Belgas, belgas, deliciosos. Uma grande penalidade marcada com categoria por André Silva deu os três pontos ao FC Porto em Bruges. Essa é a notícia maior, e melhor, de uma noite de muito sofrimento dos azuis e brancos no estádio da pior equipa do Grupo G da Champions. Docinha.  

Por caminhos tortos, enviesados e muitas vezes transformados em becos sem saída, o FC Porto lá saiu de alma rejuvenescida e de peito aberto na luta pela qualificação para os oitavos de final da Liga dos Campeões.

Na verdade, quando tudo parecia desenhado para um empate desconsolado, pelo menos se pensarmos nas ambições do FC Porto, uma falta indiscutível de Claudemiro sobre Jesus Corona atirou o menino André Silva para a marca de penálti. Depois, classe: bola para um lado, Ludovic Butelle para o outro.

FICHA DE JOGO DO CLUB BRUGGE-FC PORTO

O epílogo da trama em Bruges é perfeito, aparentemente saído de uma mente brilhante e criativa, mas quase tudo o que o antecedeu merece profunda reflexão e preocupação por parte dos responsáveis do FC Porto. Principalmente os primeiros 20 minutos: abomináveis.

O Club Brugge, conjunto rudimentar e focado essencialmente na concentração e agressividade, entrou a pressionar e colocou Iker Casillas na linha de fogo. O guarda-redes espanhol reagiu com duas defesas enormes, antes de cair perante o golo de Jelle Vossen.

12 minutos, bola nas costas de Miguel Layún – mais um erro de um lateral do FC Porto neste tipo de lances, depois de Alex Telles em Leicester – e depois uma autoestrada propícia a altas velocidades e risco na área azul e branca.

Até aí, o FC Porto mostrava-se incapaz de apresentar um nível condizente com a prova em questão. Amedrontado, fisicamente frágil, sem fio de jogo interessante e, talvez o pior de tudo, a defender mal.

TUDO SOBRE A LIGA DOS CAMPEÕES

A fórmula que tão bons resultados deu na Choupana demorava a entrar em ebulição. Diogo Jota e André Silva recebiam sempre desconfortáveis, Óliver e Danilo abusavam nos passes para as costas das defesas, Herrera e Otávio complicavam vezes a mais o aparentemente simples.

Até às entradas de Jesus Corona e Brahimi, de resto, pouco ou nada mudou na toada da partida. O FC Porto com mais futebol, claramente, mas preso a uma emaranhada teia de passes curtos, confusos e conflituosos. O Club Brugge, a defender com bravura e a sair com espaço, até parecia superior ao que realmente é.

O surgimento de Corona e Brahimi – saíram Herrera e Jota – devolveu o FC Porto ao 4x3x3 e a largura ao futebol azul e branco. O extraordinário pontapé de Miguel Layún para o 1-1 confirmou que esse era o caminho para a felicidade, apenas oficializado no período de descontos, de grande penalidade.

Tanto sofrimento, tanta confusão, demasiada incapacidade em vários momentos do jogo. O FC Porto venceu porque é melhor, muito melhor do que o Club Brugge, mas raras vezes foi capaz de ser autoritário e convincente.

Belgas, belgas, deliciosos. Não há muitas equipas tão limitadas como esta na Liga dos Campeões.