Os ideais de Julen Lopetegui, lembram-se? 4x3x3, futebol apoiado, exploração dos espaços exteriores, processo ofensivo trabalhado. Pois bem, esqueçam-se deles. O treinador espanhol atirou-os para a lama, pisou-os e depois empurrou para lá a equipa.

Um FC Porto jamais visto no reinado do treinador espanhol perdeu, e perdeu bem, em casa de um Chelsea medíocre e sem confiança.

Lopetegui não acertou uma. Falhou na escolha do onze inicial e na forma como o desenhou; falhou na reação ao golo do Chelsea e manteve tudo igual ao intervalo; falhou quando mexeu na equipa, optando por manter Martins Indi - a lateral esquerdo e amarelado – em detrimento de Maxi Pereira.

Para os mais esquecidos, nós lembramos: o FC Porto estava absolutamente obrigado a ganhar (a não ser que alguém acreditasse no Maccabi, zero pontos em cinco jogos).

E o que fez o treinador de uma equipa obrigada a ganhar? Deixou no banco de suplentes o único ponta-de-lança disponível, Aboubakar.

VEJA COMO SEGUIMOS O JOGO AO MINUTO

Na solidão da sua genialidade, Julen Lopetegui projetou uma equipa assente num 5x3x2. Pelo menos no papel.

Três defesas centrais e dois laterais com projeção atacante. Três médios (um deles Imbula, regressado do desterro de três jogos) e dois avançados, Brahimi e Corona.

O plano enfermou de vários males. Vamos a eles.

1. Lopetegui terá definido o Chelsea como uma equipa de ataque continuado, optando então por uma defesa povoada e homens rápidos, habilitados a jogar com espaço. ERRO. O Chelsea manteve sempre um bloco médio/baixo, pouco disponível a expor-se.
2. Com três centrais, o FC Porto foi logo batido aos 11 minutos, quando Marcano se viu sozinho com Diego Costa. ERRO. Depois, azar: remate, defesa de Casillas e ressalto no corpo de Marcano. Golo.
3. Brahimi e Corona, os homens da frente, só tiveram bola em zonas recuadas. ERRO. Quando conseguiam segurar e olhar em frente, só tinham uma floresta azul. Azul britânico.
4. Danilo, Herrera e Imbula: nenhum mostrou condições para se aproximar da dupla da frente e ameaçar com remates ou algo parecido. ERRO. Jogaram sempre demasiado próximos dos defesas.
5. Vincent Aboubakar: tem estado mal, sim, mas era o único ponta-de-lança. Só entrou depois de o FC Porto estar a perder 2-0. ERRO.

Vamos, então, a esse segundo golo.

Ao intervalo, a perder e com uma equipa completamente desajustada às necessidades, Lopetegui não mexeu. Aguentou mais uns minutos e o Chelsea marcou por Willian.

Lançamento lateral, Diego Costa ganha de cabeça, Hazard abre na direita e o internacional brasileiro surge à frente de Layún e com Martins Indi metido no meio. Confusos. Pontapé e golo.

FICHA DE JOGO DO CHELSEA-FC PORTO

Os últimos 35 minutos resumem-se facilmente. O jogo ficou descontrolado, cheio de espaços, e a bola rondou as duas balizas. Poucas vezes com perigo.

Coisas boas para o FC Porto na noite de Londres? Brahimi, esgotado na sua multifuncionalidade. Correu, fintou, driblou, rematou. Não podia estar em todo o lado.

Julen Lopetegui falhou rotunda e gravemente.

Nos próximos dias quererá olhar em frente e esquecer este jogo, dizendo que o futuro é que é e que o Porto tem muito para conquistar. Falará com arrogância aos jornalistas e tentará fazer com que tudo pareça normal.

Não é! O FC Porto perde prestígio e milhões, quando só precisava de um ponto nos últimos dois jogos. Em Londres, os jogadores pareceram os menos culpados. E tão surpreendidos quanto os jornalistas e os adeptos em relação às opções do treinador.

As invenções raramente dão bom resultado. Quando passam a aberrações, ainda menos. As más escolhas de Lopetegui, incompreensíveis, tiveram papel decisivo na eliminação do FC Porto da Liga dos Campeões.

O treinador terá de responder por elas.