A FIGURA: uma serpente chamada GELSON

Notável a forma como tirou Chiellini do caminho no lance que acabou por dar origem ao golo de Bruno César na recarga a defesa incompleta de Buffon. Endiabrado e venenoso com a bola nos pés, começou por explorar o corredor esquerdo antes de regressar à posição de origem, onde também foi competente no controlo da profundidade do ex-portista Alex Sandro. No arranque da segunda parte foi uma seta apontada à baliza adversária, sobretudo numa altura em que a Juventus procurava instalar-se no meio-campo contrário e ficava desguarnecida defensivamente. Na retina fica a correria desenfreada desde o meio-campo defensivo que só foi travada por Alex Sandro na área de Buffon. Está talhado para altos voos e voltou a demonstrá-lo nesta terça-feira à noite.

O MOMENTO: golo de Higuaín, minuto 79

O golo de Bruno César permitiu que o Sporting fosse vice-líder do grupo durante quase uma hora. Aos 79 minutos, numa altura em que os leões já tinham o miolo do terreno reforçado por Palhinha (lançado para o lugar de Bruno César), Higuaín empatou num dos poucos lances em que a defesa do Sporting foi apanhada em desequilíbrio.

Leia a crónica do SPORTING-JUVENTUS, 1-1

OUTROS DESTAQUES:

Bruno Fernandes: foi mais ativo no processo de construção do que Bruno César e mais importante no preenchimento dos espaços no corredor central. Muito interventivo na primeira fase do jogo a distribuir e condicionar o jogo da Vecchia Signora. Esteve mais contido na segunda parte, período no qual teve de vestir o fato-macaco, mas quase serviu Bas Dost para o 2-0 com um cruzamento quase perfeito e ainda assustou Buffon num remate nos minutos finais.

Battaglia: depois de ter ajudado a «secar» o «extraterrestre» Lionel Messi neste mesmo palco há cerca de um mês, teve pela frente a difícil missão de travar outra das estrelas maiores do futebol europeu: Paulo Dybala, mas desta vez sem o auxílio precioso de William Carvalho, ausente por lesão. Autêntica sombra do argentino, foi com ele para todo o lado e raramente lhe deu palmo de terra para criar. Cansou só de o ver correr e, curiosamente, pareceu menos confortável com Palhinha ao lado.

Ristovski: depois de Marítimo e Oleiros (taças da Liga e de Portugal, respetivamente), eis o teste de fogo para o internacional macedónio, que rendeu o lesionado Piccini no onze. Soberbo defensivamente, ganhou vários lances em antecipação e não permitiu grandes espaços, primeiro a Mandzukic e depois a Douglas Costa. Saiu em dificuldades já no tempo de compensação. Os enormes aplausos que recebeu ratificaram uma exibição imaculada.

Cuadrado: o elemento mais desequilibrador da Juventus. Deu sempre muito trabalho a Jonathan Silva e foi nele que recaíram as maiores esperanças de uma equipa que sentiu dificuldades para criar perigo pelo corredor central e pelo flanco esquerdo. Sublime a forma como desmarcou Higuaín para o golo do empate.

Higuaín: depois de um arranque de época divorciado dos golos, o avançado argentino está a regressar aos poucos à sua melhor versão. Deu muito trabalho à dupla de centrais leonina: ganhou algumas batalhas, perdeu a maioria delas, mas ainda foi a tempo de resgatar um ponto importantíssimo que mantém a Vecchia Signora num lugar privilegiado rumos aos oitavos de final da Liga dos Campeões.