Se Jorge Jesus diz que o Sporting anda a fazer «xeque» aos reis na Liga, o regresso do Benfica à Liga dos Campeões foi um verdadeiro duelo de xadrez, modalidade que até tem na Rússia as suas maiores figuras.

Será injusto atribuir toda a responsabilidade de um jogo muito ponderado e fechado ao Zenit. O Benfica também arriscou com moderação, sabendo que ainda tem de ir a São Petersburgo. Mas a jogar fora, e no primeiro jogo oficial após dois meses de paragem, a equipa de André Villas-Boas apostou numa postura mais prudente, a espreitar o trunfo das transições rápidas.

Perante isto as oportunidades de golo tornaram-se raras e o nulo resistiu quase até ao fim. Só que Jonas não deve ter lá muita paciência para xadrez, e ao minuto 90 apareceu a dar uma preciosa vantagem ao Benfica na eliminatória.

Com um bloco muito coeso e o corredor central bem preenchido, o Zenit conseguiu condicionar a iniciativa do Benfica, espreitando aqui e ali o contra-ataque, mas sem grandes efeitos. Ao intervalo registavam-se apenas três remates. Dois deles para o Benfica, em lances onde apareceu algum espaço à entrada russa, mas com Pizzi a atirar à figura de Lodygin e o remate de Jonas a desviar em Lombaerts e a passar ligeiramente ao lado.

O Zenit só assustou na sequência de um livre direto de Hulk, que passou ao lado da barreira mas também da baliza de Júlio César.

Das memórias do clássico ao tento merecido

Na segunda parte o Benfica continuou à procura do golo de forma convicta mas também consciente, com Renato Sanches a tentar a sorte de longe logo nos primeiros minutos. O Zenit só incomodou Júlio César ao minuto 52, com uma dupla ocasião de Witsel, mas era naturalmente a equipa da casa a atacar mais, a insistir mais.

Quando Nico Gaitán viu Lodygin negar-lhe um golo que parecia inevitável, já na pequena área (69m), o Benfica mostrou que já merecia algo mais, mas ao mesmo tempo recuperava lembranças do clássico com o FC Porto.

Jardel também ficou perto do golo pouco depois, mas só ao minuto 90 é que tudo mudou. Criscito viu o segundo cartão amarelo por falta sobre André Almeida, e do livre de Gaitán nasce o golo de Jonas.

O Benfica marcou e carregou no botão do cronómetro. O jogo de xadrez está no intervalo, mas com uma preciosa vantagem portugues, até porque o Zenit sente-se bem mais confortável quando tem o resultado a seu gosto e pode ficar à espera das transições. Mas de qualquer forma está tudo em aberto para São Petersburgo, com várias baixas confirmadas de ambos os lados.