O Bayern Munique antecipou no Arena de Munique a sexta qualificação consecutiva para os quartos de final da Liga dos Campeões e, em simultâneo, condenou o Arsenal a ficar-se, pela sétima vez consecutiva, pelos «oitavos», depois de uma goleada por 5-1 que não merece contestação. Os «gunners» ainda conseguiram equilibrar a contenda na primeira parte, mas depois viram o terreno sofrer uma súbita inclinação para a baliza de Ospina na segunda e, assim, transformar o jogo de Londres numa mera formalidade ou, para os mais criativos, a exigir à equipa de Arséne Wenger um resultado revolucionário que permitisse anular tudo o que escrevemos neste primeiro parágrafo.

Confira a FICHA DO JOGO

Vamos, para já, concentrar-nos no jogo desta noite que já tem muito para contar. Entrada fortíssima do Bayern Munique a empurrar o Arsenal para o seu meio-campo, com a equipa bávara a formar um cordão de segurança em torno da área de Ospina, com controlos de segurança em todas as passagens. Os «gunners» tinham entrado em campo assumidamente com um bloco baixo, mas a verdade é que não conseguiam sair daquele espaço delineado pelo adversário, pelo menos com bola.

O Bayern pressionava a toda a largura do terreno, com Xabi Alonso e Arturo Vidal, na zona central a anularem todas as tentativas de evacuação dos ingleses. É verdade que os alemães também não conseguiam profundidade suficiente para visar a baliza dos «gunners», mas, aos 11 minutos, Arjen Robben quebrou todos os protocolos com um grande golo. Remate da quina da área, sobre a direita, a levar a bola ao ângulo contrário.

Com o marcador aberto, parecia que estava tudo aberto para uma vitória confortável do Bayern, até porque a equipa de Carlo Ancelotti mantinha uma posse de bola elevada e uma pressão intensa sobre o meio-campo dos «gunners», mas a verdade é que, aos poucos, o Arsenal foi conseguindo libertar-se das amarras, com as constantes subidas de Alexis Sánchez.

Mezut Özil, na marcação de um livre direto, teve uma primeira oportunidade e, logo a seguir, o lance polémico que permitiu ao Arsenal chegar ao empate. Lewandowski procurava tirar uma bola da área do Bayern quando Koscielny meteu o pé (jogo perigoso?) e o polaco acabou por acertar no adversário. O árbitro não teve dúvidas e, sob forte contestação bávara, apontou para a marca de grande penalidade. Alexis Sánchez, desde a marca dos onze metros, ainda permitiu a defesa de Neuer, falhou a recarga, mas não desistiu do lance e acabou por conseguir fazer chegar a bola à redes.

Um golo que, de certa forma, batia certo com o maior equilíbrio do jogo que se manteve até ao intervalo. Xhaka, com um remate à entrada da área, ainda teve mais uma oportunidade para os «gunners», mas Hummels também podia ter desequilibrado o marcador com um desvio de cabeça.

Arsenal perde Koscielny e tudo o resto

Logo a abrir a segunda parte, o Arsenal entrou mais subido no terreno, procurando manter o élan que tinha conseguido no final da primeira parte, mas depois viu o campo inclinar-se subitamente para a baliza de Ospina. Tudo começou com uma lesão de Koscielny que acabou substituído por Gabriel Paulista, logo a seguir veio a segunda vaga do Bayern que voltou a conseguir exercer uma pressão alta e aproveitar o desacerto da defesa dos «gunners» que ainda procurava absorver a chegada do novo elemento. Num ápice, o Bayern marcou três golos e deixou a eliminatória praticamente arrumada.

Lewandowski assinou o primeiro, desta segunda fase,depois de saltar mais alto do que Mustafi para cabecear um centro teleguiado de Phillippe Lahm da direita. Três minutos depois, Thiago Alcântara entra pelo meio, combina com Lewandowski que devolve com um pormenor genial (desvio de calcanhar de costas para a baliza) para a finalização do mesmo Thiago. O Arsenal mal tinha tempo para respirar, os bávaros atacavam por todos os lados e não foi preciso esperar muito para mais um golo, mais um de Thiago Alcántara, com um remate à entrada da área a sofrer um desvio em Xhaka e a trair Ospina.

Em apenas treze minutos, o Bayern destroçou o Arsenal, marcou três golos e deixou a eliminatória bem encaminhada a seu favor.

Até final o Bayern teve mais uma mão cheia de oportunidades, muitas delas negadas por Ospina, de longe o melhor em campo do Arsenal, mas, com um cartão amarelo, acabaria por perder Phillipe Lahm, que esta semana anunciou a «reforma» antecipada, para o segundo jogo em Londres. Por via das dúvidas, Ancelotti ainda lançou Thomas Müller, um suplente de luxo, que ainda colocou a cereja no topo do bolo, com o quinto golo dos bávaros, depois de um erro crasso de Gabriel.

Tudo somado, uma vitória confortável, a 16ª consecutiva em casa (recorde ampliado na Champions), e sem contestação do Bayern que tem tudo para ir a Londres, insistimos com as devidas reticiências, porque o futebol às vezes surpreende-nos, formalizar a sexta qualificação consecutiva para os quartos de final da liga milionária.