FC Porto e Juventus encontram-se quarta-feira pela quarta vez e Nuno Capucho é uma das testemunhas dos dois últimos encontros, na Liga dos Campeões de 2001/2002, expressando confiança no potencial dos dragões.

Em entrevista à Agência Lusa, o antigo jogador portista, de 44 anos, afiança que a formação de Nuno Espírito Santo tem claramente «possibilidades» de eliminar o tetracampeão italiano.

«Se continuar com este registo de uma equipa forte defensivamente e conseguir fazer mossa no adversário nas poucas oportunidades, então, tem possibilidades de passar», assegura.

O ex-treinador do Rio Ave assume que a atual Juventus é «completamente diferente» daquela que enfrentou em 2001/2002, assinalando o seu maior pendor ofensivo e antecipando «um jogo difícil» para o emblema azul e branco.

«O FC Porto tem crescido como equipa a nível de identidade. É uma equipa defensivamente forte e, com a inclusão do Soares na frente ofensiva, penso que o FC Porto tem agora mais possibilidades de fazer golos. Espero que o FC Porto mantenha esse registo nos dois jogos e que quebre a história, porque está na altura de conseguirmos inverter a história com a Juventus», frisa.

Aludindo ao historial de três encontros dos dragões sem conhecer o sabor do triunfo – um empate e duas derrotas -, Nuno Capucho acredita que um resultado positivo na primeira mão será crucial para o desfecho da eliminatória.

«Se o FC Porto tiver um resultado a seu favor e não sofrer golos tem sempre possibilidades de manter a situação a seu favor em Itália», projetou.

Do outro lado da barricada, está uma vecchia signora habituada a vencer e com um poderio ofensivo que Capucho não hesita em realçar: «A Juventus tem muitas soluções ofensivas. Não só Higuaín, mas tem também Mandzukic, Cuadrado, Dybala... Tem muita gente que pode criar dificuldades», explica.

«Penso que o mais importante é o FC Porto conseguir ultrapassar e eliminar o tal modelo de três defesas. Se o FC Porto conseguir fazer isso, penso que tem muitas hipóteses. Da maneira que joga o FC Porto, faz sempre um golo, e se mantiver a eficácia defensiva, tem muitas possibilidades», prosseguiu o antigo extremo, que representou os dragões durante seis épocas.

O ex-jogador brasileiro Clayton aposta na passagem do FC. Em entrevista à Agência Lusa, o avançado que em 2001/2002 foi capaz de fazer um golo a Gianluigi Buffon espera «uma batalha muito difícil» e garante que será necessária concentração máxima frente à vecchia signora.

«O FC Porto está bem, tem uma boa equipa, atravessa uma boa fase e creio que há condições de passar a eliminatória», esclarece.

Há 15 anos, o FC Porto somou um empate e uma derrota nos dois jogos com os italianos, na fase de grupos da Champions e Clayton assinala que o «futebol mudou muito» desde então, mas recorda o peso que o cotado guardião transalpino já tinha na equipa orientada nessa temporada por Marcello Lippi.

«Buffon é um grande guarda-redes, já o era nessa época. É um guarda-redes que faz a diferença, é um ponto muito forte que a Juventus também tem, mas não só. Tem uma equipa muito forte, tem mostrado isso no campeonato italiano com vários títulos seguidos. Agora, o Buffon não é imbatível. Apanhei uma falha dele num livre que bati e mostrei que não é imbatível», conta.

Para o antigo jogador dos dragões, cuja camisola vestiu durante quatro épocas, uma das vantagens da equipa portista passa pela afirmação de Nuno Espírito Santo como treinador, apesar do arranque algo titubeante.

«O FC Porto está preparado para enfrentar qualquer equipa hoje. O Nuno pegou num plantel em reformulação, vieram muitos jogadores novos e teve algumas dificuldades nos primeiros seis meses, mas agora a equipa já está ao jeito dele. Sinto que o momento é bom, porque a equipa já tem o dedo dele», declara.

Outra das razões do crescimento do FC Porto passa pela entrada do também brasileiro Soares para o ataque azul e branco, no entender de Clayton, que, tal como o recente reforço portista, também chegou a meio de uma época ao clube.

«Ele chegou e já fez coisas muito boas. Tudo isso tem uma envolvência especial e o Nuno não o foi buscar à toa. Um jogador que chega com as coisas a acontecer de forma favorável acaba por ajudar o FC Porto. É um jogador interessante, vai ser muito útil ao clube», sublinha.

O antigo defesa portista Eduardo Luís recorda a final da Taça das Taças de 1983/84, o primeiro encontro entre FC Porto e Juventus nas provas europeias

O ex-jogador azul e branco, que foi titular na final, recordou à Agência Lusa a «memória de uma grande infelicidade», expressa na derrota por 2-1 em Basileia.

«Pela forma como jogámos, como sofremos os golos, e depois, na segunda parte, pela forma como quase conseguimos sufocar a Juventus, foi uma pena que não tivéssemos ganhado. Porém, do outro lado também estava uma forte opositora, com excelentes jogadores italianos e também o Platini e o Boniek, que muito ajudaram a que a Juventus vencesse a final», contou.

Esse jogo foi o primeiro cartão-de-visita do FC Porto na alta-roda do futebol europeu e lançou as bases para as conquistas que surgiriam em 1987: «Estavam na altura reunidas as condições para que o FC Porto se impusesse e se mostrasse no futebol europeu e mundial».

Eduardo Luís enalteceu igualmente o valor de uma Juventus que «era quase a seleção da Itália» e que se afirmava como «uma das melhores equipas da Europa». «Vinham de ser campeões do Mundo, em 1982, e batemo-nos de igual para igual. Era quase a seleção italiana que ganhou esse Mundial», acrescentou.

Na ótica do antigo jogador portista, esta Juventus «talvez seja mais equipa agora» e menos dependente de individualidades como na década de 80, em que Platini era a estrela maior.

«Tem o Higuaín, que, neste momento, é um dos melhores marcadores mundiais, e um grande guarda-redes, com muita experiência, como o Buffon. Não consigo fazer comparações, mas as equipas italianas são sempre muito fortes, especialmente a Juventus, que já há alguns anos é campeã no seu país», frisou.

«O FC Porto tem uma equipa forte, com bons elementos, e não vai ter uma tarefa fácil perante a Juventus. Mas, nesta competição as equipas transcendem-se», comentou.

«Não olhando para o FC Porto como uma equipa fabulosa, como tínhamos na altura, esta equipa tem realmente bons jogadores e o que no fundo conta é o coletivo. E, se o coletivo funcionar, pode dar uma forte resposta», referiu o ex-jogador, pedindo à equipa para «arregaçar as mangas» e antevendo «uma eliminatória equilibrada».