Bruno Lage, treinador do Benfica, em conferência de imprensa após o empate em Leipzig, que ditou o afastamento da equipa portuguesa da Liga dos Campeões:

[sobre a estratégia] «Procurámos trazer os dois médios para a pressão, atrai-los com o Chiquinho e o Adel, e depois passes nas costas. O adversário começou a ver isso, adaptou-se, mas soubemos contornar. Afundámos com cinco e procurámos sempre as costas do médio do lado da bola. Foi assim que fizemos o primeiro golo. Depois procurámos mais gente no espaço interior e na largura, e a transição ia ser importante. Muitas vezes iríamos encontrar o nosso avançado em momentos de transição, em um-contra-um com o central.»

«A partir dos 70/75 minutos perdemos a capacidade para levar o jogo para o meio-campo ofensivo. Devíamos ter a capacidade de manter a posse de bola. Tivemos mais uma ou outra oportunidade, com a bola do Pizzi à trave o remate do Raul de Tomas. Prevendo esse espaço de transição, podíamos marcar outro golo. Infelizmente não conseguimos, permitimos que o adversário carregasse. Sofremos um golo de penálti e outro num cruzamento em que os dois adversários estão aparentemente controlados, mas perdemos a marcação. Fica difícil aceitar este resultado. Vamos olhar para a nossa exibição, e de alguma forma ficamos felizes pelo trabalho desempenhado, mas claramente tristes pela forma como entrámos o jogo e como perdemos pontos que nos faziam imensa falta.»

[o Benfica precisava de um milagre para passar, mas perto do fim parecia em condições de o conseguir, pois podia ficar a depender apenas de si…] «Não acredito em milagres, acredito é em trabalho. Foi o que fizemos. Expliquei o que preparámos, e chegámos ao 2-0 com trabalho. Não foi milagre. Em casa fizemos um grande jogo com uma grande equipa, tivemos oportunidades para conseguir outro resultado. Seria muito importante vencer os jogos em casa. Com nove pontos chegava, pois sabíamos que o equilíbrio seria uma constante. Hoje tivemos uma oportunidade de recuperar esses pontos perdidos em casa. Em primeiro lugar sentimos tristeza por não seguir na competição, mas é esta equipa, determinado e organizado, em função das nossas ideias, da nossa estratégia, que queremos na Europa e no campeonato. Uma coisa é a nossa campanha, outra é este jogo.»

[o que falta ao Benfica para ir ao encontro da ambição europeia que o presidente tem desejado?] «Temos de apresentar a qualidade que apresentámos aqui. É isso que está a faltar. Sermos consistentes neste tipo de situações.»

[que ilações tira desta primeira campanha na Liga dos Campeões?] «A aprendizagem é constante, minha e dos jogadores. Entendo a pergunta, eventualmente procurar algumas alterações relativamente às primeiras jornadas. A mesma cabeça que pensou nessas alterações, foi a mesma que pensou que hoje o Gabriel deveria jogar naquela posição. O caminho faz-nos aprender. É viver com estas experiências, quer o treinador, quer os jogadores. Nestas provas é muito importante conquistar pontos, e entregar pontos ao adversário depois de estar a vencer 2-0 é penoso. Sentir que, em determinadas situações, perdemos oportunidades que não podemos perder. No Zenit planeámos uma coisa e entregámos uma bola na primeira fase de construção. O caminho é aprender sempre com as vivências. O nosso trabalho passa sempre por aprender. Quem quer estar nesta vida, que se vive de decisões, não pode ter medo de errar. Se viver com medo, não vou acertar de certeza. Temos de trabalhar diariamente para apresentar este Benfica.»