Preparem-se, Portugal vai ser invandido por espanhóis: neste caso por madridenos. O At. Madrid juntou-se ao Real Madrid na final da Champions, pelo que é de esperar que no dia 24 de maio a capital espanhola se mude em peso para a capital portuguesa.

Lisboa ameaça por isso tornar-se uma cidade aos gritos.

Mourinho, esse, ficou pelo caminho, e ninguém pode dizer que seja injusto: preparou um autocarro para tentar chegar mais depressa a Lisboa, mas o veículo meteu água por todos os lados.

Do lado feliz da história ficou outro português. Tiago, claro. Grande, grande, grande exibição. Em todo o lado, sempre no caminho da bola, a ocupar espaços, recuperar bolas e sair a jogar. A braçadeira de capitão do Atlético assenta-lhe como uma luva.

Curiosamente dois dos três golos do Atlético nasceram dos pés de Tiago. Lapidar.

O Atlético Madrid foi, de resto, quase sempre melhor. Tanto assim, aliás, que à exceção do golo de Fernando Torres, num grande momento de Willian, que o espanhol finalizou com muita sorte, a bola ainda desviou em Miranda, à exceção desse golo, dizia-se, o Chelsea só criou perigo em lances de bola parada: John Terry cabeceou para grande defesa de Courtois e David Luiz atirou ao poste.

Confira a ficha e veja como foi o jogo ao minuto

Mourinho apresentou de início David Luiz e Ramires no meio campo defensivo, Azpilicueta na direita do ataque e Fernando Torres na frente.

Willian e Hazard eram curtos para encher o jogo de criatividade, Torres trabalha muito mas não tem profundidade e o Chelsea pôs-se a jeito para ser igual ao Atlético: uma equipa trabalhadora, batalhadora, capaz de disputar cada bola até ao último pingo de sangue.

Ora quando se trata de disputar cada bola até ao último pingo de sangue, não há equipa no mundo capaz de ser melhor do que este Atlético. Por isso os espanhóis foram sempre melhores. Mesmo sem ter tanta bola, foram mais incisivos, mais rápidos, chegaram mais vezes à baliza adversária.

O jogo começou aliás com Koke a atirar à trave. Depois disso, e é bom não esquecer que eram duas equipas muito iguais nos princípios, o encontro caiu numa espécie de longo marasmo.

Acordou no tal golo do Chelsea, um pouco nascido do nada, e a partir daí ficou bom. Ainda antes do intervalo, Adrián empatou. Tiago lançou Juanfran, que cruzou junto à linha de fundo atrasado, Cole e Terry deixam passar a bola e Adrián finaliza ao segundo poste. 

Mourinho: «A próxima época vai ser melhor» 

A segunda parte, sim, valeu muito a pena. Começou Turan a proporcionar grande defesa a Schwarzer, logo a seguir Courtois salvou o golo de Terry, até que o recém entrado Etoo comete falta dentro da área sobre Diego Costa: penálti que o próprio Diego Costa converteu.

David Luiz ainda atirou ao poste, em mais uma bola parada, até que o jogo repetiu algo já visto: Tiago abriu em Juanfran, que cruzou junto à linha de fundo atrasado, a defesa do Chelsea não aliviou e Ardan Turan fez o terceiro. Nessa altura acabou com o jogo.

Até ao fim foi só deixar o tempo correr.

O Chelsea parece ter perdido o meio campo quando Mourinho trocou Ashley Cole por Etoo, recuando Azpilicueta, mas sobretudo o At. Madrid foi melhor, mais intenso, mais rápido, mais incisivo, mais inspirado, mais carnal. Ganhou, e ganhou bem.

Regressa assim a uma final da Liga dos Campeões, 40 anos depois de ter lá estado pela última vez: na altura um golo de Luis Aragonés deixou o Atlético a poucos minutos de vencer o troféu, mas o Bayern empatou no fim e no jogo de desempate venceu por 4-0.

No ano da morte de Luis Aragonés, não deixa de ser histórico este regresso do Atlético à final.

Mourinho, esse, caiu nas meias-finais da Champions pelo quarto ano consecutivo. Foi aliás a quinta meia-final seguida, mas só ultrapassou a primeira, quando o Inter foi campeão europeu.

Só mais uma coisa: cuidado com este Atlético Madrid. É equipa grande, de final da Champions.