tentou muitas vezes romper jogo. Mas quase, quase sempre, o muro do Atlético funcionou. Até quebrar fisicamente, até Di María abrir o dique. Foi seu o grande rasgo, num jogo que pouco os teve.

Negativo

Aquela saída de Casillas. Na ressaca de um canto, quando a bola vinha de novo na direção da área merengue, avançou, avançou e o cabeceamento de Godín apanhou-o completamente fora de pé. Recuou, tentou emendar, mas quando tirou a bola ela já estava dentro da baliza. 1-0 para o Atlético. O desfecho do jogo tirou peso ao erro do capitão merengue, mas não o apaga.

Outros destaques

Gareth Bale

Benzema esteve em dúvida, jogou mas foi uma sombra. Saiu aos 72 minutos, mas há muito se tinha percebido que não iria conseguir dar ao jogo do Real o que ele precisava. Com Cristiano Ronaldo também muito ausente na primeira parte, Gareth Bale foi a presença mais regular e efetiva do ataque merengue. Só que complicou, e muito. Teve nos pés algumas das melhores oportunidades do Real. Falhou-as e foi perdendo confiança. Até que se redimiu. As falhas, a brutal pressão que levou consigo para Madrid, o peso dos 100 milhões, não deixou tudo isso para trás. Mas nesta altura Bale é também o homem que marcou o golo que sentenciou a final da Liga dos Campeões para o Real Madrid.

Cristiano Ronaldo

Cristiano seria sempre protagonista. Porque é Cristiano Ronaldo, por causa das limitações físicas que arrasta nas últimas semanas e mantiveram até final a incógnita sobre a sua condição. Jogou de início, na primeira parte pouco, incapaz de tirar partido da velocidade e combater a heróica coesão defensiva do Atlético. Mas bateu um livre perto da meia-hora que Courtois defendeu e foi a melhor oportunidade merengue na primeira parte. Pois é, mesmo quando não é fantástico Cristiano é referência das jogadas de ataque merengues. Quando o Real cresceu, a partir da última meia-hora, aproveitando o desgaste físico do Atlético, cresceu com Cristiano. Acabou a marcar também ele, de penálti - a selar, tão estranho para o que foi o jogo, números de goleada. Aumentou para 17 o seu número já recorde de golos nesta edição da prova e levanta a sua segunda Liga dos Campeões.

Modric

Começou por faltar ao Real a capacidade de explosão na frente, enquanto sobrou o bloco compacto do At. Madrid a complicar as coisas. E faltou Xabi Alonso, a cumprir castigo por causa de um amarelo na meia-final. Mas nunca faltou Modric. O croata é uma certeza de clarividência e elegância, foi-o outra vez esta noite na Luz. Do início ao fim.