Há heróis na Luz, há defesa de Éderson e, numa rima, golo de Mitroglou. O Benfica bateu o Borussia Dortmund na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões 2016/17. Sofreu muito perante o adversário germânico, mas viaja para a Alemanha com uma vantagem sustentada no primeiro golo do grego na Champions (esta temporada) e, sobretudo, num guarda-redes que também teve feito inédito na época.

A noite surpreendeu também em Paris, onde o Barcelona caiu com estrondo. O PSG goleou a equipa catalã no dia de aniversário de Di María e Cavani, dois homens que celebraram com golos uma vitória estrondosa. Em Camp Nou, terá de haver heróis na segunda mão, porque só esses conseguem tornar possíveis as missões que não o são.

Benfica: isto não é o Bayern

O resultado da Luz, do outro mundo, coloca o Benfica em vantagem na eliminatória. E como é que ele sucedeu? Por dois fatores fundamentais: Mitroglou marcou o primeiro golo nesta edição da prova; Éderson tornou-se no primeiro guarda-redes a defender dois penáltis na Champions 2016/17. Numa exibição para o Brasil inteiro ver, o guarda-redes defendeu uma grande penalidade de Aubameyang, depois de já ter defendido outra frente ao Dínamo Kiev.

Aliás, a ineficácia do gabonês explicará muito do que se passou em Lisboa, mas também é verdade que este foi o terceiro penálti falhado por Pierre-Emerick Aubameyang nas últimas quatro tentativas.

Historicamente, o Benfica passou 12 das 13 vezes em que venceu por 1-0 na primeira mão. A exceção é a pré-eliminatória com o Anderlecht, em 2004/05. Ou seja, «dentro» das provas, as águias passaram sempre

Gonzalo Castro e Schürrle (primeiros a contar da direita, na fila de baixo) jogaram nesta noite na Luz e em fevereiro de 2013 estavam num Leverkusen que foi eliminado pelo Benfica na Liga Europa

Para além disso, desde 1981 só uma equipa alemã conseguiu eliminar o Benfica. Aconteceu na época passada outra vez. Evidentemente, é o Bayern.

Naquele ano, o Benfica perdeu nas meias-finais da Taça das Taças com o Carl Zeiss Jena. Assim, nos últimos 36 anos, só os bávaros atiraram os encarnados para fora da Europa em confrontos com germânicos. Leverkusen, Nuremberga, Hertha, Estugarda e Leverkusen outra vez tentaram. Nenhuma conseguiu.

O Borussia tem um jogo para o tentar fazer e ao Benfica convém não esquecer o passado: tirando Vigo, Dortmund foi a pior derrota europeia do clube (5-0).

Di María, Cavani, parabéns! Barcelona e o Leixões

O outro encontro dos oitavos de final colocou o Barcelona num dos maiores pesadelos da história europeia do clube.

Tão grande que leva o pensamento para aqueles 4-0 com que o Milan brindou o Dream Team de Johan Cruijff na final de 1993/94, ou, mais recente, os 4-0 aplicados pelo Bayern Munique em 2013. Em Espanha, de lembrar que o Ath. Bilbao venceu o Barça pelo mesmo número na Supertaça, em 2015.

Di María foi rei no Parque dos Princípes. Em dia de aniversário, apontou dois golaços aos catalães. Outro aniversariante, Ednison Cavani fez também um.

Por curiosidade, são a segunda dupla de companheiros a marcar na Champions, no dia de aniversário, depois de Júlio Baptista e Vucinic o terem feito pela Roma.

O outro golo foi apontado por Julian Draxler. O alemão fez o pleno: estreou-se a marcar pelo PSG na Champions, no campeonato e na Taça de França.

Os números da vitória do PSG fazem com que o Barça entre numa missão impossível. Virar quatro golos de diferença não é para qualquer um; aliás, é apenas para três clubes em toda a história europeia.

O primeiro? O Leixões! A equipa de Matosinhos perdeu em 1961/62 com o La Chaux-de-Fonds, por 6-2, na Taça das Taças. Em Portugal, venceu por 5-0. Seria depois eliminado pelo Motor Jena, da RDA, já agora.

Em 1984/85, o Partizan Belgrado perdeu pelo mesmo resultado frente ao Queens Park Rangers, na Taça UEFA e na então capital jugoslava venceu 4-0.

Na época seguinte, o Real Madrid ultrapassou o Borussia Monchengladbach depois de ter perdido 5-1 na Alemanha.  

O problema para o Barcelona, porém, é o zero. Três equipas conseguiram virar uma diferença de quatro golos, mas nenhuma em toda a história conseguiu inverter um 4-0.