63 minutos no Porto, 49 minutos em Turim, para além dos descontos. Em 112 dos 180 minutos destes oitavos de final da Liga dos Campeões, o FC Porto esteve em desvantagem numérica frente à poderosa Juventus. A diferença de nível, já de si evidente, ficou vincada a vermelho (1-0)

Na primeira mão, Alex Telles foi punido com duas cartolinas amarelas. Miguel Layún assumiu a posição. Em Itália, Maxi Pereira cometeu uma grande penalidade em cima do intervalo e viu o cartão vermelho direto. Danos laterais no FC Porto.

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Nas duas ocasiões, Nuno Espírito Santo acabou por sacrificar André Silva, português que perdeu protagonismo com a chegada de Tiquinho Soares. O FC Porto chegou a Turim com uma desvantagem de dois golos na eliminatória mas não teve espaço nem tempo para aspirar a uma recuperação.

No período de maior fulgor dos dragões, entre o 10º e o 16º minutos, Soares chegou atrasado a um cruzamento de Brahimi e rematou pouco depois à figura de Gigi Buffon. Argumento curto. Na melhor oportunidade portista, já após o intervalo, o avançado brasileiro ganhou a Benatia, isolou-se mas atirou escandalosamente ao lado.

Por essa altura a Juventus já estava em vantagem no marcador e ia gerindo esforços. Ao longo da etapa inicial, a equipa de Allegri soube acelerar de forma moderada para ameaçar o golo e tirou proveito de um desequilíbrio do FC Porto à direita. André Silva sentia dificuldades para acompanhar Alex Sandro e faltavam centímetros a Maxi Pereira para anular Mandzukic pelos ares.

Seria Maxi Pereira, precisamente, a assumir papel de destaque com um corte em voo ao minuto 41, após defesa incompleta de Iker Casillas. O guarda-redes espanhol, recordista de jogos na UEFA, sacudiu a bola para o lado direito, Higuaín tentou a recarga mas Maxi, com o braço afastado do corpo, adiou o 1-0. Penálti, vermelho, dor de cabeça para Nuno.

Paulo Dybala, um dos grandes desequilibradores desta Juventus, assumiu a cobrança e enganou Casillas. O FC Porto tinha agora dez homens contra onze para procurar o milagre: marcar três golos sem sofrer nenhum.

Nuno Espírito Santo trocou André Silva por Boly ao intervalo e teve alterar todo o setor defensivo. Pelo caminho desfez a dupla Felipe/Marcano, que tinha dado boa conta de si ao longo da etapa inicial, a par de Danilo Pereira (grande jogo do médio). O espanhol foi para a esquerda, Layún para a direita, Boly entrou para o centro.

Sem nada a perder e perante uma Juventus mais relaxada – Allegri tirou Cuadrado para dar espaço a Pjaca – o FC Porto fez das fraquezas forças e teve um período interessante no reatamento. Aliás, foi nessa altura que Tiquinho Soares provocou o erro de Benatia e surgiu na cara de Gigi Buffon. Porém, tal como aconteceu na primeira mão, ainda não foi desta que marcou na Liga dos Campeões.

A Juve controlou o encontro em velocidade de cruzeiro e ameaçou o 2-0 com belos trabalhos de Pjaca e Higuaín. Porém, as melhores ocasiões pertenceram aos portugueses. Os dragões, sobretudo nos últimos vinte e cinco minutos, deixaram uma imagem satisfatória em Turim e desperdiçaram mais uma grande oportunidade para regressar a casa sem a derrota: Diogo Jota, que entrou bem no jogo, correspondeu a um bom passe de Otávio mas atirou mas às malhas laterais.

Diferença mínima no marcador, despedida inglória para o FC Porto, fim da representação portuguesa nas competições europeias, na época 2016/17. Os adeptos portistas, cerca de 2.500 no jogo em Itália, torceram pela equipa até final e recolocam desde já o foco no campeonato.