Jürgen Klopp, treinador do Liverpool, falou do Real Madrid, numa espécie de antevisão da final da Liga dos Campeões do próximo sábado, num discurso sem papas na língua, ao melhor estilo do treinador alemão que aponta os pontos fracos do adversário e recorda como anulou Cristiano Ronaldo quando, em 2013, o Borussia Dortmund goleou a equipa merengue por 4-1. O carismático treinador fala ainda da goleada ao FC Porto como o momento em que os olhos do mundo começaram a fixar-se em Anfield.

Uma conversa descontraída, com as perguntas a serem disparadas por Robbie Fowler, antigo jogador do Liverpool, numa iniciativa promovida pelo jornal Daily Mirror. Marcelo é um lateral muito ofensivo, é muito fácil vê-lo lá na frente a cruzar bolas para Ronaldo, mas também é muitas vezes apontado como o ponto mais fraco da defesa merengue. Klopp concorda, mas diz que não e bem assim. «Todos já viram isso, parece óbvio. O Marcelo é um grande jogador ofensivo…mas não defende. Eles ganharam a Champions duas vezes consecutivas e aqui estão, outra vez na final. O Bayern considerou que foi melhor nos dois jogos, mas quem foi melhor afinal? O Real Madrid precisa de quatro oportunidades para marcar duas vezes. O Bayern precisa de oito para marcar um. Têm mais experiência da cabeça aos pés. Não têm pontos fracos. O futebol não é tão linear que nos permita dizer que se o Marcelo sobre pela ala deixa espaço para Mo Salah, porque vai encontrar Sérgio ramos», comentou o treinador alemão.

Robbie Fowler recordou depois o tal jogo do Dortmund- Real Madrid em que Cristiano Ronaldo ficou sem bola. «O Mario Götze fez uma marcação cerrada a Xabi Alonso! Já sabíamos que quando o Alonso recebia uma boa e rodopiava, Ronaldo já estava a correr. Quando pusemos o Mario a marcá-lo nesse dia do 4-1 correu muito bem. Mas não é assim tão fácil fazer estas coisas frente ao Real Madrid porque eles são frios como o gelo», destacou.

Klopp considera que a frieza do Real Madrid, mesmo nas situações mais complicadas, deve-se ao facto da equipa ter noção que, mais tarde ou mais cedo, vai ter uma oportunidade para marcar. «Tens uma oportunidade contra eles e eles não abanam. Não lhes afeta. Já os viste entrar em pânico porque alguém lhes criou uma oportunidade? Eles pensam assim, os adversários têm uma oportunidade, mas isso passa, se nós tivermos uma, marcamos. Assim, quando tivermos uma oportunidade contra eles, temos de a aproveitar».

O Real Madrid é uma equipa habituada a ganhar, mas todas as equipas têm um ponto fraco. «Todos têm. Jogámos contra o Barcelona em Wembley, estivemos no top e ganhámos bem. Toda a gente diz que o Real Madrid teve sorte contra a Juventus e Bayern Munique, mas é a terceira vez consecutiva que estão na final, a quarta em cinco anos. A experiência que têm prepara-os para situações difíceis, por isso temos de lhes provocar problemas e tentar aproveitar as oportunidades», insistiu.

Fowler disse depois que o Liverpool só foi levado a sério depois da fase de grupos, nos jogos a eliminar. «Acho que foi a partir dos 5-0 ao FC Porto. Foi a primeira vez que as pessoas disseram o que se passa aqui? É que o FC Porto era uma grande equipa e nessa noite surpreendemo-nos a nós próprios. Não há forma de explicar isto. Logo a seguir foi o Manchester City. Para mim eram os grandes favoritos a ganhar a Liga dos Campeões este ano. Eram o número um», comentou.

Apesar de ter deixado o City pelo caminho, Klopp recusa agora assumir qualquer favoritismo para a final de sábado. «Somos um desses grandes clubes com uma equipa com uma qualidade futebolística muito grande. Ainda não ganhámos nada e de certeza que não somos favoritos, mas isso não significa que não queiramos ganhar. Só sei que para o podermos fazer temos de trabalhar e aproveitar muito bem o tempo antes da final», destacou ainda.