Vinte minutos muito promissores e um golo de Slimani arrancado a ferros, após momento mágico de Carrillo, não chegaram para deixar o Sporting de sorriso aberto na corrida à fase de grupos da Liga dos Campeões. A vitória (2-1) sobre o CSKA não acerta contas com o passado e não fecha as contas do play-off, em qualquer sentido. Mas deixa os leões com a certeza de uma segunda mão de grande sofrimento em Moscovo. Pelo meio, houve uma arbitragem muito contestada, e um Rui Patrício king size a limitar – e muito - os estragos na pior fase do jogo.

O jogo de Lisboa confirmou a ideia de um sorteio desfavorável para a equipa de Jorge Jesus, apanhando um CSKA que, para além de muita qualidade do meio-campo para a frente, chegou a Alvalade com mais cinco jogos oficiais nas pernas do que a equipa portuguesa. Um aspeto mais importante do que parece à primeira vista, em especial à luz de uma segunda parte em que o Sporting foi perdendo pernas e lucidez, antes de as substituições o fazerem reentrar no jogo.

Sem razões para mexer, Jesus manteve o onze dos dois primeiros jogos oficiais, e viu a equipa responder bem, encostando o CSKA às cordas ainda antes do golo de Téo (12 minutos). Um golo que nasceu de uma bela combinação coletiva, começada nos pés de Ruiz e com passagem pelos de Slimani, João Pereira e Carrillo. O peruano, com um passe de enorme visão, deixou Ruiz na cara de Akinfeev, e o costarriquenho deu a Téo um daqueles golos ditos «só de encostar».

Era a fase de euforia em Alvalade, que durou até carca dos 20 minutos. A partir daí, o CSKA passou a ter bola, e os lançamentos longos de Eremenko e Dzagoev começavam a fazer estragos, face às acelerações de Tosic e Musa, a partir dos flancos.

Com João Pereira muito castigado pelas acelerações de Musa, os russos começaram a rondar a baliza de Patrício e tiveram, aos 27 minutos, a primeira grande oportunidade para inclinar a decisão a seu favor, num penálti imprudente de Jefferson. Mas o guarda-redes do Sporting ganhou o primeiro duelo com Doumbia (27 minutos) escolhendo o lado certo ao mergulhar para a sua esquerda.

Mas, dois ou três sprints ameaçadores mais tarde, Patrício já não pôde fazer nada para evitar que Doumbia fizesse mesmo o empate, isolado por um passe fabuloso de Eremenko e pela lentidão de Naldo a fazer a linha de fora de jogo (40 minutos). Até pela altura em que vinha, o golo era um golpe rude para o moral dos leões, mas não podia considerar-se uma surpresa. O ascedente de João Mário e Adrien a meio-campo há muito que tinha sido bem anulado e o eclipse de Bryan Ruiz ao fim de meia hora retirou ao leão capacidade para ser imprevisível.

Os primeiros minutos do segundo tempo confirmaram um Sporting menos seguro, muito dependente das iniciativas de Carrillo, e um CSKA a mostrar bem o que valem três semanas de trabalho extra nesta fase da época. Com o público a impacientar-se com a arbitragem e alguns jogadores a acumularem erros forçados pelo cansaço, Jesus demorou a mexer, mas quando o fez a equipa melhorou: a entrada de Aquilani voltou a dar organização ao meio-campo, corrigindo o desgaste da dupla João Mário-Adrien. As entradas posteriores de Gelson e Mané deram um pouco mais de energia, permitindo a Carrillo tentar desequilíbrios mais a meio. Estava o jogo nesses preparos, e o marcador num 1-1 de mau augúrio, quando Patrício voltou a fazer de salvador, ganhando outro duelo a Doumbia que, isolado, tirou mal as medida para um chapéu (79 minutos).

Quatro minutos depois, Slimani, sempre combativo, iniciou um movimento de entrada na área e combinou com Carrillo que, de costas, teve um momento de magia. O seu toque encontrou o espaço que permitiu ao argelino ser feliz, com um remate de pé esquerdo que afastou algumas das nuvens negras que chegaram a pairar sobre Alvalade.

Má atuação do turco Çakir, um dos árbitros mais conceituados da atualidade. A verdade é que as queixas do Sporting começaram por não ter fundamento nos dois lances chave da primeira parte: na arrancada de Musa que dá origem ao penálti e no golo de Doumbia, Naldo põe os adversários em jogo - um aspeto de organização defensiva que os leões terão de trabalhar, e que ainda não tinha sido posto à prova nos jogos com o Benfica e o Tondela.

Depois disso, sim, houve erros de apreciação em foras de jogo. E houve, principalmente, dois lances na área em que a decisão penalizou os leões: no primeiro, Ruiz parece derrubado por Berezutski (61 minutos). No segundo, já sem dúvidas, (72 minutos), o mesmo Berezutski desvia claramente com o braço um cruzamento de Carrillo para a cabeça de Slimani. O jogo foi reatado com pontapé de baliza...