O FC Porto terminou o jejum de golos frente ao Sp. Braga e deleitou-se com um cordeiro na jornada decisiva frente ao Leicester, garantindo o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões (5-0).

Viu-se de facto um cordeiro em pele de raposa no Estádio do Dragão. Os «foxes», com a liderança garantida, apresentaram uma segunda linha que provou ser curta para este FC Porto.

LC: FC Porto-Leicester, 5-0 (destaques)

É certo que o Leicester repetiu apenas um jogador no onze (Wes Morgan), mas reduzir o sucesso portista a esse dado seria irresponsável e injusto.

A equipa de Nuno Espírito Santo soube tirar partido e ser feliz, algo que não aconteceu em situações anteriores. Como ponto de comparação, o Club Brugge mudou sete jogadores para a receção ao Copenhaga (0-2), já que não podia ir além do último lugar.

Esta última jornada do Grupo G, com apenas duas posições em aberto, ficou assim marcada por atos de gestão de Claudio Ranieri e Michel Preudhomme. Os adversários agradeceram.

Rui Pedro libertou a corrente de golos

O FC Porto partiu com autoridade para o resultado mais volumoso da época. O remate libertador de Rui Pedro, em período de descontos frente ao Sp. Braga, reabilitou a ofensiva portista e libertou a corrente.

O caminho para os oitavos de final foi trilhado com autoridade e o FC Porto regressa a um patamar que falhou na época passada, quando passou para a Liga Europa, ficando atrás do Dínamo de Kiev.

A equipa de Nuno Espírito Santo vem de um play-off de qualidade frente à AS Roma, não se conseguiu superiorizar nos duelos com o Copenhaga (embora tenha provado ser superior) mas goleou o Leicester no momento decisivo e termina o Grupo G com 11 pontos, um registo interessante.

Depois de um período de escuridão e evidente crise – de confiança e resultados – o FC Porto responde com duas vitórias em dois jogos decisivos. O Dragão volta a aparentar boa saúde.

Para a história deste jogo no Estádio do Dragão fica desde logo o calcanhar de Yacine Brahimi, a finalizar um belo movimento coletivo. O 3-0 começou em Corona (fantástica primeira parte), passou por Maxi e terminou no toque artístico do argelino, fazendo lembrar o compatriota Rabah Madjer na final de Viena, em 1987.

Tudo andou pelos pés de Corona

A goleada começou em André Silva, ele que não marcava desde 2 de novembro. Depois de tanto falhar os jogos mais recentes, o internacional português nem teve de saltar para desviar de cabeça um canto de Jesús Corona, em antecipação a Schlupp.

O FC Porto colocou-se em vantagem ao sexto minuto de jogo e foi crescendo, com a confiança restaurada. Seria novamente Corona a deixar a sua marca antes da meia-hora. Cruzamento largo de Alex Telles e o mexicano, sem deixar a bola cair, a atirar ao ângulo da baliza inglesa. Golaço.

Alex Telles foi uma de duas novidades no onze de Nuno Espírito Santo, substituindo Layún. A outra, como se percebeu, residiu em Brahimi. O treinador quis recuperar o argelino, face à lesão de Otávio, e venceu igualmente essa aposta.

Yacine Brahimi começou como terminou frente ao Sp. Braga: a complicar. Insistia nos lances individuais, corria mal e arriscada novamente. Os adeptos portistas procuravam incentivar o jogador e este teve a sua redenção com o calcanhar mágico.

A caminho do intervalo, Brahimi assinou o 3-0 e desta vez festejou em espírito de equipa, em união com o público do Dragão. Fica o registo.

O Leicester não se viu na primeira parte. Iker Casillas era um mero espectador perante segundas e terceiras opções de Claudio Ranieri.

Aquele cordeiro em pele de raposa ainda esboçou uma ligeira reação no início da segunda parte, com dois remates de Gray e um cabeceamento perigoso de Okasaki, que estava em posição irregular. Muito pouco.

A goleada da época em novo registo imaculado

Em noite de combate a fantasmas, André Silva teve igualmente a oportunidade de voltar à marca do castigo máximo. Ao minuto 64, o avançado portista foi derrubado na área e encarregou-se da marcação. Desta vez, com sucesso.

Diogo Jota, o último a marcar antes do período de seca (frente ao Benfica, a 6 de novembro) fechou as contas já no último quarto de hora do encontro. O Leicester não conseguia responder e até o Copenhaga parecia desistir em Brugge.

Terá sido a melhor exibição do FC Porto até ao momento? Difícil avaliar. É curioso lembrar, por exemplo, que os dragões tiveram até melhores períodos nesse clássico para a Liga do que esta noite, perante um Benfica mais forte que este Leicester. Os resultados, porém, são frios e avessos a romantismos.

Aplausos de pé por parte de um público que nunca desistiu destes jogadores. Para além de cinco golos marcados – algo sem paralelo até ao momento -, registo para mais 90 minutos sem agitação nas redes à guarda de Iker Casillas. Assinalável coesão defensiva do FC Porto.

Aí estão os oitavos de final da Liga dos Campeões, onde a formação portista irá defrontar um dos primeiros classificados dos restantes grupos. Tarefa complexa pela frente.